Terreirão

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Terreirão.jpg

O Terreirão (Canal das Tachas), no Recreio dos Bandeirantes, surgiu nos anos 1940 como uma comunidade agrícola. Atualmente possui cerca de 80 mil moradores, considerada a maior favela do bairro, dividida em quatro aglomerados principais. O local é um importante polo comercial no Recreio, com mais de 800 lojas na Rua do Arquiteto, e possui outros projetos culturais.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

História[editar | editar código-fonte]

Originalmente uma área de mata, o Terreirão começou a se desenvolver na década de 1940, como uma comunidade agrícola, quando pescadores se estabeleceram no local.[1]

A formação do Terreirão (Canal das Tachas) está diretamente ligada à migração de trabalhadores – principalmente do Espírito Santo e Minas Gerais – atraídos pelas oportunidades na construção civil que surgiram com a urbanização do Recreio dos Bandeirantes. No entanto, sua ocupação também está relacionada ao loteamento irregular da região, que remonta às primeiras décadas do século XX.

Na década de 1920, Joseph Weslley Finch adquiriu uma das glebas loteadas pelo Banco de Crédito Móvel na região. Finch promoveu a venda de terrenos, atraindo principalmente compradores de São Paulo, mas o desenvolvimento urbano foi desordenado: ruas ficaram inacabadas, e a infraestrutura básica não foi totalmente implementada. A partir de 1971, trabalhadores vindos do Espírito Santo e Minas Gerais começaram a ocupar a área. A ocupação se consolidou principalmente a partir do limite com Morro do Rangel (Data.RIO-Sabren)[2]

Com o tempo, o crescimento do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, impulsionou a expansão do local, que hoje abriga cerca de 80 mil moradores, considerada a maior favela do bairro.[1]

A urbanização (anos 70–90), como Favela-Bairro, permitiu algumas mudanças infraestruturais (água, luz) e socioeconômicas, como a substituição da agricultura pelo comércio e construção civil.[3]

Dados do território[editar | editar código-fonte]

Perfil demográfico[editar | editar código-fonte]

Ano População Domicílios Fonte
2000 1.458 421 IBGE - Censo Demografico 2000
2010 4.562 1.545 IBGE - Censo Demográfico 2010
2022 5.672 2.702 IPP com base em IBGE - Censo Demográfico 2022

Identificação[editar | editar código-fonte]

  • Nome: Canal das Tachas
  • Código no SABREN: 367
  • Data de Cadastramento: 25/09/1988
  • Acesso Principal: Avenida das Américas
  • Bairro: Recreio dos Bandeirantes
  • Região Administrativa: Barra da Tijuca
  • Região de Planejamento: Barra da Tijuca
  • Área de Planejamento: 4
  • Identificação alternativa: Lagoinha e Terreirão
  • Situação: Em complexo
  • Complexo: Canal das Tachas
  • Porte: > 500 domicílios
  • Grau de Urbanização: Assentamento parcialmente urbanizado
  • Programa de Urbanização: Favela Bairro[2]

Perfio socioeconômico[editar | editar código-fonte]

Um estudo realizado no Terreirão (CARVALHO; SANTOS; ROLA; BARBOSA, 2023) identificou quatro principais aglomerados residenciais:

  • Canal das Taxas (2.311 domicílios)
  • Parque Chico Mendes (1.405 domicílios)
  • Vila Amizade (526 domicílios)
  • Rua 8W 500 (150 domicílios)

Características dos Entrevistados:

  • Gênero: Predomínio feminino (55,32%)
  • Faixa etária: Maior concentração entre 30 e 40 anos (36,7%)
  • Escolaridade: Ensino Médio completo (27,66%)
  • Renda familiar:
    • 1 salário mínimo (34,4%)
    • 1 a 3 salários mínimos (37,23%)
  • Programas sociais: 20,21% recebiam auxílio emergencial (ou similar)
  • Emprego: Cerca de 18% estavam desempregados no período da pesquisa

Estes dados revelam um perfil populacional com predominância de adultos jovens, escolaridade básica e renda familiar limitada, com parte dos residentes dependendo de programas de transferência de renda. A pesquisa destaca os desafios socioeconômicos na região, mesmo em uma área de intensa atividade comercial como o Terreirão.[4]

Polo comercial[editar | editar código-fonte]

Localizado no Recreio dos Bandeirantes, o Terreirão é um grande centro de comércio popular do Rio de Janeiro. A região ganhou o apelido de "Novo Saara" em algumas reportagens, em razão da variedade de lojas e movimentação popular, que parece o mercado do Saara, no Centro do Rio de Janeiro. Com mais de 800 estabelecimentos, o local atrai desde moradores do bairro até visitantes de outras zonas do Rio.

O comércio se concentra principalmente na Rua do Arquiteto e nas vias próximas. Lá, é possível encontrar itens de moda, acessórios, artigos para festas e decoração, brinquedos, salões de beleza e barbearias, mercadinhos e barracas de frutos do mar. A Rua do Arquiteto funciona 24 horas, com lojas, lanchonetes e pequenos restaurantes sempre abertos.[1]

Comida de rua no Terreirão[editar | editar código-fonte]

Como chegar[editar | editar código-fonte]

Para quem está na Barra da Tijuca ou em outras regiões do Rio, é fácil chegar ao Terreirão:

  • Ônibus: Linhas como BRT 10, 12, 13, 25A, 11N, 614, 692, 693, 553 e INT8 partem do Terminal Alvorada.

Roda Cultural do Terreirão[editar | editar código-fonte]

Nas noites de sábado, a Praça do Futuro, no Terreirão, acontece a Roda Cultural do Terreirão, projeto idealizado pela ONG Onda Carioca e pelo coletivo Terreirão Comunidade.

Na roda, acontecem batalhas de rap infantis e adultas, onde jovens se inscrevem no local e duelam com rimas improvisadas, tendo o público como juiz. Os vencedores ganham prêmios como mochilas produzidas pelo projeto "Costurando" da Onda Carioca. Também ocorrem shows de DJs e artistas locais

A Roda Cultural gerou uma rede de iniciativas na Praça do Futuro, incluindo oficinas de grafite e aulas de boxe, horta comunitária em parceria com o Sebrae, e projeto de costura para capacitação de moradores.[5]

Mapa[editar | editar código-fonte]

 


Ver também[editar | editar código-fonte]

Roda Cultural do Terreirão

Cartilha das Rodas Culturais

Teia de Solidariedade da Zona Oeste

União Coletiva pela Zona Oeste

  1. 1,0 1,1 1,2 BONETTO, Amanda. Terreirão no Recreio dos Bandeirantes, o novo Saara do Rio. In: Na Barra da Tijuca. Disponível em: https://nabarradatijuca.com.br/terreirao-no-recreio-dos-bandeirantes/. Acesso em: 04 abr. 2025.
  2. 2,0 2,1 Instituto Pereira Passos. Favela Busca. Disponível em: https://sabren-pcrj.hub.arcgis.com/pages/favelabusca. Acesso em: 24 mar. 2025.
  3. COSTA, Marcelo Henrique da. História dos Antigos: Memórias de Moradores do Terreirão. Polêm!ca, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, p. 23-44, 2014. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/polemica/article/view/14264/10789. Acesso em: 04 abr. 2025.
  4. CARVALHO, Emmanuel Pereira de; SANTOS, Ednaldo Oliveira dos; ROLA, Sylvia Meimaridou; BARBOSA, Celso Guimarães. Desigualdade e vulnerabilidade na comunidade do Terreirão na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Revista Continentes, Seropédica, v. 11, n. 23, 2023.
  5. KATERINE, Brenda; MOURA, Mayara de. Roda Cultural do Terreirão: os jovens e o rap. Agência UVA, Rio de Janeiro, 15 jul. 2016. Disponível em: https://agenciauva.net/2016/07/15/roda-cultural-do-terreirao-os-jovens-e-o-rap/. Acesso em: 04 abr. 2025.