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Sr Beserra é Pernambucano, morador de [[Favela de Manguinhos|Manguinhos]], líder Comunitário e Militante do Movimento das Comunidades Populares (MCP). | |||
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==História pessoal== | |||
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Uma Sociabilidade marcada pela relação de amigos que, em conjunto, começaram a construir suas casas nos campos, antes abertos. Isso ocorreu ainda na década de 60, onde marcava-se o espaço da construção com os barbantes... e depois levantava-se as casas. Essas casas estão lá até os atuais dias. | |||
'''Ser político''' | |||
Uns poucos com tantas terras e tantos gados e muitos sem terras e sem gado. O meu pai era um desses, não tinha nada. Ele trabalhava para um desses fazendeiros, conhecido como Tenorinho e que tinha mais 2 irmãos também fazendeiros, Antonio Tenório e Manoel Tenório. O patrão do meu pai morava na capital, Recife. Meu pai trabalhava de domingo a domingo, tomando conta do gado e tirando leite. O que ganhava não dava para comer. | Uns poucos com tantas terras e tantos gados e muitos sem terras e sem gado. O meu pai era um desses, não tinha nada. Ele trabalhava para um desses fazendeiros, conhecido como Tenorinho e que tinha mais 2 irmãos também fazendeiros, Antonio Tenório e Manoel Tenório. O patrão do meu pai morava na capital, Recife. Meu pai trabalhava de domingo a domingo, tomando conta do gado e tirando leite. O que ganhava não dava para comer. | ||
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Hoje sou militante não só do MCP, mas de qualquer causa por justiça social das causas humanas. | Hoje sou militante não só do MCP, mas de qualquer causa por justiça social das causas humanas. | ||
'''Políticas públicas''' | |||
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* Outro projeto ainda a pôr em prática é Ação Popular em Manguinhos. Nesse, vamos precisar de: professores, psicólogos, médicos, agentes de saúde, advogados e outros voluntários. E vamos avançar. A Base é o Povo. | * Outro projeto ainda a pôr em prática é Ação Popular em Manguinhos. Nesse, vamos precisar de: professores, psicólogos, médicos, agentes de saúde, advogados e outros voluntários. E vamos avançar. A Base é o Povo. | ||
=== Importância das iniciativas comunitárias e coletivas | === Importância das iniciativas comunitárias e coletivas === | ||
A alienação e o individualismo são muito grandes. Temos que elaborar um projeto coletivo com os pés no chão. Viver no meio do povo como um peixe na água. O capitalismo convence, através das mídias e das igrejas, que ser pobre é normal. É um destino por causa do pecado. Porém, o capitalismo oferece brechas para que alguns audaciosos possam vencer na vida. Isso pode ser através de um bom comércio podendo ser um negócio dentro ou fora da favela. Outros conseguem fazer uma faculdade e logo vão embora da favela. | A alienação e o individualismo são muito grandes. Temos que elaborar um projeto coletivo com os pés no chão. Viver no meio do povo como um peixe na água. O capitalismo convence, através das mídias e das igrejas, que ser pobre é normal. É um destino por causa do pecado. Porém, o capitalismo oferece brechas para que alguns audaciosos possam vencer na vida. Isso pode ser através de um bom comércio podendo ser um negócio dentro ou fora da favela. Outros conseguem fazer uma faculdade e logo vão embora da favela. | ||
Conheço o Educafro há mais de 20 anos encaminhando jovens à universidade, e assim muitos se formaram e foram embora da favela. Nunca vi um militante de movimentos sociais falar que passou pelo Educafro. São todos alienados e o capitalismo agradece. | Conheço o Educafro há mais de 20 anos encaminhando jovens à universidade, e assim muitos se formaram e foram embora da favela. Nunca vi um militante de movimentos sociais falar que passou pelo Educafro. São todos alienados e o capitalismo agradece. | ||
Inspiração | |||
Movido pela vontade de ver o fim do capitalismo, grande responsável pelas desigualdades sociais | Movido pela vontade de ver o fim do capitalismo, grande responsável pelas desigualdades sociais | ||
'''Lembranças''' | |||
* Igreja de São Daniel | * Igreja de São Daniel | ||
* Conjunto de casas | * Conjunto de casas | ||
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* Reforça em suas lembranças uma grande enchente que ocorreu em 1991, quando o povo fechou a Avenida dos Democratas com uma montanha formada por geladeiras, colchões etc. | * Reforça em suas lembranças uma grande enchente que ocorreu em 1991, quando o povo fechou a Avenida dos Democratas com uma montanha formada por geladeiras, colchões etc. | ||
=== Sonho | === Sonho === | ||
* Libertação do povo das garras do capitalismo | * Libertação do povo das garras do capitalismo | ||
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* Um militante em defesa dos direitos de todos os oprimidos. Por um mundo melhor para todos os humanos. | * Um militante em defesa dos direitos de todos os oprimidos. Por um mundo melhor para todos os humanos. | ||
=== Sobre as organizações partidárias | === Sobre as organizações partidárias === | ||
O Brasil tem hoje com 33 partidos legalizados no TRE. Isso mantém uma boa forma do povo acreditar numa falsa democracia que só serve para manter o poder econômico dos capitalistas. | O Brasil tem hoje com 33 partidos legalizados no TRE. Isso mantém uma boa forma do povo acreditar numa falsa democracia que só serve para manter o poder econômico dos capitalistas. | ||
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Os partidos não estão com o povo. Os partidos usam o povo dizendo que é democracia, quando, na realidade, o povo não manda nada, e quem manda é o poder econômico. E o povo não sabe, e os partidos não falam isso ao povo.<blockquote>Só a palavra ''partido'' significa parte do povo e serve para dividir o povo. Logo povo dividido é povo controlado.</blockquote> | Os partidos não estão com o povo. Os partidos usam o povo dizendo que é democracia, quando, na realidade, o povo não manda nada, e quem manda é o poder econômico. E o povo não sabe, e os partidos não falam isso ao povo.<blockquote>Só a palavra ''partido'' significa parte do povo e serve para dividir o povo. Logo povo dividido é povo controlado.</blockquote> | ||
== Sobre a Favela de Manguinhos == | == Sobre a Favela de Manguinhos == | ||
A favela de Manguinhos, também denominada de Complexo de Manguinhos está situada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro e se caracteriza por ter o quinto pior IDH do município e um alto índice de violência urbana. O complexo de Manguinhos conta com 12 comunidades e uma população estimada em 36 mil habitantes. | A favela de Manguinhos, também denominada de Complexo de Manguinhos está situada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro e se caracteriza por ter o quinto pior IDH do município e um alto índice de violência urbana. O complexo de Manguinhos conta com 12 comunidades e uma população estimada em 36 mil habitantes. | ||
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== Fontes e referências == | |||
Respostas retiradas de uma entrevista concedida para o podcast: Rádio povo – PROGRAMA O MANGUINHO 40). '''Tema: A luta continua.''' | |||
[ | [https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/56973 FIOCRUZ] | ||
[ | [https://ielibertarios.wordpress.com/2022/07/04/instituto-de-estudos-libertarios-entrevista-jose-beserra-de-araujo/ Instituto de Estudos Libertários] | ||
== Ver também == | |||
[[Juventudes em favelas (debate)]] | * [[O Movimento Revolucionário 8 de Outubro e as favelas no Rio de Janeiro]] | ||
* [[Ditadura e violência nas favelas]] | |||
* [[Movimento das Comunidades Populares]] | |||
* [[Militarização e violência revelam uma “transição inacabada” no Brasil (artigo)]] | |||
* [[Federação de Favelas do Rio busca reparação inédita por perseguição na ditadura (artigo)]] | |||
* [[Favelas, pandemias e cidadanias (lives)]] | |||
* [[Juventudes em favelas (debate)]] | |||
[[Categoria:Temática - Associativismo e Movimentos Sociais]] | [[Categoria:Temática - Associativismo e Movimentos Sociais]] | ||
[[Categoria:Entrevistas]] | [[Categoria:Entrevistas]] | ||
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Edição atual tal como às 05h31min de 22 de novembro de 2024
Sr Beserra é Pernambucano, morador de Manguinhos, líder Comunitário e Militante do Movimento das Comunidades Populares (MCP).
Autoria - Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de entrevista concedida para o podcast Rádio povo
História pessoal[editar | editar código-fonte]
Recordação de Manguinhos
Uma Sociabilidade marcada pela relação de amigos que, em conjunto, começaram a construir suas casas nos campos, antes abertos. Isso ocorreu ainda na década de 60, onde marcava-se o espaço da construção com os barbantes... e depois levantava-se as casas. Essas casas estão lá até os atuais dias.
Ser político
Uns poucos com tantas terras e tantos gados e muitos sem terras e sem gado. O meu pai era um desses, não tinha nada. Ele trabalhava para um desses fazendeiros, conhecido como Tenorinho e que tinha mais 2 irmãos também fazendeiros, Antonio Tenório e Manoel Tenório. O patrão do meu pai morava na capital, Recife. Meu pai trabalhava de domingo a domingo, tomando conta do gado e tirando leite. O que ganhava não dava para comer.
Com 17 anos, em lágrimas, deixei minha terra, tendo como destino o Rio de Janeiro. Parei na Favela do Jacarezinho. Favela nova, menos de 15 anos. Ocupação que começou nos anos 50. Havia muita pobreza. E eu querendo ser militante, morando na casa de um primo. Às noites, paravam amigos dele e falavam de políticas, e eu ligado querendo militar. Havia clima de esperanças com as propostas novas do Presidente joão Goulart. O foco era os trabalhadores. Em 13 de março de 1964, me juntei a uns militantes do Jacarezinho, e que eu nem conhecia bem.
Veio o golpe militar, com uma ditadura militar que durou 21 anos, de 1964 a 1985. Durante 21 anos, sem militância. A militância era secreta, ninguém sabia, era medo. Com prisões e tortura que iam até a morte. Eu tinha vontade de militar. Eu conversava com alguns colegas, eles mudavam de assunto ou saíam de perto.
Eu aqui no Rio de Janeiro, até 1990 fui metalúrgico. Em 87, conheço a militância no Sindicato dos Metalúrgicos
Aí começo a participar de seminários, quando em um desses seminários em 1988, em Angra dos Reis, conheci o Gelson que também era metalúrgico e militante da C.T.I. – Corrente de Trabalhadores Independente. Aí comecei a saber através do Gelson que esse movimento surgiu no campo. Passei a me interessar mais, pois foi do campo a minha origem. Meu pai era camponês.
O movimento passou a atuar em 10 estados. Com isso, a prioridade sempre foi a base. Hoje estou com 33 anos como militante. Nesse período houve evolução estratégica de nomes: em 1992, passou de C.T.I. para M.C.I., Movimento das Comissões de Lutas; em 2011, de M.C.I. para M.C.P., Movimento das Comunidades Populares.
Hoje sou militante não só do MCP, mas de qualquer causa por justiça social das causas humanas.
Políticas públicas
(2021)
- Nós temos projetos já em andamento em Manguinhos, onde um dos focos é o Conselho Comunitário de Manguinhos, onde atuam com um coletivo de mais ou menos 30 moradores de Manguinhos. Foi através dessa organização que conseguimos, em 2021, a aprovação de um projeto na Câmara de Vereadores de uma verba no valor de 30 milhões destinados à saúde, sendo 10 milhões para Manguinhos, 10 milhões para o Jacarezinho e 10 milhões para a Maré.
- Temos outros projetos em andamento em Manguinhos: Rádio do Povo e o jornalzinho O Manguinhos, que é semanal. Já estamos no número 35.
- Outro projeto ainda a pôr em prática é Ação Popular em Manguinhos. Nesse, vamos precisar de: professores, psicólogos, médicos, agentes de saúde, advogados e outros voluntários. E vamos avançar. A Base é o Povo.
Importância das iniciativas comunitárias e coletivas[editar | editar código-fonte]
A alienação e o individualismo são muito grandes. Temos que elaborar um projeto coletivo com os pés no chão. Viver no meio do povo como um peixe na água. O capitalismo convence, através das mídias e das igrejas, que ser pobre é normal. É um destino por causa do pecado. Porém, o capitalismo oferece brechas para que alguns audaciosos possam vencer na vida. Isso pode ser através de um bom comércio podendo ser um negócio dentro ou fora da favela. Outros conseguem fazer uma faculdade e logo vão embora da favela.
Conheço o Educafro há mais de 20 anos encaminhando jovens à universidade, e assim muitos se formaram e foram embora da favela. Nunca vi um militante de movimentos sociais falar que passou pelo Educafro. São todos alienados e o capitalismo agradece.
Inspiração
Movido pela vontade de ver o fim do capitalismo, grande responsável pelas desigualdades sociais
Lembranças
- Igreja de São Daniel
- Conjunto de casas
- Ruas Santana do Livramento, Gregório de Sá e outras ruas paralelas do outro lado da Estrada de Manguinhos. (Em 1963)
- Reforça em suas lembranças uma grande enchente que ocorreu em 1991, quando o povo fechou a Avenida dos Democratas com uma montanha formada por geladeiras, colchões etc.
Sonho[editar | editar código-fonte]
- Libertação do povo das garras do capitalismo
- Esperança que um dia a luta dê certo
Quais foram as lutas? Quais foram os aliados? Quais os opositores? Conflitos dentro do grupo? Organizações políticas, religiosas e comunitárias, as quais esteve filiado)
- MCP (Movimento das Causas Populares)
- Luta contra os sofrimentos do povo de todos os tipos de opressões e injustiças sociais.
- Um militante em defesa dos direitos de todos os oprimidos. Por um mundo melhor para todos os humanos.
Sobre as organizações partidárias[editar | editar código-fonte]
O Brasil tem hoje com 33 partidos legalizados no TRE. Isso mantém uma boa forma do povo acreditar numa falsa democracia que só serve para manter o poder econômico dos capitalistas.
Com a verba partidária, os partidos usam o povo nas eleições como gado e, com isso, o capital fala mais alto, esmagando a democracia que nunca será os interesses do povo.
Assim, o partido serve aos interesses e à manutenção do estado capitalista, e nunca aos interesses do povo. Em vez do estado servir ao povo, o povo é que serve ao estado organizado pelos partidos que administram os estados. Com isso, o povo fica sem saber o que é democracia.
Os partidos não estão com o povo. Os partidos usam o povo dizendo que é democracia, quando, na realidade, o povo não manda nada, e quem manda é o poder econômico. E o povo não sabe, e os partidos não falam isso ao povo.
Só a palavra partido significa parte do povo e serve para dividir o povo. Logo povo dividido é povo controlado.
Sobre a Favela de Manguinhos[editar | editar código-fonte]
A favela de Manguinhos, também denominada de Complexo de Manguinhos está situada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro e se caracteriza por ter o quinto pior IDH do município e um alto índice de violência urbana. O complexo de Manguinhos conta com 12 comunidades e uma população estimada em 36 mil habitantes.
Sua ocupação ocorreu ao longo do século XX a partir de múltiplas ações, incentivadas pelo estado ou não. É possível identificar cinco ciclos de ocupações da região que foram iniciadas no início do século XX com os funcionários do então Instituto Oswaldo Cruz. O segundo ciclo pode ser identificado durante a década de 1940 com o surgimento do Parque Manoel Chagas, hoje, Varginha.
O terceiro ciclo é localizado na década de 1950 quando são construídos conjuntos habitacionais, alguns de cunho “provisório” - como o CHP-2, que existe até os dias de hoje - e outros de caráter permanente, como a Vila União, destinado a funcionários da Casa da Moeda. É nesse período que se abrem importantes vias como a Rua Leopoldo Bulhões e a Avenida Brasil. Na década de 90 são construídos novos conjuntos habitacionais, já nas margens da rua Leopoldo Bulhões, - o Nelson Mandela e o Samora Machel -, e na década seguinte surgem o Samora II e o Vitória de Manguinhos, ocupando antigos depósitos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Estes dois últimos ciclos de ocupação da região já são compreendidos dentro de uma ação estatal mais planejada.
Assim, atualmente Manguinhos é formada pelas seguintes comunidades: Parque João Goulart, Vila Turismo, CHP-2, Parque Manoel Chagas, Vila União, Vila São Pedro, Comunidade Agrícola de Higienópolis, Parque Oswaldo Cruz, Parque Herédia de Sá, Parque Horácio Cardoso Franco, Vila Arará, Vitória de Manguinhos e Mandela de Pedra, Conjunto ex-Combatentes e Suburbana, Conjunto Nelson Mandela e Conjunto Samora Machel.
Saiba mais, clique aqui!
Fotos[editar | editar código-fonte]
Fontes e referências[editar | editar código-fonte]
Respostas retiradas de uma entrevista concedida para o podcast: Rádio povo – PROGRAMA O MANGUINHO 40). Tema: A luta continua.
Instituto de Estudos Libertários
Ver também[editar | editar código-fonte]
- O Movimento Revolucionário 8 de Outubro e as favelas no Rio de Janeiro
- Ditadura e violência nas favelas
- Movimento das Comunidades Populares
- Militarização e violência revelam uma “transição inacabada” no Brasil (artigo)
- Federação de Favelas do Rio busca reparação inédita por perseguição na ditadura (artigo)
- Favelas, pandemias e cidadanias (lives)
- Juventudes em favelas (debate)