Parem de nos matar!

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Autoria: Parem de nos matar! e Clara Polycarpo.

O movimento[editar | editar código-fonte]

Autoria: Parem de nos matar!

O PdNM é um coletivo organizado de forma horizontal e não possui hierarquias. Sua atividade se iniciou como movimento de base e assim se mantém. Os membros do movimento tem autonomia para propor, participar e liderar ações e eventos que dizem respeito à missão do movimento, comunicando e convocando a todos. As comunicações para a sociedade, ou na mídia, são debatidas e definidas internamente em assembleias, na coordenação e no conselho. Quando isto não é possível, devido a uma urgência, qualquer membro do PdNM tem autonomia para falar em nome do movimento. As tarefas e atribuições são divididas igualmente entre todos. As instâncias decisórias e executivas do PdNM são uma coordenação (tiraria isso), uma coordenação executiva e um conselho consultivo e deliberativos. A coordenação é composta por 4 mulheres, 3 delas negras e 5 homens, todos negros ou pardos. Os 9 integrantes moram em favelas ou periferias. O conselho é composto por representações de 9 Coletivos: Enegrecer; Favelação; Politilaje; FAFERJ; Favela no Feminino; Movimento Moleque; Rede de Movimentos Contra a Violência e Militantes em Cena. E pessoas físicas, ativistas sociais, que atuam como conselheiras e colaboradoras (pode colocar no feminino pq se refere a pessoas). O papel das mulheres negras no movimento é especialmente importante, devido à presença ativa das mães e esposas de vítimas fatais da violência policial contra a população negra e favelada do Rio de Janeiro.

O ato[editar | editar código-fonte]

Autoria: Clara Polycarpo.
Cartaz do ato Parem de nos Matar!

O ato “Parem de nos Matar” aconteceu no dia 26 de maio de 2019, em Ipanema, com concentração no Posto 8 da praia.

Coordenado por moradores de favelas do Rio, com apoio de diversos movimentos sociais, o ato pretendeu ser um manifesto contra o massacre que ocorre nas favelas e áreas periféricas do estado, com ação da polícia nesses territórios, em horários indiscriminados, com “ordem de abate”, ações policiais de helicópteros e “autos de resistência” forjados.

A data do protesto tem um porquê: o dia 26 de maio é o primeiro domingo após completar 1 mês do assassinato do gari comunitário William dos Santos Mendonça, conhecido como Nera, no Vidigal. "Mesmo dizendo que era trabalhador e vestido com a roupa de gari atiraram pelas costas. Na mesma data fizemos uma  manifestação no Vidigal e fomos repreendidos pela polícia de forma brutal. Percebemos que não adianta fazer ato dentro da favela e resolvemos vir para o asfalto", explicou a professora Bárbara Nascimento, do coletivo Favela no Feminino e Politilaje. "Viemos mostrar nossos corpos negros e pedir, inclusive, o apoio de toda a sociedade e da classe média progressista, porque todas as vidam importam", acrescentou.

Dias antes da morte do gari Nera, o músico Evaldo Rosa dos Santos e o catador de papel Luciano Macedo foram executados pelo Exército depois de se tornarem alvo de 240 tiros em Guadalupe, zona oeste. Outro caso que motivou o ato foi a morte do estudante Lucas Brás de 17 anos, alvejado no Parque Royal, zona norte.

O ato foi sendo planejado desde o mês anterior e não tem qualquer relação com outras manifestações que possam vir a ocorrer na mesma data. “Em nada tem a ver com qualquer outro ato que possa ser marcado na mesma data”, diz Barbara Nascimento, porta-voz do ato. “É um ato a favor de nossa vidas, é para que parem de nos matar, parem de matar a juventude negra favelada, parem as incursões em horários escolares, parem de entrar em nossas casas sem mandato, parem de criminalizar nossa existência”.

O objetivo é que favela e asfalto se unam em um só grito. “Pelo fim do genocídio do povo das favelas”. Os dados são preocupantes. Nos primeiros meses de 2019, mais de 400 pessoas foram mortas pela polícia e exército.

"É muito forte dizer "parem de nos matar". A gente não quer mais uma política de segurança que não garante segurança e que viola uma série de direitos. Pedimos o fim desse genocídio, dessa barbárie porque no Estado Democrático de Direito isso não é aceitável", disse a moradora da Maré, Shyrlei Rosendo, do Redes da Maré.

Ainda de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), 4 mortes por dia foram ocasionadas pela intervenção policial no primeiro trimestre de 2019, o que representa aumento de 18% em relação ao ano anterior. 

"Não é mais possível conviver com incursões da Polícia Militar dentro das favelas, que chegam atirando, metendo o pé na porta e matando a nossa população. É uma tal de bala perdida o tempo todo. Todos os dias nós acordamos com óbitos dentro das favelas", protestou Fátima Monteiro, coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado (MNU).

Militantes do Levante Popular da Juventude realizaram uma intervenção para denunciar o silenciamento das juventudes negras das periferias. "Viemos de luto, todos de preto e amordaçados representando o silenciamento das vidas negras. Amarrados para mostrar o quanto nós somos limitados nessa sociedade, do quanto a falta de opções, de escolha e de direitos nos amarram a condições de vidas, muitas vezes, deprimentes", explicou Louise Lagoeiro, estudante da Universidade Federal Fluminense (UFF).

A manifestação também contou com apresentações artísticas de MC Leonardo, Filhas de Gandhi, de alunos da Biblioteca Parque, Slam da Poesia, Coletivo Favela Tem Voz, entre outros. Parlamentares também marcaram presença no atividade, como as deputadas federais Benedita da Silva (PT-RJ) e Jandira Feghali (PC do B), a deputada estadual Renata Souza (Psol-RJ) e o vereador Eduardo Suplicy (PT-SP). 

Entre os organizadores do evento estiveram a Associação de moradores do Vidigal, o Movimento popular de favelas. Nós do Morro, Bando Cultural Favelados da Rocinha, Associação de Moradores da Rocinha, Redes da Maré, Nosso Jardim, Movimento Negro Unificado, Rede de Mães e Familiares da Baixada, Favela não se cala, Frente de Juristas Negras e Negros do Estado do Rio de Janeiro, UNEGRO – União de negras e negros por igualdade, Mães e Familiares Vítimas de Violência do Estado, além de muitos outros movimentos sociais.

“Nossos mortos tem voz”, dizem eles.

“Parem de nos matar!”

Organizadores do ato[editar | editar código-fonte]

Associação de moradores do Vidigal
Politilaje
Favela no Feminino
Coletivo Jararaca RJ
Movimento popular de favelas
Movimento Moleque
B’nai B’rith
Redes da Maré
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro
Coletivo Juntos pela Paz
Nós do Morro
Bando Cultural Favelados da Rocinha
Associação de Moradores da Rocinha
Mães e Familiares Vítimas de Violência do Estado
Rede de Comunidades
Movimentos Contra a Violência
Rede de Mães e Familiares da Baixada
Levante Popular da Juventude
Favelação
Funperj
MTST
Fórum de Educação de Jovens e Adultos
Comissão Popular da Verdade
Movimento Negro Unificado
Favela não se cala
Frente Brasil Popular
Radio Estilo Livre Vidigal
Frente de Juristas Negras e Negros do Estado do Rio de Janeiro
Frente Democrática da Advocacia
UNEGRO – União de negras e negros por igualdade
Movimento Nosso Jardim
Coletivo União Comunitária
Ser Consciente
Frente Favela Brasil
Militantes em Cena
Frente Povo Sem Medo
Quilombo Raça e Classe
Torcedores pela Democracia
FAFERJ
FAM-RIO
Conselho Popular
MST
Grupo de Resistência Bando Cultural Favelados
ASA – Associação Scholem Aleichem.
RioOnWatch
Movimento dos Atingidos por Barragens    

Fontes[editar | editar código-fonte]

https://jornalistaslivres.org/parem-de-nos-matar/

 https://www.brasildefato.com.br/2019/05/26/parem-de-nos-matar-aumento-da-violencia-policial-motiva-protesto-no-rio-de-janeiro/

Ver também[editar | editar código-fonte]