Memória das favelas (livro): mudanças entre as edições
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A memória das favelas é a publicação nª 59 da série de publicações Comunicações do ISER que traz diferentes artigos sobre história, memória e identidades de favelas. | A memória das favelas é a publicação nª 59 da série de publicações Comunicações do ISER que traz diferentes artigos sobre história, memória e identidades de favelas. | ||
Autoria: Regina Reyes Novaes, Marilena Cunha e Christina Vital (editoras)<ref>Conteúdo republicado pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco. Fonte: [https://iser.org.br/publicacao/59/ ISER].</ref>. | Autoria: Regina Reyes Novaes, Marilena Cunha e Christina Vital (editoras)<ref>Conteúdo republicado pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco. Fonte: [https://iser.org.br/publicacao/59/ ISER].</ref>. | ||
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“Penso na atitude pós moderna como a de um homem que ama uma mulher muito culta e sabe que não pode dizer-lhe “eu te amo desesperadamente”, porque sabe que ela sabe (e ela sabe que ele sabe) que esta frase foi escrita por Liala. Entretanto existe uma solução. Ele poderá dizer: “como diria Liala, eu te amo desesperadamente” | “Penso na atitude pós moderna como a de um homem que ama uma mulher muito culta e sabe que não pode dizer-lhe “eu te amo desesperadamente”, porque sabe que ela sabe (e ela sabe que ele sabe) que esta frase foi escrita por Liala. Entretanto existe uma solução. Ele poderá dizer: “como diria Liala, eu te amo desesperadamente”. | ||
A esta altura, tendo evitado a falsa inocência, tendo dito claramente que não se pode falar de amor de forma inocente, ele teria dito à mulher o que queria dizer: que a ama em uma época de inocência perdida. Se a mulher entrou no jogo, terá igualmente recebido uma declaração de amor. Nenhum dos dois interlocutores se sentirá inocente, ambos terão aceito o desafio do passado, do que já foi dito que não se pode eliminar, ambos jogarão conscientemente e com prazer o jogo da ironia… Mas ambos terão conseguido mais uma vez falar de amor.” (Humberto Eco no Posfácio ao Nome da Rosa). | |||
Vivendo nos tempos de hoje, não se pode falar em [[Favelas como resistência à cidade do Capital|favela]] de uma forma inocente. Para falar em favela, não há como ignorar a própria história da ocupação do espaço no Rio de Janeiro. O mosaico das desigualdades sociais expressas na [[Cartografia Social Urbana (livro)|cartografia]] da cidade é resultado de disputas e de interesses econômicos, sociais e políticos. | |||
Processos sociais excludentes restringiram trânsitos e acessos, dividiram a cidade e os cidadãos. Parafraseando Humberto Eco, acima citado, falar em favela hoje “significa aceitar o desafio do passado, do que já foi dito (e feito) e que não se pode eliminar”. Na bela paisagem carioca, proximidades físicas e grandes distâncias sociais informam a oposição complementar entre asfalto e favela. | |||
Desta história de preconceitos e discriminações fazem parte políticas assistencialistas e políticos populistas. Fazem parte as [[Remoções de favelas no Rio de Janeiro|remoções]] e as resistências. Convivem a idealização e a criminalização, as ambigüidades e ambivalências de sentimentos. Ou seja, de fato, não se pode falar de favela de uma forma inocente. | |||
== Livro completo<ref>[https://www.iser.org.br/wp-content/uploads/2020/07/Comunicacoes_ISER_n59-A_memoria_das_favelas.pdf Memória das favelas]</ref>, clique aqui e leia o material na íntegra == | |||
[https://www.iser.org.br/wp-content/uploads/2020/07/Comunicacoes_ISER_n59-A_memoria_das_favelas.pdf A memória das favelas] | |||
== Ver também == | == Ver também == | ||
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Edição atual tal como às 21h08min de 25 de fevereiro de 2024
A memória das favelas é a publicação nª 59 da série de publicações Comunicações do ISER que traz diferentes artigos sobre história, memória e identidades de favelas.
Autoria: Regina Reyes Novaes, Marilena Cunha e Christina Vital (editoras)[1].
Introdução[editar | editar código-fonte]
“Penso na atitude pós moderna como a de um homem que ama uma mulher muito culta e sabe que não pode dizer-lhe “eu te amo desesperadamente”, porque sabe que ela sabe (e ela sabe que ele sabe) que esta frase foi escrita por Liala. Entretanto existe uma solução. Ele poderá dizer: “como diria Liala, eu te amo desesperadamente”.
A esta altura, tendo evitado a falsa inocência, tendo dito claramente que não se pode falar de amor de forma inocente, ele teria dito à mulher o que queria dizer: que a ama em uma época de inocência perdida. Se a mulher entrou no jogo, terá igualmente recebido uma declaração de amor. Nenhum dos dois interlocutores se sentirá inocente, ambos terão aceito o desafio do passado, do que já foi dito que não se pode eliminar, ambos jogarão conscientemente e com prazer o jogo da ironia… Mas ambos terão conseguido mais uma vez falar de amor.” (Humberto Eco no Posfácio ao Nome da Rosa).
Vivendo nos tempos de hoje, não se pode falar em favela de uma forma inocente. Para falar em favela, não há como ignorar a própria história da ocupação do espaço no Rio de Janeiro. O mosaico das desigualdades sociais expressas na cartografia da cidade é resultado de disputas e de interesses econômicos, sociais e políticos.
Processos sociais excludentes restringiram trânsitos e acessos, dividiram a cidade e os cidadãos. Parafraseando Humberto Eco, acima citado, falar em favela hoje “significa aceitar o desafio do passado, do que já foi dito (e feito) e que não se pode eliminar”. Na bela paisagem carioca, proximidades físicas e grandes distâncias sociais informam a oposição complementar entre asfalto e favela.
Desta história de preconceitos e discriminações fazem parte políticas assistencialistas e políticos populistas. Fazem parte as remoções e as resistências. Convivem a idealização e a criminalização, as ambigüidades e ambivalências de sentimentos. Ou seja, de fato, não se pode falar de favela de uma forma inocente.
Livro completo[2], clique aqui e leia o material na íntegra[editar | editar código-fonte]
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Memória e identidade dos moradores de Nova Holanda (livro)
- Memórias e museus em favelas (debate)
- Histórias, Memórias, Oralidades e Cartografia da Luta Social por Terra e Moradia na Região de Jacarepaguá
- ↑ Conteúdo republicado pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco. Fonte: ISER.
- ↑ Memória das favelas