Museu das favelas
O Museu das Favelas é um ponto de encontro inspirado na potência das favelas e que traz um novo entendimento a respeito do papel de um museu na sociedade: um espaço que inclui as vivências que partem da periferia, dos assentamentos, ocupações, quilombolas e populações ribeirinhas. Em outras palavras, uma experiência que marca pessoas, saberes, conhecimentos e territórios.
Autoria: Clayton Melo[1].
Sobre[editar | editar código-fonte]
O Museu das Favelas nasce em São Paulo, em razão do Decreto Estadual nº 66.194, de 8 de novembro de 2021, constituindo-se enquanto equipamento público da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo. Desde janeiro de 2022, a gestão é realizada pelo IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão, organização social de cultura. O museu será sediado no Palácio dos Campos Elíseos, edifício tombado e localizado na região central da cidade de São Paulo.
Este museu está em processo de construção coletiva, e para isso, propõe uma série de ações em busca de aproximação, diálogo e reflexão com diferentes interlocutores do país. Buscamos um espaço que nasce ecoando vozes, lutas e memórias das favelas, constituídas através do canto, da fala, da pesquisa, da festa e do jogo, e de tantos que vieram antes de nós. Estamos trabalhando para tornar este museu um local de acolhimento e experiências, para que a partir do encontro possamos juntos construir o chão que queremos pisar e viver.
Somos parte da importante rede de museus do Estado de São Paulo e buscamos nos conectar com pessoas que entendam que o caminho para a mudança precisa passar pelas experiências e memórias das favelas.
Assista ao vídeo abaixo e conheça melhor o Museu:
Sobre o local[editar | editar código-fonte]
O Museu das Favelas começou a funcionar no Palácio dos Campos Elíseos, uma das construções mais tradicionais da cidade, que faz parte da história de São Paulo por ter sido a sede do governo estadual entre 1935 e 1965. E o fato de o museu ser nesse local, um palácio que nasceu da e para a aristocracia cafeeira e política, na passagem do século 19 para o 20, tem um significado simbólico importante: a proposta do Museu das Favelas é trazer um novo olhar para esse espaço, tornando-o mais inclusivo e com estímulo a reflexões sobre a história da cidade e suas contradições sociais e econômicas, por meio de exposições, instalações, debates, oficinas, atividades para crianças, palestras e programação cultural.
“Quando trazemos aqui historiadores que vão contar a história pela visão dos que foram esquecidos, marginalizados, vencidos em guerra, gentrificados, é simplesmente dizer para o que viemos. É mostrar que o Palácio dos Campos Elíseos terá uma nova composição, que essa arquitetura, hoje, servirá para visibilizar aqueles que outrora foram postos pra fora daqui”, diz Carla Zulu, Coordenadora de Relações Institucionais do Museu das Favelas. “As exposições e instalações propostas mostram o quanto valorizamos os nossos artistas e teóricos”, afirma.
Atividades[editar | editar código-fonte]
Equipamento público da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, o Museu das Favelas é gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), organização social de cultura. Ele terá atividades no jardim do palácio e nas salas do piso térreo, como ciclos de debates, instalações e exposições temporárias, além de atividades de fim de semana, como prática de yoga, atividades infantis literárias, oficinas de produção musical, shows e espetáculo teatral.
Os andares superiores vão receber, ao longo dos meses, exposições de longa duração e instalações. Toda a programação é gratuita, com funcionamento de terça a domingo, das 9 às 18hs.
Nessa fase de abertura, o Museu das Favelas apresenta uma exposição sobre as raízes da favela, composta por cinco partes, sendo três internas e duas externas.
No hall de entrada há esculturas tecidas em crochê criadas pela artista Lidia Lisbôa com a colaboração de sete mulheres do Coletivo Tem Sentimento e da Cooperativa Sin Fronteras, grupos de mulheres da vizinhança do Museu.
Em umas das salas laterais há uma instalação audiovisual sensorial, cuja curadoria selecionou imagens de 20 fotógrafos e produtores de conteúdos de diferentes periferias do Brasil. O projeto, chamado “Visão Periférica”, mostra a multiplicidade das experiências nas favelas, despertando memórias afetivas por meio do cruzamento de linguagens.
Na área externa, haverá uma instalação sobre a história do Palácio dos Campos Elíseos, com pesquisa de História da Disputa e produzido com artes em serigrafia pelo Coletivo XiloCeasa. Nos jardins, Paulo Nazareth – conhecido por suas andanças ao redor do mundo e seu trabalho que questiona os limites da performance como linguagem artística – traz uma das instalações de seu projeto “Corte Seco”, em homenagem a Maria Beatriz Nascimento: uma escultura de alumínio, de seis metros de altura retratando a historiadora, poeta, intelectual e ativista negra.
A programação completa e a atualização das atividades pode ser acessada no site do museu!
Reportagens[editar | editar código-fonte]
- Museu das Favelas leva a periferia para o centro e as preserva a partir de suas memórias
- Museu das Favelas abre ao público neste sábado no Centro de SP
- A potência periférica que busca um novo olhar para o Palácio dos Campos Elíseos
- Museu das Favelas comemora o Dia Nacional do Samba e transmite jogo do Brasil
- Museu das favelas: espaço busca ser novo ponto de encontro da cultura periférica, preta e quilombola em SP
- Moradores da periferia dizem o que pensam sobre o Museu das Favelas
Redes sociais[editar | editar código-fonte]
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Museu Sankofa Memória e História da Rocinha
- Memórias e museus em favelas (debate)
- Memória Rocinha (projeto)
- ↑ Reportagem publicada originalmente em A Vida no Centro.