Museologia Social: mudanças entre as edições
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MUSEOLOGIA SOCIAL é um movimento que envolve vários campos de conhecimento e prática social, acadêmicos ou não. Sintetiza-se na ideia de que os mecanismos de valorização da memória e das ações de preservação tenham como prioridade a busca pelo direito à diversidade, à dignidade humana, o respeito e os princípios de liberdade. | MUSEOLOGIA SOCIAL é um movimento que envolve vários campos de conhecimento e prática social, acadêmicos ou não. Sintetiza-se na ideia de que os mecanismos de valorização da [[Memórias e museus em favelas (debate)|memória]] e das ações de preservação tenham como prioridade a busca pelo direito à diversidade, à dignidade humana, o respeito e os princípios de liberdade. | ||
Autora: Inês Gouveia. | Autora: Inês Gouveia. | ||
== Sobre == | == Sobre == | ||
A museologia social é assumidamente a favor da porção social historicamente alijada do processo de construção de memória, por questões de gênero e orientação sexual, questões raciais e culturais, religiosas, territoriais, econômicas etc. Esse movimento se liga às críticas sociais que a instituição museu recebeu na Europa, entre 1960 e 1970, e que, por dentro do campo museológico produziram discursos e práticas a favor dos ecomuseus e de uma nova museologia. O Brasil teve desde o século passado museus que se organizavam como meios e não como fins, mas a partir dos anos 1980, com a redemocratização, o caráter político ficou mais explícito. Ainda de dentro do campo, outros acontecimentos apontaram a fissura de um modelo de preservação centrado na materialidade do patrimônio, a exemplo do Movimento Internacional por uma Nova Museologia (criado em 1984, e que segue atuante). A partir dos anos 2000, as ações de museologia social passaram a ser assumidas pelas políticas públicas, com a Política Nacional de Museu e o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). No âmbito desta autarquia federal do Ministério da Cultura foi criado o Programa Pontos de Memória. Inspirados no Museu da Maré (inaugurado anteriormente, em 2006), os Pontos de Memória passaram a ser fomentados em 2009, com o objetivo de incentivar a representação de memórias de pessoas e suas lutas pela construção de seus territórios (concretos e simbólicos). As ações evolveram formação, estabelecimento de redes, premiação, assessorias e fomento. Na interlocução entre os agentes da sociedade civil e o IBRAM, produziram-se alicerces para uma política pública democrática e participativa de memória. Há hoje diversas expressões da museologia social no Brasil, que representam e refletem aspectos da luta e resistência da população urbana, como: Museu da Maré, Museu de Favelas, Museu das Remoções, Museu do Horto, Sankofa Museu da Rocinha e outros. No mesmo sentido há também grupos, museus e redes que se dedicam a lutas com respeito às diferentes identidades culturais: Rede LGBT de Memória e Museologia Social, Rede de Museus Indígenas e Rede de Museologia Social do Rio de Janeiro, para dar alguns exemplos. | A museologia social é assumidamente a favor da porção social historicamente alijada do processo de construção de memória, por questões de gênero e orientação sexual, questões raciais e culturais, religiosas, territoriais, econômicas etc. Esse movimento se liga às críticas sociais que a instituição [[Museu das favelas|museu]] recebeu na Europa, entre 1960 e 1970, e que, por dentro do campo museológico produziram discursos e práticas a favor dos ecomuseus e de uma nova museologia. O Brasil teve desde o século passado museus que se organizavam como meios e não como fins, mas a partir dos anos 1980, com a redemocratização, o caráter político ficou mais explícito. Ainda de dentro do campo, outros acontecimentos apontaram a fissura de um modelo de preservação centrado na materialidade do patrimônio, a exemplo do Movimento Internacional por uma Nova Museologia (criado em 1984, e que segue atuante). A partir dos anos 2000, as ações de museologia social passaram a ser assumidas pelas [[:Categoria:Políticas Públicas|políticas públicas]], com a Política Nacional de Museu e o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). No âmbito desta autarquia federal do Ministério da Cultura foi criado o Programa Pontos de Memória. Inspirados no Museu da Maré (inaugurado anteriormente, em 2006), os Pontos de Memória passaram a ser fomentados em 2009, com o objetivo de incentivar a representação de memórias de pessoas e suas lutas pela construção de seus territórios (concretos e simbólicos). As ações evolveram formação, estabelecimento de redes, premiação, assessorias e fomento. Na interlocução entre os agentes da sociedade civil e o IBRAM, produziram-se alicerces para uma política pública democrática e participativa de memória. Há hoje diversas expressões da museologia social no Brasil, que representam e refletem aspectos da luta e resistência da população urbana, como: Museu da Maré, Museu de Favelas, Museu das Remoções, Museu do Horto, Sankofa Museu da Rocinha e outros. No mesmo sentido há também grupos, museus e redes que se dedicam a lutas com respeito às diferentes identidades culturais: Rede LGBT de Memória e Museologia Social, Rede de Museus Indígenas e Rede de Museologia Social do Rio de Janeiro, para dar alguns exemplos. | ||
== Vídeo sobre Museologia Social == | == Vídeo sobre Museologia Social == |
Edição atual tal como às 16h36min de 13 de setembro de 2023
MUSEOLOGIA SOCIAL é um movimento que envolve vários campos de conhecimento e prática social, acadêmicos ou não. Sintetiza-se na ideia de que os mecanismos de valorização da memória e das ações de preservação tenham como prioridade a busca pelo direito à diversidade, à dignidade humana, o respeito e os princípios de liberdade.
Autora: Inês Gouveia.
Sobre[editar | editar código-fonte]
A museologia social é assumidamente a favor da porção social historicamente alijada do processo de construção de memória, por questões de gênero e orientação sexual, questões raciais e culturais, religiosas, territoriais, econômicas etc. Esse movimento se liga às críticas sociais que a instituição museu recebeu na Europa, entre 1960 e 1970, e que, por dentro do campo museológico produziram discursos e práticas a favor dos ecomuseus e de uma nova museologia. O Brasil teve desde o século passado museus que se organizavam como meios e não como fins, mas a partir dos anos 1980, com a redemocratização, o caráter político ficou mais explícito. Ainda de dentro do campo, outros acontecimentos apontaram a fissura de um modelo de preservação centrado na materialidade do patrimônio, a exemplo do Movimento Internacional por uma Nova Museologia (criado em 1984, e que segue atuante). A partir dos anos 2000, as ações de museologia social passaram a ser assumidas pelas políticas públicas, com a Política Nacional de Museu e o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). No âmbito desta autarquia federal do Ministério da Cultura foi criado o Programa Pontos de Memória. Inspirados no Museu da Maré (inaugurado anteriormente, em 2006), os Pontos de Memória passaram a ser fomentados em 2009, com o objetivo de incentivar a representação de memórias de pessoas e suas lutas pela construção de seus territórios (concretos e simbólicos). As ações evolveram formação, estabelecimento de redes, premiação, assessorias e fomento. Na interlocução entre os agentes da sociedade civil e o IBRAM, produziram-se alicerces para uma política pública democrática e participativa de memória. Há hoje diversas expressões da museologia social no Brasil, que representam e refletem aspectos da luta e resistência da população urbana, como: Museu da Maré, Museu de Favelas, Museu das Remoções, Museu do Horto, Sankofa Museu da Rocinha e outros. No mesmo sentido há também grupos, museus e redes que se dedicam a lutas com respeito às diferentes identidades culturais: Rede LGBT de Memória e Museologia Social, Rede de Museus Indígenas e Rede de Museologia Social do Rio de Janeiro, para dar alguns exemplos.