Psicologia Favelada (livro): mudanças entre as edições
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*[[Construindo Pontes - Uma investigação sobre saúde mental, violência, cultura e resiliência na Maré (pesquisa)]] | *[[Construindo Pontes - Uma investigação sobre saúde mental, violência, cultura e resiliência na Maré (pesquisa)]] | ||
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Edição das 17h53min de 22 de setembro de 2023
O livro Psicologia Favelada - ensaios sobre a construção de uma perspectiva popular em Psicologia é um livro escrito pela Psicóloga e Professora Mariana Alves Gonçalves e lançado pela Mórula Editorial.
Autoria: Mariana Alves Gonçalves
Biografia da autora
Mariana é Doutora em Psicologia pela UFRJ, com uma trajetória marcada pela inquietação com a Psicologia e suas inserções pelas questões comunitárias e sociais. Atualmente é pesquisadora e professora universitária e continua na luta por outras psicologias possíveis. Psicologia Favelada foi lançado em 2019 no Brasil, com revisão de Marília Gonçalves e conta com 252 páginas.
Sobre o livro
As reflexões propostas no livro não fornecem um arsenal teórico psicológico dirigido para a favela tal como foi outrora dirigido para a doença mental, para os problemas do trabalho ou da educação. É a própria objetividade psicológica que é questionada. Diferentemente, um movimento primordial anima este texto, um movimento que opera uma inversão de perspectiva. E o faz de maneira provocativa: em lugar de produzir uma psicologia da favela, proclama a produção de uma psicologia favelada.
Mariana narra como seu percurso na formação em Psicologia, aliada tanto à pesquisa como ao trabalho no território, a levou a identificar que alguns pressupostos difundidos entre as teorias psicológicas e difusamente presentes nas aulas dos curso de graduação se articulam com certa perspectiva elitista e produzem em seu desdobramento profissionalizante uma elite intelectual e profissional cujas ações precisavam ser analisadas para que esta inversão fosse produzida.
Três caminhos foram explorados neste livro. O primeiro se vale da inversão mencionada para analisar o plano da formação, da ordenação conceitual e do exercício da profissão. A análise dos projetos comunitários da psicologia, de sua história e de seus investimentos delineia um cenário de amplas capturas e algumas insurgências. Se o projeto “comunitário” parece ao leitor desavisado ou ao estudante ávido de participação social a garantia de uma ação humanizante da psicologia, descobrimos capturas conceituais sobre o termo comunidade que mantém o especialismo e o individualismo. Descobrimos algumas lutas pelo domínio acadêmico da, assim chamada, etiqueta “Psicologia comunitária”. As análises sobre o projeto comunitário, sobre a noção de comunidade, sobre a prática profissional voltada à transformação social e sobre a própria Psicologia Comunitária nos mostram onde encontrar a luta que importa.
Propor uma psicologia favelada emana certamente de experiências da autora em favelas no Rio de Janeiro. O próprio termo “favela” necessita, entrementes, ser detalhado. Suas histórias, seus narradores, as elaborações conceituais em torno da “favela” revelaram não apenas um pouco mais das favelas mas também o lugar de verdade em que se situa frequentemente o discurso acadêmico e as ações do Estado. Falar sobre a favela exige também ouvir a favela, exige mais uma volta do parafuso, isto é, exige falar com a favela. Inversão metodológica, a favela não constitui objeto de investigação, mas a referência da perspectiva, o ponto problematizador da psicologia. Além disso, as narrativas dos processos de lutas e resistências ali presentes fortalecem o protagonismo da favela, destituem os discursos que concebem as favelas essencialmente como lugar da falta e da violência.
As experiências da autora em favelas materializam a difícil tarefa de atuar no plano da subjetivação. Recusado o especialismo psicológico, analisada a relação dialética da favela com a cidade, conhecidas algumas das lutas, foi preciso expor experiências situadas do encontro entre psicologia e favela. Abandonar o essencialismo de categorias e perspectivas centrais da psicologia hegemônica não significa abandonar a psicologia. Há uma traição neste ato, mas daquela que se recusa a manter um estado de coisas desumanizador. Humanizar a favela como psicóloga é também humanizar a psicologia.
Este livro constitui uma afirmação da psicologia, um alento para a insurgência acadêmica, para a desacomodação conceitual e profissional de psicólogas e psicólogos. Leitura rica e fortalecedora para todas e todos que pretendem conhecer a atuar em comunidades, o livro também se apresenta como material necessário para a formação em Psicologia. É próprio à andadura acadêmica lidar com a diversidade, se valer dos conflitos conceituais e de experiências inovadoras para transformar suas teorias e suas práticas. Os cursos de psicologia terão certamente muito a ganhar com esta Psicologia favelada: ensaios sobre a construção de uma perspectiva popular em psicologia.
[Fragmentos do prefácio, escrito pelo também Psicólogo e professor da UFRJ, Francisco Teixeira Portugal]
Veja também
Mais livros
- Psicologia Favelada (livro)
- Pequeno manual antirracista (livro)
- Pretinhas Leitoras
- Pedaços da Fome (livro)
- Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro ontem e hoje (livro)
- Educação pública no Conjunto de Favelas da Maré - desafios e potencialidades (livro)
- Morro do Papagaio: artes e contos que encantam (livro)
- Mulher de Favela – O poder feminino em territórios populares
- Memória das favelas (livro)