Cerro Corá

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Cerro Corá é uma pequena favela localizada no topo do bairro do Cosme Velho na Zona Sul do Rio de Janeiro, abaixo do morro do Corcovado. Em 2010 o censo registrou na localidade 708 pessoas e 200 moradias.

Vista aérea do Cerro Corá.
Vista aérea do Cerro Corá.
Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de fontes secundárias.

História

O Cerro-Corá teve três momentos distintos de ocupação: a primeira iniciou-se por volta de 1903, sendo a área denominada "nobre" pelos moradores, os quais, afirmam possuir a escritura do lote. Na década de 1930, a ocupação do local se deu próximo a atual Associação de Moradores, e em seguida, ao longo dos anos 1940, a invasão ocorreu no terreno pertencente ao Ministério da Fazenda. Durante essa época, a área era chamada de “Pau da Bandeira”, sendo em 1966, com a inauguração da Associação dos Moradores, denominada de Cerro-Corá[1].

Antigamente, nos anos 80 e início dos anos 90, as casas no Cerro Corá eram de estuque, feitas de barro e madeira. Nessa fotografia, podemos ver uma jovem com sorriso no rosto olhando através de sua janela (Memórias Cerro Corá)

Conhecendo melhor seu passado, membros do Moradores em Movimento descobriram que durante o século 19, Cerro Corá havia sido uma fazenda administrada por antigos escravos que ainda trabalhavam sem pagamento e viviam nos locais das senzalas. Em 1909, as fazendas foram demolidas e a madeira foi usada para construir casas para vários daqueles trabalhadores afro-brasileiros e suas famílias. Compartilhar essa história significava afirmar a negritude e a escravidão africana nas raízes da comunidade[2].

Dona Laura (Dadá) Moradora do Cerro Corá, faleceu em 2007, provavelmente aos 92 anos (Memórias Cerro Corá).

A maior parte da estrutura do Cerró Corá foi formada depois de 1964, quando trabalhadores vieram construir o Túnel Rebouças, uma das principais vias de tráfego do Rio, que passa diretamente embaixo da favela. Durante esse período, uma igreja católica local comprou as terras da região, o que permitiu que até hoje muitos moradores tenham a propriedade de suas casas. Isso foi feito para proteger o Cerro Corá da onda de remoções que ameaçavam as favelas durante a ditadura.

Obras do Túnel Rebolças.

População e domicílio

Ano[3] População Domicílio Fonte
2000 1.012 258 IBGE - Censo Demografico 2000 
2010 708 200 IBGE - Censo Demográfico 2010 
2022 680 244 IPP com base em IBGE - Censo Demográfico 2022
Densidade 2022 (pop/dom): 2,79

Área ocupada

VARIAÇÃO DA ÁREA OCUPADA - Cerro-Corá.

Tour pela comunidade

Abaixo um tour pela comunidade Cerro Corá e Guararapes:

Instituições

Cerro Corá Moradores em Movimento

Cerro Corá Moradores em Movimento.

Cerro Corá Moradores Em Movimento é um grupo formado por moradores (a) e amigos e amigas que pensa na organização dos moradores. Em 2013, eles começaram um projeto de museu chamado Memórias do Cerro Corá seguindo uma tendência em favelas do Rio. Em 2014, o grupo ocupou a Associação de Moradores, que estava fora de funcionamento, e construíram e fundaram uma biblioteca comunitária no local. Em 2016, foi criado o Pré-Vestibular Popular Cerro Corá.

Memórias do Cerro Corá

O projeto foi criado em 2013 pelos próprios moradores, com o objetivo de planejar ações, mostras e exposições que visam a valorização da cultura e memórias dos moradores do território. Conforme a tradição da ‘nova’ museologia ou museologia ‘social’, o museu do grupo, “Memórias do Cerro Corá”, não possui estrutura física com exibições fixas. Em vez disso, ela toma a forma de diferentes ações de pesquisa histórica, valorização e compartilhamento.

Pré-Vestibular Popular Cerro Corá

O Pré-Vestibular Popular Cerro Corá foi criado em 2016. Os professores do curso são voluntários, alguns do Moradores em Movimento e outros vindos de fora da comunidade. Para pagar a taxa de inscrição das provas, o grupo utiliza uma variedade de técnicas de arrecadação de fundos.

Cooperativa Anfitriões do Parque

A Cooperativa Anfitriões do Parque foi criada em 2024 com o objetivo de organizar os moradores das favelas do Guararapes e Cerro Corá como anfitriões no turismo local[4]. Os moradores são os responsáveis por serem os guias turísticos, além de serem os coordenadores do próprio negócio. Desde 2010, o projeto recebe o apoio do Parque Nacional da Tijuca, através do Consórcio Paineiras Corcovado e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Com a formalização do trabalho da cooperativa, os guias são os protagonistas das rotas de turismo dentro da sua comunidade, assegurando que a perspectiva dos moradores dessas duas favelas seja protagonista na relação com a área protegida.

Ver também

Notas e referências

  1. Fonte: SABREN.
  2. Fonte: Rio On Watch.
  3. Os dados foram obtidos a partir da compatibilização entre os polígonos que configuram a área ocupada pelas favelas delimitadas pelo IPP e os respectivos setores censitários do IBGE. Cabe ressaltar que os valores aqui apresentados foram ESTIMADOS com base nos dados PRELIMINARES divulgados por setor censitário pelo IBGE em março de 2024 e a qualquer momento PODEM SER REVISTOS E ALTERADOS, uma vez que em novembro de 2024 o IBGE divulgou uma nova malha censitária. Os dados revistos e disponibilizados como finais pelo IBGE incluem a identificação de Favelas e Comunidades Urbanas, que, na maioria dos casos, têm limites que diferem daqueles definidos pelo IPP. Assim, a metodologia adotada buscou a replicação dos resultados por setor censitário quando estes estão localizados inteiramente no interior das favelas. Quando os setores estão em parte relacionados às favelas IPP, utilizou-se a geração da estimativa de população e domicílios através da ferramenta de Estatística Zonal para esta parte, somando estes resultados aos setores anteriormente citados para cada favela.
  4. Fonte: O Eco.