Rede de Mães e Familiares da Baixada Fluminense

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Autora do verbete: Thaís Cruz

Rede de Mães e Familiares da Baixada Fluminense.jpg

Sobre[editar | editar código-fonte]

Em 31 de março de 2005, um grupo de policiais militares, aparentemente descontentes com Paulo César Lopes, novo comandante do 15º Batalhão de Polícia Militar de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que havia afastado cerca de 60 PMs por desvio de conduta, resolveu praticar uma espécie de vingança através do terror. Circulando de carro noite e madrugada adentro por municípios como Nova Iguaçu e Queimados, o grupo deixou um rastro de sangue infame, com 29 assassinatos — acontecia a chamada “Chacina da Baixada”, a maior chacina ocorrida na história recente do estado do Rio de Janeiro. As vítimas parecem ter sido escolhidas a esmo, e dos 11 policiais denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, apenas cinco foram condenados, quatro deles por homicídio e um por formação de quadrilha.

A Chacina da Baixada estimulou a criação da Rede de Mães e Familiares Vítimas da Violência de Estado na Baixada Fluminense. A organização fluminense busca fornecer auxílio psicológico e jurídico para famílias que tenha sido atingidas por esse tipo de violência; promove a visitação de mães e familiares de vítimas em comunidades periféricas da região; mobilização e articulação de atos públicos pelo direito à memória e justiça e a realização de debates e rodas de conversa.

Fonte: Amauri Gonzo (2022)

“Nossos filhos têm mães!”: a violência de Estado na Baixada Fluminense[editar | editar código-fonte]

"Este trabalho explora as relações entre território, dor, sofrimento e parentesco manejadas pelas mães e familiares de vítimas de violência do Estado na Baixada Fluminense. Debruçada sobre o tema da violência praticada por agentes do Estado, que compreende policiais militares e também grupos de extermínio e milícias, analiso as mobilizações de mulheres familiares das vítimas. As mães Luciene Silva, Nivia Raposo, Ilsimar de Jesus, Elisabete Farias, Maria e Rozinete Santana e a irmã Silvania Azevedo, integrantes da Rede de Mães e Familiares de Vítimas de Violência do Estado na Baixada Fluminense, são as principais interlocutoras desta pesquisa. Através de atos protagonizados pela Rede que foram acompanhados em 2019 e de entrevistas virtuais concedidas por essas mulheres no fim de 2020 e início de 2021, percebo categorias centrais para um estudo acerca dessas agências femininas que seguem um evento crítico. Desse modo, trabalhei a especificidade da atuação do coletivo de mães e familiares no território da Baixada Fluminense, que além de ser historicamente associado ao estigma da criminalidade, convive com a exaltação de grupos poderosos responsáveis pelo assassinato, em massa, de jovens negros. Em seguida, ao colocar o gênero enquanto elemento central, examino a conexão entre emoções, luto e maternidade na luta por justiça e memória dos mortos. Além disso, também considero os encerramentos nas trajetórias das mães após a morte de um filho e o modo de como suas vidas e seus corpos são afetados pelo sofrimento. Encerro esta dissertação com um estudo sobre o lugar do parentesco na ausência de filhos e familiares vitimados pelo Estado e o exercício da maternidade em territórios periféricos. Também me interesso em conhecer os meios que as mães têm em se relacionar com um filho que não existe mais em um sentido físico. Dessa maneira, meu trabalho versa sobre categorias que contribuem com estudos sobre o tema, de modo que acrescente percepções sobre a Baixada Fluminense, as dinâmicas individuais e coletivas ante o luto, a manutenção e as transformações na rede de parentesco."

Leia o livro aqui.

Fonte: Sinopse do livro.

Contato[editar | editar código-fonte]

Facebook: Rede de Mães e Familiares da Baixada Fluminense

Referências[editar | editar código-fonte]

GONZO, Amauri (2022). Mães que perderam filhos para violência no RJ criam rede de apoio. Disponível em https://www.terra.com.br/comunidade/visao-do-corre/pega-a-visao/maes-que-perderam-filhos-para-violencia-no-rj-criam-rede-de-apoio,134681d3b9705e1447f4d478d1a7b95e71mmtoio.html