Estudo sobre a distribuição das taxas de encarceramento nos estados brasileiros e principais variáveis associadas - Influências socioeconômicas e ideológicas (resenha): mudanças entre as edições
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Autoria: Vinicius Pinheiro Israel | |||
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O artigo faz uma análise das principais variáveis correlacionadas com as taxas de encarceramento nos estados brasileiros e analisa o impacto do posicionamento político dos governadores no punitivismo estatal. Metodologicamente, realiza-se uma abordagem inferencial que promove o diálogo entre a estatística clássica e o paradigma bayesiano. Modelos de regressão múltipla e lineares generalizados são testados e os melhores confirmam a associação significativa entre as taxas de encarceramento e a taxa de urbanização ou desenvolvimento, proporção da população de jovens, voto em Dilma Rousseff e índice Gini. | O artigo faz uma análise das principais variáveis correlacionadas com as taxas de encarceramento nos estados brasileiros e analisa o impacto do posicionamento político dos governadores no punitivismo estatal. Metodologicamente, realiza-se uma abordagem inferencial que promove o diálogo entre a estatística clássica e o paradigma bayesiano. Modelos de regressão múltipla e lineares generalizados são testados e os melhores confirmam a associação significativa entre as taxas de encarceramento e a taxa de urbanização ou desenvolvimento, proporção da população de jovens, voto em Dilma Rousseff e índice Gini. | ||
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Este é o primeiro texto na sociologia brasileira que trata, quantitativamente, da influência ideológica dos governadores nas taxas de encarceramento dos estados. Além de fazer um diálogo com a literatura internacional sobre as variáveis socioeconômicas que estão associadas ao fenômeno do encarceramento em massa. | Este é o primeiro texto na sociologia brasileira que trata, quantitativamente, da influência ideológica dos governadores nas taxas de encarceramento dos estados. Além de fazer um diálogo com a literatura internacional sobre as variáveis socioeconômicas que estão associadas ao fenômeno do encarceramento em massa. | ||
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== Ver também == | |||
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*[[Estudos sobre prisão: um balanço do estado da arte nas Ciências Sociais nos últimos vinte anos no Brasil (1997-2017) (resenha)]] | |||
*[[Violência, Criminalidade, Segurança Pública e Justiça Criminal no Brasil: Uma Bibliografia (resenha)]] | |||
*[[Religião e crime (debate)]] | |||
*[[Do Luto ao STF: Vozes das Favelas Pela Redução da Letalidade Policial em Audiência Pública (artigo)]] | |||
*[[Sociabilidade violenta: por uma interpretação da criminalidade contemporânea no Brasil urbano (artigo)]] | |||
*[[Sob o domínio do medo (artigo)]] | |||
== Referências == | |||
BRAGA, Sérgio; ROCHA, Leonardo [e] CARLOMAGNO, Márcio. (2015), “A internet e os partidos políticos brasileiros”. Cadernos Adenauer, Vol. 16, nº 3, pp. 47-73. | BRAGA, Sérgio; ROCHA, Leonardo [e] CARLOMAGNO, Márcio. (2015), “A internet e os partidos políticos brasileiros”. Cadernos Adenauer, Vol. 16, nº 3, pp. 47-73. | ||
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TAROUCO, Gabriela [e] MADEIRA, Rafael. (2013), “Esquerda e direita no sistema partidário brasileiro: Análise de conteúdo de documentos programáticos”. Revista Debates, Vol. 7, nº 2, pp. 93-114. | TAROUCO, Gabriela [e] MADEIRA, Rafael. (2013), “Esquerda e direita no sistema partidário brasileiro: Análise de conteúdo de documentos programáticos”. Revista Debates, Vol. 7, nº 2, pp. 93-114. | ||
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Edição atual tal como às 15h01min de 24 de agosto de 2023
Resenha sobre o trabalho realizado por Israel e Pereira[1], no qual fazem uma análise das principais variáveis correlacionadas com as taxas de encarceramento nos estados brasileiros e analisa o impacto do posicionamento político dos governadores no punitivismo estatal.
Autoria: Vinicius Pinheiro Israel
Sobre[editar | editar código-fonte]
O artigo faz uma análise das principais variáveis correlacionadas com as taxas de encarceramento nos estados brasileiros e analisa o impacto do posicionamento político dos governadores no punitivismo estatal. Metodologicamente, realiza-se uma abordagem inferencial que promove o diálogo entre a estatística clássica e o paradigma bayesiano. Modelos de regressão múltipla e lineares generalizados são testados e os melhores confirmam a associação significativa entre as taxas de encarceramento e a taxa de urbanização ou desenvolvimento, proporção da população de jovens, voto em Dilma Rousseff e índice Gini.
VINICIUS PINHEIRO ISRAEL é professor do Departamento de Métodos Quantitativos da Escola de Matemática da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), doutor em Sociologia pelo Iesp/Uerj e doutor em Estatística pela UFRJ. Atua nas áreas de estratificação social, sociologia da punição, metodologia quantitativa, entre outras.
NATASHA BACHINI PEREIRA é doutora em Sociologia pelo Iesp/Uerj, mestre pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais (PEPG
em Ciências Sociais) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP, Brasil) e graduada em ciências sociais pela PUC-SP.
Resumo dos principais argumentos[editar | editar código-fonte]
O artigo parte de um diálogo com o trabalho de Jacobs e Carmichel (2021) para investigar que variáveis estão associadas ao encarceramento em massa nas unidades da federação no Brasil. As seguintes hipóteses são elencadas no texto:
Hipótese 1: ameaça das minorias (racismo e xenofobia)
Hipótese 2: estratificação social
Hipótese 3: taxa de desemprego
Hipótese 4: ideologia (fatores políticos e religiosos)
Hipótese 5: as metrópoles
Hipótese 6: encarceramento de jovens
Na segunda parte do artigo, o objetivo é compreender a influência do posicionamento político dos governadores no aumento das taxas de encarceramento nos estados (TAROUCO, MADEIRA, 2013; BRAGA, ROCHA, CALOMAGNO, 2015).
Para construção dos argumentos do artigo, foi elaborado um banco de dados sobre o punitivismo prisional brasileiro com variáveis socioeconômica e políticas. Os dados foram obtidos das seguintes fontes: Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA), IBGE (2013, 2014), PNUD, Ipea e FJP (2010), Waiselfisz (2014), Depen (2005, 2012, 2014), SGPR e SNJ (2015) e Coordenação de População e Indicadores Sociais. A metodologia quantitativa utilizada partiu de modelos de regressão linear múltipla e modelos lineares generalizados (na família gama). A inferência procurou fazer um diálogo entre a tradição clássica com o paradigma bayesiano.
As taxas de encarceramento mais altas são explicadas por quatro regressores: a taxa de urbanização, o voto em Dilma, a proporção de jovens e a desigualdade social. A taxa de urbanização e a proporção de jovens estão associadas positivamente às taxas de encarceramento, e o voto em Dilma e a desigualdade, negativamente. Quanto ao aumento das taxas, fica clara a influência política dos governos dos estados, prendendo mais os partidos mais à direita, em detrimento dos de esquerda, sem efeito, no entanto, para a dicotomia liberal/conservador.
A Figura 1 apresenta o resultado do modelo em relação à associação entre ideologia dos governadores e encarceramento. Um estado que teve posição política igual a 2, teve um aumento médio em sua taxa de encarceramento de 2014 de 2,28 vezes a sua taxa em 2004. E um estado que teve posição política igual a -1 teve, em 2014, aumento médio de 1,57 vezes a sua taxa de encarceramento de 2004. No período estudado, todos os estados brasileiros tiveram aumento em suas taxas de encarceramento.
Em conclusão, as principais variáveis explicativas e suas hipóteses apontam para duas características punitivistas do Estado moderno: a capacidade do Estado de fazer valer as regras punitivas e a vontade/inclinação em resolver os conflitos inerentes da fase atual do capitalismo por vias punitivistas. No primeiro caso, os estados mais urbanizados, com maior desenvolvimento, os mais ricos, possuem maior capacidade de gerir um aparato punitivo cada vez mais caro e extenso (policiais, juízes, promotores, sistema prisional e toda estrutura correlata). Isso corrobora a posição weberiana de monopólio legítimo da violência, mas sob condições de capacidade do estado fazer valer as regras punitivas. No outro caso, a vontade punitiva é um dos fatores que aparecem na dinâmica do debate político como alternativa para tratar o crime e a violência, principalmente contra os mais jovens. A tensão aparece entre a capacidade de punir e a legitimidade de controle de parcela, cada vez maior e sempre seletiva, da população.
Apreciação crítica[editar | editar código-fonte]
Este é o primeiro texto na sociologia brasileira que trata, quantitativamente, da influência ideológica dos governadores nas taxas de encarceramento dos estados. Além de fazer um diálogo com a literatura internacional sobre as variáveis socioeconômicas que estão associadas ao fenômeno do encarceramento em massa.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Favela e Prisão
- Estudos sobre prisão: um balanço do estado da arte nas Ciências Sociais nos últimos vinte anos no Brasil (1997-2017) (resenha)
- Violência, Criminalidade, Segurança Pública e Justiça Criminal no Brasil: Uma Bibliografia (resenha)
- Religião e crime (debate)
- Do Luto ao STF: Vozes das Favelas Pela Redução da Letalidade Policial em Audiência Pública (artigo)
- Sociabilidade violenta: por uma interpretação da criminalidade contemporânea no Brasil urbano (artigo)
- Sob o domínio do medo (artigo)
Referências[editar | editar código-fonte]
BRAGA, Sérgio; ROCHA, Leonardo [e] CARLOMAGNO, Márcio. (2015), “A internet e os partidos políticos brasileiros”. Cadernos Adenauer, Vol. 16, nº 3, pp. 47-73.
JACOBS, David [e] CARMICHAEL, Jason. (2001) “The Politics of Punishment Across Time and Space: Pooled Time-Series Analysis in Imprisonment Rates”. Social Forces, Vol. 80, nº 1, pp. 61-91.
SALLA, Fernando. (2003), “Os impasses da democracia brasileira: O balanço de uma década de políticas para as prisões”. Lusotopie, nº 10, pp. 419-435.
SINHORETTO, Jacqueline; SILVESTRE, Giane [e] MELO, Felipe. (2013), “O encarceramento em massa em São Paulo”. Tempo Social, Vol. 25, nº 1, pp. 83-106.
TAROUCO, Gabriela [e] MADEIRA, Rafael. (2013), “Esquerda e direita no sistema partidário brasileiro: Análise de conteúdo de documentos programáticos”. Revista Debates, Vol. 7, nº 2, pp. 93-114.