Associação Cultural Lanchonete: mudanças entre as edições
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Autoria: informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de redes de comunicação oficiais.<ref>https://www.lanchonetelanchonete.com/</ref> | Autoria: informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de redes de comunicação oficiais.<ref>https://www.lanchonetelanchonete.com/</ref> | ||
[[Arquivo:Associação Cultural Lanchonete.png|miniaturadaimagem|100x100px|Associação Cultural Lanchonete]] | [[Arquivo:Associação Cultural Lanchonete.png|miniaturadaimagem|100x100px|Associação Cultural Lanchonete]] | ||
== Sobre == | == Sobre == | ||
Em atividade desde 2016, legalmente constituída em 2019, tem como missão fundamental apoiar o desenvolvimento saudável da primeira infância, da adolescência e de mulheres residentes em ocupações da região - território que foi historicamente submetido à violência do racismo e da pobreza. | Em atividade desde 2016, legalmente constituída em 2019, tem como missão fundamental apoiar o desenvolvimento saudável da primeira infância, da adolescência e de mulheres residentes em ocupações da região - território que foi historicamente submetido à violência do [[Racismo, motor da violência (relatório)|racismo]] e da pobreza. | ||
Diante da desumanização naturalizada há séculos, nos movimentamos na conquista do direito à vida digna, com infâncias atendidas na fome, saúde, educação, moradia, lazer e liberdade. Desenvolvemos circunstâncias para conscientização da responsabilidade da branquitude na desigualdade social | Diante da desumanização naturalizada há séculos, nos movimentamos na conquista do direito à vida digna, com infâncias atendidas na fome, [[Saúde na Favela numa Perspectiva Antirracista (cartilha)|saúde]], educação, [[moradia]], lazer e liberdade. Desenvolvemos circunstâncias para conscientização da responsabilidade da branquitude na desigualdade social e na dívida histórica com as nações indígenas e africanas, a fim de implicar a pessoa branca ativamente na reparação dos danos causados em todas as instâncias das existências, inclusive economicamente. Vislumbramos novos paradigmas também no campo ampliado da arte. | ||
Alocada em um galpão de 240m2, a | Alocada em um galpão de 240m2, a Lanchonete é um espaço de liberdade, dignidade, segurança, plural e inclusivo. | ||
O tempo atuando no território nos ofereceu a oportunidade de contextualizar nossa práxis que atualmente é organizada nos seguintes eixos: Escola por Vir, Cozinha Eco AfroAfetiva, Atenção às Mulheres do Território, Moradia Comum, Atenção Psicossocial e Rádio. | O tempo atuando no território nos ofereceu a oportunidade de contextualizar nossa práxis que atualmente é organizada nos seguintes eixos: Escola por Vir, Cozinha Eco AfroAfetiva, Atenção às Mulheres do Território, Moradia Comum, Atenção Psicossocial e Rádio. | ||
== Trajetória == | == Trajetória == | ||
Surgiu em 2016 como uma práxis estético política mobilizada pela artista Thelma Vilas Boas a fim de ampliar a discussão sobre o campo da arte e seus paradigmas. Ganhou o apelido | Surgiu em 2016 como uma práxis estético política mobilizada pela artista Thelma Vilas Boas a fim de ampliar a discussão sobre o campo da arte e seus paradigmas. Ganhou o apelido Lanchonete quando se instalou em 2017 na garagem do Saracvra, um espaço de arte independente no bairro da Gamboa, tendo como ponto de partida a construção de vínculos com a comunidade através da comensalidade. | ||
Admitindo o estômago e o "gesto de se sentar em volta da mesa em festa" como o dispositivo que aproxima diferentes e diferenças, com um layout de lanchonete tão conhecido por toda gente e que não requer nenhum conhecimento a priori para sua ativação, as urgências e demandas elencadas através dos corpos dos participantes revelaram o seu devir, experimentando um modo próprio de funcionamento, gestão, regras, agenda e festa. | Admitindo o estômago e o "gesto de se sentar em volta da mesa em festa" como o dispositivo que aproxima diferentes e diferenças, com um layout de lanchonete tão conhecido por toda gente e que não requer nenhum conhecimento a priori para sua ativação, as urgências e demandas elencadas através dos corpos dos participantes revelaram o seu devir, experimentando um modo próprio de funcionamento, gestão, regras, agenda e festa. | ||
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que com o tempo tem tomado conhecimento da agenda de atividades e convivência, sentindo-se atraídos pela proposta de construção de novas comunas e modos de ser, fazer e estar no mundo. Um movimento que pensa, se organiza e compõe novas inteligências a partir de múltiplos corpos que resistem contra a reprodução estrutural da violência, do racismo, da fome e injustiça social, pensando a urgência de se pautar as questões essenciais para a restituição de humanidades negadas em suas ações. | que com o tempo tem tomado conhecimento da agenda de atividades e convivência, sentindo-se atraídos pela proposta de construção de novas comunas e modos de ser, fazer e estar no mundo. Um movimento que pensa, se organiza e compõe novas inteligências a partir de múltiplos corpos que resistem contra a reprodução estrutural da violência, do racismo, da fome e injustiça social, pensando a urgência de se pautar as questões essenciais para a restituição de humanidades negadas em suas ações. | ||
=== No início de 2018, a | === No início de 2018, a Lanchonete migrou para o Bar Delas === | ||
uma ocupação no andar térreo de um imóvel ocupado há quarenta anos por cidadãxs sem moradia, na Pequena África, liderada pela feminista nordestina e moradora Kriss Coiffeur. Ao tradicional boteco que já acolhia os moradores locais, aderiu-se, com a chegada da L<>L, crianças, artistas, pesquisadores, críticos, curadores, urbanistas e outros agentes comunitários. Na diversidade adversa, uma rede híbrida se configurou com o nome de Lanchonete <> Lanchonete _ Ocupação Bar Delas. | uma ocupação no andar térreo de um imóvel ocupado há quarenta anos por cidadãxs sem moradia, na Pequena África, liderada pela feminista nordestina e moradora Kriss Coiffeur. Ao tradicional boteco que já acolhia os moradores locais, aderiu-se, com a chegada da L<>L, crianças, artistas, pesquisadores, críticos, curadores, urbanistas e outros agentes comunitários. Na diversidade adversa, uma rede híbrida se configurou com o nome de Lanchonete <> Lanchonete _ Ocupação Bar Delas. | ||
Edição atual tal como às 15h05min de 23 de fevereiro de 2024
A Lanchonete é uma Associação Cultural, sem fins lucrativos, criada com, para e na Pequena África, bairro , no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Autoria: informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de redes de comunicação oficiais.[1]
Sobre[editar | editar código-fonte]
Em atividade desde 2016, legalmente constituída em 2019, tem como missão fundamental apoiar o desenvolvimento saudável da primeira infância, da adolescência e de mulheres residentes em ocupações da região - território que foi historicamente submetido à violência do racismo e da pobreza.
Diante da desumanização naturalizada há séculos, nos movimentamos na conquista do direito à vida digna, com infâncias atendidas na fome, saúde, educação, moradia, lazer e liberdade. Desenvolvemos circunstâncias para conscientização da responsabilidade da branquitude na desigualdade social e na dívida histórica com as nações indígenas e africanas, a fim de implicar a pessoa branca ativamente na reparação dos danos causados em todas as instâncias das existências, inclusive economicamente. Vislumbramos novos paradigmas também no campo ampliado da arte.
Alocada em um galpão de 240m2, a Lanchonete é um espaço de liberdade, dignidade, segurança, plural e inclusivo.
O tempo atuando no território nos ofereceu a oportunidade de contextualizar nossa práxis que atualmente é organizada nos seguintes eixos: Escola por Vir, Cozinha Eco AfroAfetiva, Atenção às Mulheres do Território, Moradia Comum, Atenção Psicossocial e Rádio.
Trajetória[editar | editar código-fonte]
Surgiu em 2016 como uma práxis estético política mobilizada pela artista Thelma Vilas Boas a fim de ampliar a discussão sobre o campo da arte e seus paradigmas. Ganhou o apelido Lanchonete quando se instalou em 2017 na garagem do Saracvra, um espaço de arte independente no bairro da Gamboa, tendo como ponto de partida a construção de vínculos com a comunidade através da comensalidade.
Admitindo o estômago e o "gesto de se sentar em volta da mesa em festa" como o dispositivo que aproxima diferentes e diferenças, com um layout de lanchonete tão conhecido por toda gente e que não requer nenhum conhecimento a priori para sua ativação, as urgências e demandas elencadas através dos corpos dos participantes revelaram o seu devir, experimentando um modo próprio de funcionamento, gestão, regras, agenda e festa.
A L<>L consolidou-se a partir da ocupação espontânea do seu espaço diariamente pela comunidade, impactando diretamente na vida das crianças e seus relativos e indiretamente na vida de mais de uma centena de pessoas.
O público que frequenta o espaço por decisão própria, ativos, pertencentes ao lugar e ao projeto, desfrutam de todas as dinâmicas gratuitamente. São crianças, jovens e adultos moradorxs do Morro da Providência, da Gamboa, das ocupações adjacentes e também de outras regiões,
que com o tempo tem tomado conhecimento da agenda de atividades e convivência, sentindo-se atraídos pela proposta de construção de novas comunas e modos de ser, fazer e estar no mundo. Um movimento que pensa, se organiza e compõe novas inteligências a partir de múltiplos corpos que resistem contra a reprodução estrutural da violência, do racismo, da fome e injustiça social, pensando a urgência de se pautar as questões essenciais para a restituição de humanidades negadas em suas ações.
No início de 2018, a Lanchonete migrou para o Bar Delas[editar | editar código-fonte]
uma ocupação no andar térreo de um imóvel ocupado há quarenta anos por cidadãxs sem moradia, na Pequena África, liderada pela feminista nordestina e moradora Kriss Coiffeur. Ao tradicional boteco que já acolhia os moradores locais, aderiu-se, com a chegada da L<>L, crianças, artistas, pesquisadores, críticos, curadores, urbanistas e outros agentes comunitários. Na diversidade adversa, uma rede híbrida se configurou com o nome de Lanchonete <> Lanchonete _ Ocupação Bar Delas.
Desde 2019 a Lanchonete <> Lanchonete está alocada em um galpão também na Rua Pedro Ernesto 16 e desenvolvendo os projetos: ESCOLA POR VIR, MULHERES MULTIPLICADORAS, ATENÇÃO PSICOSSOCIAL, MORADIA COMUM, MOCAMBO GRÁFICO, COZINHA ECO AFRO AFETIVA, DESLOCAR É PRECISO e CORPO_SOM_MOVIMENTO.
Em 2020, em resposta aos impactos da pandemia da COVID 19[editar | editar código-fonte]
Foi inaugurado o ENTREPOSTO LANCHONETE, uma base de abastecimento gratuito de alimentos para comunidade.e o programa de
FORMAÇÃO EM PANIFICAÇÃO com Sandro Fernandes Gomes do Nascimento do projeto BOULANGERUA.
Deu-se o início a RODA DAS MULHERES, atendimento à saúde mental das mulheres da comunidade em parceria com a ONG CASA DA ÁRVORE, todas as segundas feiras.
Em 2021, se formou um coletivo de cozinheiras chamado GUERREIRAS DA GAMBOA[editar | editar código-fonte]
composto por um grupo de mulheres do bairro a fim de atender o edital COZINHA SOLIDÁRIA da organização GASTROMOTIVA, fundada em 2006, pelo chef e empreendedor social David Hertz.
Tendo sido selecionadas, na primeira etapa assumiram o compromisso de distribuir 400 refeições semanalmente ao longo de 12 meses e cumprir carga horária de formação em COZINHA SOCIAL. Esta capacitação levou 3 mulheres para o mercado de trabalho formal. Na segunda etapa (versão 2 do edital), em 2022, o coletivo Guerreiras da Gamboa apresentou um projeto com o título CANTINA LANCHONETE, com a proposta de oferecer até 100 almoços/dia para as crianças e educadores da Escola Por Vir, suas famílias e comunidade ao longo do ano e comercializar outra quantidade no próprio bairro a fim de gerar renda para as cozinheiras.
Veja o vídeo da TV Brasil (aparecemos a partir de 18:13)!
No início de 2022[editar | editar código-fonte]
a L<>L recebeu apoio do Instituto Ibirapitanga para oxigenar seus programas nos eixos equidade racial e sistemas alimentares, o que contribuiu para 5 GRUPOS DE TRABALHO se consolidarem dentro da associação: GT Educação, GT Sistemas Alimentares, GT Moradia, GT Psicossocial e GT ARTES. A L<> L participou do Selvagem Ciclo de Estudos, desenvolveu o programa SABORES DOS SABERES e publicou livro de culinária com mesmo título em parceria com o Museu do Amanhã, inaugurou novo espaço no bairro onde estão a Biblioteca Erê, o laboratório de informática e um pequeno estúdio para desenvolver trabalhos de audiovisual no âmbito das atividades da Rádio Comunitária Lanchonete, este com apoio do Moinho Fluminense e Museu da Pessoa.
Além de duas participações importantes nas exposições ZIL ZIL ZIL no Centro Cultural Hélio Oiticica no Rio de Janeiro e INDEPENDÊNCIA E VIDA na Biblioteca Mário de Andrade em São Paulo.