Ganha vida ou vida perdida? (poema): mudanças entre as edições
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Edição atual tal como às 14h04min de 8 de novembro de 2024
Ganha vida ou vida perdida? é um poema escrito por Patrícia Batista.
Autoria: Patrícia Batista
Letra do poema[editar | editar código-fonte]
O ponteiro da vida parece correr mais rápido do que a corrida até o ônibus lotado às cinco da madrugada.
Sem tempo de café da manhã, sem vale transporte pra arcar com a passagem, sem tempo de sono o suficiente para descansar.
Cada um em pé se espremendo para caber no espaço entre a roleta e a porta do motorista.
Ganha vida ou vida perdida?
Com seus olhos cansados e mochilas gastas guardam sonhos, esperanças e, com certeza, muitas raivas.
Com os postinhos lotados e eventuais faltas de médicos é preciso maneirar no ódio.
Caprichar nas doses de dipirona pra não cair, pra não tontear enquanto se equilibra e se segura nas barras geladas do ônibus Troncal 9 ao entardecer da volta.
Algumas horas até a chegada, algumas horas até a partida e poucas, pouquíssimas horas para a vida.
Na volta pra casa, pra economizar perna, já desce na esquina do mercado.
Leva o feijão da promoção, o arroz mais barato e a cartela de ovos perto da prateleira da saída.
Só pra compensar o suor do dia também leva um sonho, com bastante açúcar, pra dar gás até o término do dia.
Já de noite, a hora cresce no celular: Já são dezenove horas!
É hora de correr pra preparar tudo pra descansar e garantir a pontualidade, o arroz e a passagem.
É hora de dormir pra garantir a subvida.