Morro do Timbau

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

O Morro do Timbau, nome de origem tupi que significa "entre as águas", começou a ser ocupado nos anos 1940 quando Orosina Vieira construiu o primeiro barraco no local. A favela, situada no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, cresceu após a construção da Avenida Brasil, mas sofreu controle militar, que restringia construções e cobrava taxas. A organização dos moradores trouxe melhorias como água e luz.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Reprodução: Museu da Maré

História[editar | editar código-fonte]

Morro do Timbau. Foto: Francisco César

O Morro do Timbau, cujo nome tem origem no tupi thybau ("entre as águas"), era originalmente uma região árida cercada por manguezais e áreas alagadas próximas à Baía de Guanabara. Sua ocupação começou com a chegada de Orosina Vieira, reconhecida como a pioneira do local. Segundo seu relato, ela se encantou pelo lugar tranquilo e desabitado durante um passeio de fim de semana na Praia de Inhaúma. Utilizando madeiras que encontrou na praia, ela marcou um terreno no morro e, junto com seu marido, ergueu um pequeno barraco—a primeira moradia da região.

Nove ilhas que compunham a região, Pinheiro, Sapucaia, Bom Jesus, das Cabras, Pindaís, Baiacu, Catalão, do Governador e Fundão, apenas as duas últimas resistem. Na primeira localiza-se o Aeroporto Internacional do Rio; na segunda, a Cidade Universitária.[1]

O crescimento do povoado ganhou força após a construção da Avenida Brasil em meados dos anos 1940. Em 1947, com a transferência do 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC), atual CPOR do Exército Brasileiro, para as redondezas, os militares passaram a fiscalizar rigorosamente a área, que pertencia ao governo federal. Os residentes tinham seu acesso monitorado e eram obrigados a pagar uma taxa para permanecer no local. Além disso, as construções eram restritas: não era permitido erguer casas de alvenaria ou com telhas, sob risco de demolição. Qualquer iniciativa para melhorar a infraestrutura básica também era impedida.

Essas restrições levaram os moradores a se unirem, resultando na criação, em 1954, de uma das primeiras associações de favela do Rio de Janeiro. Com o tempo, a mobilização coletiva trouxe avanços, como a instalação de água encanada, energia elétrica, rede de esgoto, pavimentação e serviço de coleta de resíduos. O Projeto Rio, um plano federal de urbanização, na década de 1980 promoveu aterros, eliminou as palafitas e regularizou a posse da terra.

Típica de uma área de encosta, a região possui um desenho urbano irregular, com ruas sinuosas que seguem as elevações do terreno e diversos becos sem saída. A ocupação é menos densa que em outras favelas, reflexo do rígido controle militar nos primeiros anos.[2]

Dados do território[editar | editar código-fonte]

Identificação[editar | editar código-fonte]

  • Nome: Timbau
  • Código no SABREN: 108
  • Data de Cadastramento: 10/01/1986
  • Acesso Principal: Avenida Brasil
  • Complemento: BONSUCESSO-MARÉ
  • Bairro: Maré
  • Região Administrativa: Complexo da Maré
  • Região de Planejamento: Ramos
  • Área de Planejamento: 3

Urbanização[editar | editar código-fonte]

  • Situação: Em complexo
  • Complexo: Maré
  • Porte: > 500 domicílios
  • Grau de Urbanização: Assentamento urbanizado
  • Programa de Urbanização: Projeto Rio

População e domicílios[editar | editar código-fonte]

Timbau
Ano População Domicílios Fonte
2000 5.885 1.760 IBGE - Censo Demografico 2000
2010 5.916 1.964 IBGE - Censo Demográfico 2010
2022 4.487 2.387 IPP com base em IBGE - Censo Demográfico 2022

Museu da Maré[editar | editar código-fonte]

Inaugurado em 2006 como Ponto de Cultura pelo Programa Cultura Viva (MinC), o Museu da Maré foi idealizado pelo CEASM (Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré), ONG fundada em 1997. Localizado na Avenida Guilherme Maxwell, 26, no Morro do Timbau (Maré), o museu funciona de segunda a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados, das 10h às 14h.

Com um acervo de 3.200 itens, o espaço preserva a história local por meio de documentos, fotos, peças teatrais e a Biblioteca Marielle Franco. Destaques incluem uma casa de palafita em tamanho real, símbolo da ocupação territorial, e o Arquivo Dona Orosina Vieira, homenagem à pioneira do Morro do Timbau.

Surgido de um projeto do CEASM e da Rede Memória da Maré (que reuniu depoimentos e registros do território), o museu firmou parcerias como a Unirio e realizou exposições em espaços como o Museu da República. Com apoio do IPHAN e do Ministério da Cultura, foi oficializado em 8 de maio de 2006, com a presença do ministro Gilberto Gil. Hoje, promove oficinas, exposições itinerantes e atividades culturais, fortalecendo a identidade mareense.[3]

Contato:

📞 (21) 3868-6748 | ✉ contato@museudamare.org.br | 🌐 www.museudamare.org.br

Galeria Museu da Maré[editar | editar código-fonte]

Memória e identidade dos moradores do Morro do Timbau e do Parque Proletário da Maré[editar | editar código-fonte]

Mapa[editar | editar código-fonte]

 

Depoimento de Gizele Martins[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas e referências

  1. O ECO. História nas marés da Guanabara. Disponível em: https://oeco.org.br/reportagens/22968-historia-nas-mares-da-guanabara/. Acesso em: 29 mar. 2025.
  2. WIKIPÉDIA. Maré (bairro). Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mar%C3%A9_(bairro)#1940:_Comunidade_Morro_do_Timbau. Acesso em: 29 mar. 2025.
  3. MARÉ ONLINE. Museu da Maré completa 17 anos de memória, cultura e arte favelada. Disponível em: https://mareonline.com.br/museu-da-mare-completa-17-anos-de-memoria-cultura-e-arte-favelada/. Acesso em: 29 mar. 2025.