Anielle Franco: mudanças entre as edições
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Anielle Francisco da Silva, conhecida como Anielle Franco, é cria do conjunto de favelas da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, mãe de duas meninas e filha de uma família de mulheres negras nordestinas. Irmã de [[Marielle Franco]], Anielle foi jogadora de vôlei, é jornalista, educadora, mestre em relações étnico-raciais (CEFET/RJ), doutoranda em linguística aplicada (UFRJ) e diretora do | Anielle Francisco da Silva (nascida em 03/05/1984), conhecida como Anielle Franco, é cria do conjunto de favelas da [[Complexo da Maré|Maré]], localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, mãe de duas meninas e filha de uma família de mulheres negras nordestinas. Irmã de [[Marielle Franco]], Anielle foi jogadora de vôlei, é jornalista, educadora, mestre em relações étnico-raciais (CEFET/RJ), doutoranda em linguística aplicada (UFRJ) e diretora do Instituto Marielle Franco. Em 2023, foi nomeada ministra da Igualdade Racial do Brasil do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. | ||
Autoria: Informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de redes de comunicação oficiais de Anielle Franco e outras fontes ( | Autoria: Informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de redes de comunicação oficiais de Anielle Franco e outras fontes (ver Fontes e Redes Sociais). | ||
[[Arquivo:Anielle Franco.png|alt=Anielle Franco|centro|miniaturadaimagem|500x500px|Anielle Franco]] | [[Arquivo:Anielle Franco.png|alt=Anielle Franco|centro|miniaturadaimagem|500x500px|Anielle Franco]] | ||
== Biografia == | == Biografia == | ||
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Formou-se, em 2003, em Inglês e Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e em Jornalismo, em 2008, pela Universidade Estadual da Carolina do Norte. Em 2010, ela obteve seu mestrado em [[:Categoria:Temática - Relações Étnico-Raciais|Relações Étnico-Raciais]] pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ). | Formou-se, em 2003, em Inglês e Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e em Jornalismo, em 2008, pela Universidade Estadual da Carolina do Norte. Em 2010, ela obteve seu mestrado em [[:Categoria:Temática - Relações Étnico-Raciais|Relações Étnico-Raciais]] pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ). | ||
Trabalhava como professora e participava da vida política da sua irmã, a vereadora e ativista pelos direitos humanos [[Marielle Franco]], até o assassinato desta em 2018. No mesmo mês da morte da irmã, Anielle alugou uma casa temporária para começar o que viria a ser o Instituto Marielle Franco, que promove uma série de atividades culturais e educacionais para crianças como cineclubes, rodas de conversa, oficinas com contação de histórias e lançamentos de livros. Desde então, dá continuidade ao legado e às pautas políticas do mandato de sua irmã como o direito das mulheres, das pessoas negras, LGBTQIA+ e periféricas. A entidade também tem diversas iniciativas para apoiar mulheres negras que queiram entrar ou que já estão na política. | Trabalhava como professora e participava da vida política da sua irmã, a vereadora e ativista pelos direitos humanos [[Marielle Franco]], até o assassinato desta em 2018. No mesmo mês da morte da irmã, Anielle alugou uma casa temporária para começar o que viria a ser o [[Instituto Marielle Franco]], que promove uma série de atividades culturais e educacionais para crianças como cineclubes, rodas de conversa, oficinas com contação de histórias e lançamentos de livros. Desde então, dá continuidade ao legado e às pautas políticas do mandato de sua irmã como o direito das mulheres, das pessoas negras, LGBTQIA+ e periféricas. A entidade também tem diversas iniciativas para apoiar [[100 mulheres negras brasileiras importantes|mulheres negras]] que queiram entrar ou que já estão na política. | ||
Uma das ações promovidas por Anielle no Instituto foi o lançamento da Plataforma Antirracista nas Eleições (PANE), lançada em julho de 2020, que visa apoiar candidaturas negras em eleições municipais. A plataforma organiza uma série de ações que ajuda a pressionar os partidos para que viabilizem candidaturas de mulheres negras; além de ajudar a fomentar a entrada dessas mulheres nos espaços de decisão e a cobrar o compromisso do maior número possível de candidaturas com a defesa de políticas antirracistas, feministas e em defesa da população LGBTQIA+. | Uma das ações promovidas por Anielle no Instituto foi o lançamento da Plataforma Antirracista nas Eleições (PANE), lançada em julho de 2020, que visa apoiar candidaturas negras em eleições municipais. A plataforma organiza uma série de ações que ajuda a pressionar os partidos para que viabilizem candidaturas de mulheres negras; além de ajudar a fomentar a entrada dessas mulheres nos espaços de decisão e a cobrar o compromisso do maior número possível de candidaturas com a defesa de políticas antirracistas, feministas e em defesa da população LGBTQIA+. | ||
Ela também elaborou o projeto Escola Marielles, em 2021, com o objetivo de dar formação política para meninas e mulheres negras, periféricas e LGBTQIA+, com sede no Complexo da Maré, onde Anielle e sua irmã cresceram. Ainda dentro de ações direcionadas dentro do seu ativismo político, Anielle coordenou uma pesquisa para mapear a violência política de raça e gênero no Brasil com o objetivo de fazer um retrato sobre a situação dos direitos políticos das mulheres negras no país. | Ela também elaborou o projeto Escola Marielles, em 2021, com o objetivo de dar formação política para meninas e mulheres negras, periféricas e LGBTQIA+, com sede no [[Complexo da Maré]], onde Anielle e sua irmã cresceram. Ainda dentro de ações direcionadas dentro do seu ativismo político, Anielle coordenou uma pesquisa para mapear a violência política de raça e gênero no Brasil com o objetivo de fazer um retrato sobre a situação dos direitos políticos das mulheres negras no país. | ||
Convidada pela Editora Boitempo, escreveu em 2020 a orelha do livro ''Angela Davis - Uma Autobiografia'', da autora e ativista estadunidense. Meses depois, lançou seu próprio livro, ''Cartas Para Marielle'', na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP). A obra é uma coletânea de desabafos, entrevistas para reportagens e lembranças. | Convidada pela Editora Boitempo, escreveu em 2020 a orelha do livro ''Angela Davis - Uma Autobiografia'', da autora e ativista estadunidense. Meses depois, lançou seu próprio livro, ''Cartas Para Marielle'', na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP). A obra é uma coletânea de desabafos, entrevistas para reportagens e lembranças. | ||
Em 2021 organizou, ao lado de Ana Carolina Lourenço, o livro ''A Radical Imaginação Política das Mulheres Negras'', uma coletânea de escritos políticos de mulheres negras como Lélia Gonzalez, Leci Brandão e Erica Malunguinho''.'' No mesmo ano foi convidada do programa Roda Viva. | Em 2021 organizou, ao lado de Ana Carolina Lourenço, o livro ''[[A radical imaginação política das mulheres negras brasileiras (livro)|A Radical Imaginação Política das Mulheres Negras]]'', uma coletânea de escritos políticos de mulheres negras como [[Lélia Gonzalez, intérprete do capitalismo brasileiro (artigo)|Lélia Gonzalez]], [[Leci Brandão (PCdoB/SP) - Mangueira - RJ|Leci Brandão]] e Erica Malunguinho''.'' No mesmo ano foi convidada do programa Roda Viva. | ||
Resgatando sua formação como jornalista, Anielle começou um programa de entrevistas no Youtube, o ''Papo Franco''. O programa apresenta pautas diversas, conversas descontraídas e convidados especiais todas as semanas. | Resgatando sua formação como jornalista, Anielle começou um programa de entrevistas no Youtube, o ''Papo Franco''. O programa apresenta pautas diversas, conversas descontraídas e convidados especiais todas as semanas. | ||
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== Discurso na posse como ministra da Igualdade Racial (íntegra) == | == Discurso na posse como ministra da Igualdade Racial (íntegra) == | ||
O discurso da ministra foi de resistência, diversidade e conciliação. Ela reforçou a importância de políticas públicas direcionadas às minorias no Brasil. | O discurso da ministra foi de resistência, diversidade e conciliação. Ela reforçou a importância de políticas públicas direcionadas às minorias no Brasil e a necessidade de se trabalhar a transversalidade com outras áreas do governo. | ||
Na cerimônia, realizada no Palácio do Planalto, ela recitou o poema “Vozes-mulheres”, de Conceição Evaristo. | Na cerimônia, realizada no Palácio do Planalto, ela recitou o poema “Vozes-mulheres”, de Conceição Evaristo. | ||
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''se fará ouvir a ressonância,'' | ''se fará ouvir a ressonância,'' | ||
''o eco da vida-liberdade."''</blockquote> | ''o eco da vida-liberdade."''</blockquote><blockquote>"As mulheres negras e indígenas do Brasil vão tomar posse com a gente, porque esse governo é nosso, porque o país também é!", </blockquote>disse Anielle, irmã de Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro em 14 de março de 2018. A parlamentar se notabilizou pela defesa dos direitos de pessoas negras, LGBTQIA, indígenas e moradores de favelas. | ||
Repleto de simbolismos, o evento foi marcado pela sonoridade da cultura de matriz africana, do samba e da música indígena. O Hino Nacional foi executado na língua indígena Tikuna e o ato foi apontado como uma demonstração da força e coesão do governo após os atos terroristas do último domingo em 08 de janeiro de 2023. | |||
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Edição das 14h53min de 24 de novembro de 2023
Anielle Francisco da Silva (nascida em 03/05/1984), conhecida como Anielle Franco, é cria do conjunto de favelas da Maré, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, mãe de duas meninas e filha de uma família de mulheres negras nordestinas. Irmã de Marielle Franco, Anielle foi jogadora de vôlei, é jornalista, educadora, mestre em relações étnico-raciais (CEFET/RJ), doutoranda em linguística aplicada (UFRJ) e diretora do Instituto Marielle Franco. Em 2023, foi nomeada ministra da Igualdade Racial do Brasil do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Autoria: Informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de redes de comunicação oficiais de Anielle Franco e outras fontes (ver Fontes e Redes Sociais).
Biografia
Ainda jovem, Anielle foi jogadora de vôlei profissional e começou a jogar aos 8 anos. Aos 16, ganhou uma bolsa para estudar nos Estados Unidos. Ela viveu doze anos lá onde pode dar continuidade aos seus estudos graças a bolsas esportivas e passou por diversas escolas como a Navarro College, em Corsicana, no Texas, na Louisiana Tech University, na North Carolina Central University, e a Florida A&M University. Sendo essas duas últimas instituições historicamente negras, Anielle foi influenciada desde o início a pensar de maneira antirracista e a se entender mais enquanto mulher negra. Lá conheceu o trabalho de pensadores como Angela Davis, Martin Luther King e Malcolm X.
Formou-se, em 2003, em Inglês e Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e em Jornalismo, em 2008, pela Universidade Estadual da Carolina do Norte. Em 2010, ela obteve seu mestrado em Relações Étnico-Raciais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ).
Trabalhava como professora e participava da vida política da sua irmã, a vereadora e ativista pelos direitos humanos Marielle Franco, até o assassinato desta em 2018. No mesmo mês da morte da irmã, Anielle alugou uma casa temporária para começar o que viria a ser o Instituto Marielle Franco, que promove uma série de atividades culturais e educacionais para crianças como cineclubes, rodas de conversa, oficinas com contação de histórias e lançamentos de livros. Desde então, dá continuidade ao legado e às pautas políticas do mandato de sua irmã como o direito das mulheres, das pessoas negras, LGBTQIA+ e periféricas. A entidade também tem diversas iniciativas para apoiar mulheres negras que queiram entrar ou que já estão na política.
Uma das ações promovidas por Anielle no Instituto foi o lançamento da Plataforma Antirracista nas Eleições (PANE), lançada em julho de 2020, que visa apoiar candidaturas negras em eleições municipais. A plataforma organiza uma série de ações que ajuda a pressionar os partidos para que viabilizem candidaturas de mulheres negras; além de ajudar a fomentar a entrada dessas mulheres nos espaços de decisão e a cobrar o compromisso do maior número possível de candidaturas com a defesa de políticas antirracistas, feministas e em defesa da população LGBTQIA+.
Ela também elaborou o projeto Escola Marielles, em 2021, com o objetivo de dar formação política para meninas e mulheres negras, periféricas e LGBTQIA+, com sede no Complexo da Maré, onde Anielle e sua irmã cresceram. Ainda dentro de ações direcionadas dentro do seu ativismo político, Anielle coordenou uma pesquisa para mapear a violência política de raça e gênero no Brasil com o objetivo de fazer um retrato sobre a situação dos direitos políticos das mulheres negras no país.
Convidada pela Editora Boitempo, escreveu em 2020 a orelha do livro Angela Davis - Uma Autobiografia, da autora e ativista estadunidense. Meses depois, lançou seu próprio livro, Cartas Para Marielle, na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP). A obra é uma coletânea de desabafos, entrevistas para reportagens e lembranças.
Em 2021 organizou, ao lado de Ana Carolina Lourenço, o livro A Radical Imaginação Política das Mulheres Negras, uma coletânea de escritos políticos de mulheres negras como Lélia Gonzalez, Leci Brandão e Erica Malunguinho. No mesmo ano foi convidada do programa Roda Viva.
Resgatando sua formação como jornalista, Anielle começou um programa de entrevistas no Youtube, o Papo Franco. O programa apresenta pautas diversas, conversas descontraídas e convidados especiais todas as semanas.
Anielle foi um dos quatro brasileiros selecionados para nova edição do programa de fortalecimento de lideranças globais, o Ford Global Fellow, da Fundação Ford, para uma bolsa que visa conectar e apoiar a próxima geração de líderes mundiais.
Em 22 de dezembro de 2022, foi anunciada ministra da Igualdade Racial do governo Lula.
Futuro - Planejamento Estratégico do Instituto Marielle Franco 2023-2026
Vídeo Manifesto
Discurso na posse como ministra da Igualdade Racial (íntegra)
O discurso da ministra foi de resistência, diversidade e conciliação. Ela reforçou a importância de políticas públicas direcionadas às minorias no Brasil e a necessidade de se trabalhar a transversalidade com outras áreas do governo.
Na cerimônia, realizada no Palácio do Planalto, ela recitou o poema “Vozes-mulheres”, de Conceição Evaristo.
Confira o poema:
"A voz de minha bisavó ecoou
criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
de uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e fome.
A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância,
o eco da vida-liberdade."
"As mulheres negras e indígenas do Brasil vão tomar posse com a gente, porque esse governo é nosso, porque o país também é!",
disse Anielle, irmã de Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro em 14 de março de 2018. A parlamentar se notabilizou pela defesa dos direitos de pessoas negras, LGBTQIA, indígenas e moradores de favelas.
Repleto de simbolismos, o evento foi marcado pela sonoridade da cultura de matriz africana, do samba e da música indígena. O Hino Nacional foi executado na língua indígena Tikuna e o ato foi apontado como uma demonstração da força e coesão do governo após os atos terroristas do último domingo em 08 de janeiro de 2023.