Agenda Marielle Franco

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Revisão de 17h26min de 28 de agosto de 2024 por Gabriel (discussão | contribs) (→‎Agenda 2024)

A Agenda Marielle Franco é um conjunto de práticas e compromissos políticos antirracistas, feministas, LGBTQIAPN+, periféricas e populares, inspiradas no legado de Marielle, para serem implementadas pelo poder público. Na construção da agenda participam coletivos, movimentos sociais e organizações da sociedade civil.

Autoria: Instituto Marielle Franco[1].
Agenda Marielle Franco 2024.

Práticas

Uma das premissas da Agenda Marielle Franco é que o fazer político vai além da proposição de projetos de lei. Por isso, sistematizamos uma série de práticas políticas a partir da atuação de Marielle. É fazer Marielle.

  1. Diversificar talentos e cores, não burocratizar: Mulheres negras, pessoas trabalhadoras do mercado informal, moradoras de favelas e periferias, trabalhadoras rurais, a população LGB- TQIAPN+, dentre outros grupos, há anos constroem e implementam soluções para seus problemas capazes de mudar a realidade de suas vidas e suas comunidades. Os espaços legislativos devem funcionar como potencializadores e amplificadores das lutas de movimentos sociais. Afinal, quem deve dizer como transformar uma realidade, se não quem a vive diretamente todos os dias?
  2. Ampliar as alianças, não se isolar: Órgãos públicos de atendimento à população são fundamentais para efetivar nossos direitos, bem como para ajudar a fiscalizar, implementar e fazer valer políticas públicas dos municípios. Organizações sem fins lucrativos e instituições do terceiro setor que atuem na garantia de direitos sociais, econômicos e culturais, bem como na justiça racial também devem ser lidas como parceiros em potencial na atividade legislativa.
  3. Resgatar a memória, não apagar:As populações negras, quilombolas e indígenas, são o resultado de centenas de anos de esforços das suas ancestrais na luta por sobrevivência e por uma vida digna, elas sempre lideraram as disputas por condições de vida melhores e sempre nos mostraram novas formas de pensar o futuro. O reconhecimento e não apagamento daquelas que vieram antes de nós e que hoje, são referências na construção e implementação de modelos de mudança social, é um fator importante na construção de uma nova identidade política comum.
  4. Coletivizar os objetivos, não se apropriar: O trabalho na política possui um foco coletivo. A coletividade não se manifesta apenas pelo fato de que os benefícios das conquistas políticas atingem toda a população de um município, mas principalmente pela forma como as políticas públicas são construídas, direta ou indiretamente. O benefício de uma política, portanto, não deve ser restrito a um grupo social, ou a um grupo de eleitores, mas a toda população. Ao propor projetos ou pau- tar políticas públicas, é importante que o diálogo seja plural. Nesse sentido, características como respeito, senso de coletividade, disponibilidade para escuta e humildade são essenciais para construir políticas que atendam ao máximo de pessoas possíveis.
  5. Puxar quem quer vir, não soltar: Para ativistas e lideranças locais, a entrada na política institucional pode ser um processo violento. Se você faz parte de algum ou alguns segmentos vulnerabilizados, esse processo é ainda mais complexo e doloroso, ainda mais porque, mesmo em partidos políticos progressistas, é possível que você não encontre o acolhimento que espera e necessita nessa jornada. Por isso, ao longo de todas essas práticas, destacamos a importância de novos/ as legisladores/as se esforçarem para buscar em movimentos sociais e ativistas o olhar, cuidado e experiência que necessita para de fato empreender mudanças em seu município, sem que essas sejam em detrimento da sua segurança e saúde.
  6. Cuidar do coletivo, não abandonar: O cuidado coletivo deve estar no centro de nossas ações políticas. O ativismo em defesa dos direitos humanos e de pessoas vulnerabilizadas é um trabalho árduo e arriscado, muitas formas de violência política podem acontecer nesses espaços permeados por tensões e conflitos. O assédio entre pares, a estafa física e a própria carga psicológica de lidar com temas delicados são alguns exemplos que se reproduzem facilmente. Por essa razão, pensar em práticas de cuidado coletivo junto a quem constroi política diariamente ao seu lado é fundamental. Nossa construção política não pode estar acima de nossa saúde física e mental.
  7. Abrir as portas e janelas, não se encastelar: As campanhas e mandatos que construímos precisam ter janelas e portas abertas para quem quiser se aproximar, entrar e participar de alguma forma. Precisamos dar o exemplo prestando contas do nosso trabalho, prezando pela transparência no uso do dinheiro público, criando ferramentas de participação para a população, para os movimentos e coletivos ajudarem a priorizar e participar ativamente nas nossas construções políticas.Nosso objetivo ao entrar nos palácios do poder deve ser derrubar os muros e grades que afastam a população dos espaços de decisão. Não podemos nos acomodar com essas estruturas, afastando os pés do chão e nos encastelando distantes da população.

Agenda 2024

Edições passadas

Ver também

  1. Informações retiradas do site oficial da agenda 2024.