O jogo que mudou a história (resenha): mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Sem resumo de edição
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A ausência do árbitro oficial ameaça a realização da partida. O vereador Walci, buscando uma solução, recorre ao policial civil Belchior, interpretado por Julio Andrade. Ciente da tensão entre as favelas, Belchior impõe uma condição para apitar o jogo: precisa estar armado para garantir sua segurança. Essa exigência eleva ainda mais o clima de tensão.
A ausência do árbitro oficial ameaça a realização da partida. O vereador Walci, buscando uma solução, recorre ao policial civil Belchior, interpretado por Julio Andrade. Ciente da tensão entre as favelas, Belchior impõe uma condição para apitar o jogo: precisa estar armado para garantir sua segurança. Essa exigência eleva ainda mais o clima de tensão.


Em meio a provocações e brigas, o ápice do jogo ocorre na disputa de pênaltis, onde a pressão e a emoção culminam em violência. O apito final, que deveria marcar a consagração de um campeão, soa como um prenúncio do banho de sangue que se segue. O campo de futebol se transforma em um campo de batalha, e muitas vidas são perdidas. As consequências são devastadoras para ambas as favelas, alterando a vida das duas favelas para sempre.<ref name=":0">RIBEIRO, José Renato. “O Jogo Que Mudou a História”: o que se sabe sobre 2ª temporada. O Correio Portal, 2024.</ref>
Em meio a provocações e brigas, o ápice do jogo ocorre na disputa de pênaltis, onde a pressão e a emoção culminam em violência. O apito final, que deveria marcar a consagração de um campeão, soa como um prenúncio do banho de sangue que se segue. O campo de futebol se transforma em um campo de batalha, e muitas vidas são perdidas. As consequências são devastadoras para ambas as favelas, alterando a vida das duas favelas para sempre.<ref name=":0">[https://ocorreio.com.br/o-jogo-que-mudou-a-historia-2a-temporada/ RIBEIRO, José Renato. “O Jogo Que Mudou a História”: o que se sabe sobre 2ª temporada. O Correio Portal, 2024.]</ref>


== Personagens reais que inspiraram a série ==
== Personagens reais que inspiraram a série ==


=== Escadinha (1956-2004) ===
=== Escadinha (1956-2004) ===
José Carlos dos Reis Encina, vulgo Escadinha, foi um dos fundadores da facção criminosa Falange Vermelha, hoje denominada Comando Vermelho. Ao lado do irmão Paulo Maluco, ele transformou o CV em uma facção temida em toda a cidade. Em 1985, protagonizou uma cena de cinema às vésperas do Ano Novo, ao escapar do presídio de Ilha Grande em uma fuga de helicóptero. Na série, o criminoso é vivido por Jonathan Azevedo e recebe o nome de Gilsinho.
José Carlos dos Reis Encina, vulgo Escadinha, foi um dos fundadores da facção criminosa Falange Vermelha, hoje denominada Comando Vermelho. Ao lado do irmão Paulo Maluco, ele transformou o CV em uma facção temida em toda a cidade. Em 1985, protagonizou uma cena de cinema às vésperas do Ano Novo, ao escapar do presídio de Ilha Grande em uma fuga de helicóptero. Na série, o criminoso é vivido por Jonathan Azevedo e recebe o nome de Gilsinho.<ref name=":1">[https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2024/06/13/o-jogo-que-mudou-a-historia-conheca-os-personagens-reais-que-inspiraram-a-nova-serie-do-globoplay.ghtml O GLOBO. 'O jogo que mudou a História': conheça os personagens reais que inspiraram a nova série do Globoplay. O GLOBO, 2024.]</ref>
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=== Professor (1942-2019) ===
=== Professor (1942-2019) ===
Outro fundador do CV, William da Silva Lima alcançou a fama no mundo do crime com a alcunha de Professor. Conhecido pelos modos articulados e estrategistas, William era querido no presídio de Ilha Grande por escrever cartas para seus companheiros de cela. Ficou detido por quase três décadas até ser liberado para cumprir pena em regime aberto, sendo monitorado por uma tornozeleira eletrônica até o fim da vida. Ele escreveu o livro “400 x 1 — Uma história do Comando Vermelho”, na qual contou o surgimento da facção. Na série, é interpretado por Bukassa Kabengele, tratado como Mestre.
Outro fundador do CV, William da Silva Lima alcançou a fama no mundo do crime com a alcunha de Professor. Conhecido pelos modos articulados e estrategistas, William era querido no presídio de Ilha Grande por escrever cartas para seus companheiros de cela. Ficou detido por quase três décadas até ser liberado para cumprir pena em regime aberto, sendo monitorado por uma tornozeleira eletrônica até o fim da vida. Ele escreveu o livro “400 x 1 — Uma história do Comando Vermelho”, na qual contou o surgimento da facção. Na série, é interpretado por Bukassa Kabengele, tratado como Mestre.<ref name=":1" />
[[Arquivo:Professor cv.png|centro|miniaturadaimagem|560x560px|Foto: TV Globo / Arquivo]]
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Rogério Lemgruber, o Bagulhão, foi um dos fundadores da Falange Vermelha e do Comando Vermelho, e foi tão importante para facção que foi parar no próprio nome do grupo, cujo nome completo é Comando Vermelho Rogério Lemgruber. Babu Santana assumiu a responsabilidade de interpretar Hoffman, personagem inspirado em Bagulhão, na série.
Rogério Lemgruber, o Bagulhão, foi um dos fundadores da Falange Vermelha e do Comando Vermelho, e foi tão importante para facção que foi parar no próprio nome do grupo, cujo nome completo é Comando Vermelho Rogério Lemgruber. Babu Santana assumiu a responsabilidade de interpretar Hoffman, personagem inspirado em Bagulhão, na série.


—Tenho memória clara das pichações ‘Quem é R.L.?’ (referência a Rogério Lemgruber) — disse Babu ao GLOBO.
—Tenho memória clara das pichações ‘Quem é R.L.?’ (referência a Rogério Lemgruber) — disse Babu ao GLOBO.<ref name=":1" />
[[Arquivo:BABU SANTANA - R.L.png|centro|miniaturadaimagem|562x562px|Foto: Manoel Soares / Agência O Globo]]
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=== Zé Bigode (1948-1981) ===
=== Zé Bigode (1948-1981) ===
Conhecido assaltante a banco e um dos fundadores do CV, Zé Bigode foi quem inspirou o título de "400 x 1". Em abril de 1981, Bigode, que possuía vasto arsenal, se envolveu em um tiroteio contra cerca de 400 policiais, em um confronto com mais de 2 mil tiros disparados. Após um cerco de 11 horas, Bigode e três policiais acabaram falecendo, além de quatro agentes feridos. Rômulo Braga, como Chico da Cavanha, interpreta uma versão de Zé Bigode na série.
Conhecido assaltante a banco e um dos fundadores do CV, Zé Bigode foi quem inspirou o título de "400 x 1". Em abril de 1981, Bigode, que possuía vasto arsenal, se envolveu em um tiroteio contra cerca de 400 policiais, em um confronto com mais de 2 mil tiros disparados. Após um cerco de 11 horas, Bigode e três policiais acabaram falecendo, além de quatro agentes feridos. Rômulo Braga, como Chico da Cavanha, interpreta uma versão de Zé Bigode na série.<ref name=":1" />
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== Reflexões ==
== <ref name=":0" />Reflexões ==
O Jogo que Mudou a História apresenta um drama social envolvente, explorando temas como esporte, rivalidade, violência e esperança. Através das histórias dos moradores das comunidades e dos detentos, o roteiro provoca uma reflexão sobre os impactos das desigualdades sociais, a precariedade do sistema prisional e como a criminalidade e a corrupção atuam dentro e fora das penitenciárias. <ref name=":0" />
O Jogo que Mudou a História apresenta um drama social envolvente, explorando temas como esporte, rivalidade, violência e esperança. Através das histórias dos moradores das comunidades e dos detentos, o roteiro provoca uma reflexão sobre os impactos das desigualdades sociais, a precariedade do sistema prisional e como a criminalidade e a corrupção atuam dentro e fora das penitenciárias. <ref name=":0" />



Edição das 11h09min de 14 de agosto de 2024

O Jogo Que Mudou a História é uma série de televisão brasileira produzida pelo Globoplay em parceria com a AfroReggae Audiovisual e a Paranoid, e a primeira temporada foi lançada no streaming em 13 de junho de 2024. O presente verbete pretende apresentar brevemente a trama da série e seus personagens. Baseada em fatos reais dos últimos 40 anos, a produção mergulha no surgimento das facções do narcotráfico a partir de eventos que acontecem no presídio de Ilha Grande e em favelas do Rio de Janeiro.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Sobre

Divulgação

Criada e escrita por José Junior em colaboração com Gabriel Maria, Clara Meirelles, Bruno Passeri, Manaíra Carneiro e Bruno Paes Manso, tem direção de Matias Mariani e Claudio Borrelli. A direção geral é de Heitor Dhalia. Conta com atuações de Ana Isabela Godinho, Raphael Logam, Ravel Andrade, Rômulo Braga e Jonathan Azevedo nos papeis principais.

O Jogo Que Mudou a História volta ao Rio de Janeiro do fim dos anos 70 para mostrar a origem das facções do mercado ilegal de drogas na cidade. Inspirada em fatos reais, a trama se desenvolve nos cenários das fictícias favelas de Padre Nosso, Parada Geral e Morro da Promessa, além do presídio de Ilha Grande. É lá que culmina uma guerra que se estende às comunidades e invade até mesmo um campo de futebol com uma fatídica e trágica partida.

A história parte da chegada de dois novatos ao Presídio de Ilha Grande: Egídio (Ravel Andrade) um jovem sem histórico criminal ou de militância política que é preso depois de atropelar a filha de um general, e Jesus Pedra (Raphael Logam), um novo carcereiro que nem imagina o que lhe aguarda na ilha.

Na prisão, dois grupos comandam o lugar. De um lado a falange "Jacaré"; e do outro, a "Turma do Fundão", a futura “Falange Vermelha” (que posteriormente se torna o conhecido grupo Comando Vermelho), composta por presos políticos e assaltantes de banco, como Chico da Cavanha (Rômulo Braga), Rosevan (Bukassa Kabengele), mais conhecido como Mestre, e Hoffman (Babu Santana). Do lado de fora do presídio de Ilha Grande, o choque entre os dois grupos dominantes também repercute e a “Falange Vermelha” ganha um forte aliado: o famoso Gilsinho (Jonathan Azevedo), carismático líder do tráfico no Morro da Promessa. Dono de um pensamento estratégico e com sua afeição pelos moradores da favela, se transforma em uma figura mítica.

As consequências do embate dentro da prisão também influenciam na rotina de duas favelas vizinhas que antes conviviam em harmonia e agora pertencem a facções rivais: Parada Geral e Padre Nosso. Padre Nosso tem como líder comunitário Amarildo (Pedro Wagner), disposto a fazer de tudo para manter a paz e afastar a violência do local. Durante a trama, um reencontro dele com seu irmão, Belmiro (Jaílson Silva), promete reviravoltas em sua vida. Belmiro é um ex-policial que estava preso em Ilha Grande e tem um passado marcado pela violência.

Enquanto isso, em Parada Geral, um morador, Gegê (Samuel Melo), é craque do time de futebol e deseja uma chance entre os grandes clubes cariocas. Uma dupla de melhores amigos também acompanha o início da rivalidade entre as favelas vizinhas. Os adolescentes Binho (João Fernandes), neto de Amarildo, e Renatinho (Fabricio Assis), sobrinho de Gegê, moram em lados opostos e se conhecem desde a infância. Para completar o trio, tem a boa de bola Ivete (Giulia Tavares), por quem Binho é apaixonado.

Se a rotina de todos já estava estremecida, quando a guerra do tráfico invade o campo, a história pode mudar para sempre. Durante uma emblemática partida de futebol entre os times, a disputa foi muito além do esporte e do apito final, eclodindo uma duradoura e intensa guerra.[1]

A trágica partida de futebol

Após o oitavo episódio, a trama mantém seu ritmo acelerado e avança para o evento central da série: o jogo. Em Padre Nosso e Parada Geral, a tensão se intensifica. A grande final do campeonato de futebol representa um momento decisivo. Entretanto, por trás da empolgação, há um clima de apreensão. As famílias dos jogadores temem pelas possíveis consequências desse confronto.

A rivalidade entre as duas favelas se intensificou ao longo dos episódios, e há o receio de que a disputa acirrada no campo se transborde para as ruas, resultando em violência e conflitos. Amarildo está determinado a impedir o jogo por todos os meios possíveis. Embora reconheça a importância do futebol para os jovens, ele teme que a rivalidade exacerbada coloque em risco a segurança de todos. Este evento ficaria conhecido como o jogo que mudou a história.

A ausência do árbitro oficial ameaça a realização da partida. O vereador Walci, buscando uma solução, recorre ao policial civil Belchior, interpretado por Julio Andrade. Ciente da tensão entre as favelas, Belchior impõe uma condição para apitar o jogo: precisa estar armado para garantir sua segurança. Essa exigência eleva ainda mais o clima de tensão.

Em meio a provocações e brigas, o ápice do jogo ocorre na disputa de pênaltis, onde a pressão e a emoção culminam em violência. O apito final, que deveria marcar a consagração de um campeão, soa como um prenúncio do banho de sangue que se segue. O campo de futebol se transforma em um campo de batalha, e muitas vidas são perdidas. As consequências são devastadoras para ambas as favelas, alterando a vida das duas favelas para sempre.[2]

Personagens reais que inspiraram a série

Escadinha (1956-2004)

José Carlos dos Reis Encina, vulgo Escadinha, foi um dos fundadores da facção criminosa Falange Vermelha, hoje denominada Comando Vermelho. Ao lado do irmão Paulo Maluco, ele transformou o CV em uma facção temida em toda a cidade. Em 1985, protagonizou uma cena de cinema às vésperas do Ano Novo, ao escapar do presídio de Ilha Grande em uma fuga de helicóptero. Na série, o criminoso é vivido por Jonathan Azevedo e recebe o nome de Gilsinho.[3]

Foto: TV Globo / Alberto Jacob

Professor (1942-2019)

Outro fundador do CV, William da Silva Lima alcançou a fama no mundo do crime com a alcunha de Professor. Conhecido pelos modos articulados e estrategistas, William era querido no presídio de Ilha Grande por escrever cartas para seus companheiros de cela. Ficou detido por quase três décadas até ser liberado para cumprir pena em regime aberto, sendo monitorado por uma tornozeleira eletrônica até o fim da vida. Ele escreveu o livro “400 x 1 — Uma história do Comando Vermelho”, na qual contou o surgimento da facção. Na série, é interpretado por Bukassa Kabengele, tratado como Mestre.[3]

Foto: TV Globo / Arquivo

Bagulhão (1952-1992)

Rogério Lemgruber, o Bagulhão, foi um dos fundadores da Falange Vermelha e do Comando Vermelho, e foi tão importante para facção que foi parar no próprio nome do grupo, cujo nome completo é Comando Vermelho Rogério Lemgruber. Babu Santana assumiu a responsabilidade de interpretar Hoffman, personagem inspirado em Bagulhão, na série.

—Tenho memória clara das pichações ‘Quem é R.L.?’ (referência a Rogério Lemgruber) — disse Babu ao GLOBO.[3]

Foto: Manoel Soares / Agência O Globo

Zé Bigode (1948-1981)

Conhecido assaltante a banco e um dos fundadores do CV, Zé Bigode foi quem inspirou o título de "400 x 1". Em abril de 1981, Bigode, que possuía vasto arsenal, se envolveu em um tiroteio contra cerca de 400 policiais, em um confronto com mais de 2 mil tiros disparados. Após um cerco de 11 horas, Bigode e três policiais acabaram falecendo, além de quatro agentes feridos. Rômulo Braga, como Chico da Cavanha, interpreta uma versão de Zé Bigode na série.[3]

Foto: TV Globo / Arquivo

[2]Reflexões

O Jogo que Mudou a História apresenta um drama social envolvente, explorando temas como esporte, rivalidade, violência e esperança. Através das histórias dos moradores das comunidades e dos detentos, o roteiro provoca uma reflexão sobre os impactos das desigualdades sociais, a precariedade do sistema prisional e como a criminalidade e a corrupção atuam dentro e fora das penitenciárias. [2]

Elenco e participações especiais

A produção de 10 episódios é uma nova parceria do Globoplay com a AfroReggae Audiovisual, responsável também pelas séries Arcanjo Renegado e A Divisão e Betinho: No Fio da Navalha. O elenco de O Jogo que Mudou a História também reúne nomes como Rômulo Braga, Jailson Silva, Alli Willow, Fabrício Assis, João Fernandes, Vanessa Giácomo, Ana Isabela Godinho, Elizia Gomes, Maha Sati, Álamo Facó, Sergio Laurentino, Nicollas Paixão, Rogério Blank, Julio Levy, Eduardo Dorneles, Patrick Bruno e Leonardo Xavier.

As participações especiais em O Jogo Que Mudou a História são de Otavio Muller, Leonardo Bricio, Natália Lage, Marcelo Serrado, Marcello Melo, Wilson Rabelo, Jimmy London, Pretinho da Serrinha, Lucio Mauro Filho e André Mattos. A criação e produção são assinados por José Junior, com direção geral de Heitor Dhalia.

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