Big Boy e o Baile da Pesada
Verbete criado pela Equipe do Dicionário de favelas Marielle Franco a partir das redes oficiais.
Há exatos 52 anos, mais precisamente em 12 de julho de 1970, os discotecários Ademir Lemos (1946 -1998) e Newton Alvarenga Duarte, o Big Boy (1943 - 1977), criavam o Baile da Pesada, que movimentou o tradicional Canecão, no Rio de Janeiro, tocando clássicos de nomes como James Brown, Tony Tornado, Tim Maia e The Stooges.
Sobre
Quem vê o sucesso de Anitta, Pabllo Vittar e Jojô Todynho, alguns dos personagens que elevaram o funk ao patamar de fenômeno da cultura pop, não imagina que a força do ritmo no país vem de um movimento que começou há meio século.
Assim, a cultura da Black Music chegava ao país pela porta da frente, mais precisamente com a elite da Zona Sul carioca. Cerca de 20 anos depois, em 1990, o funk invadiria a periferia do Rio, e o resto do Brasil, com a força de nomes como Furacão 2000 e DJ Marlboro.
Uma das personalidades mais importantes da rádio brasileira, o DJ e locutor Big Boy marcou toda uma geração de ouvintes dos anos 60 e 70. Com seu estilo irreverente e a minuciosa pesquisa de lançamentos da cena pop internacional, tocados com exclusividade em seus programas, conquistou a juventude da época, sempre saudada pelo inesquecível bordão “Hello, crazy people!”.
Para celebrar os 50 anos, o produtor e DJ Leandro Petersen, filho caçula de Big Boy, convidou grandes nomes da trajetória do funk para fazer uma live, dia 31 de julho de 2020.
O encontro, lembrou divertidas histórias desses bailes, e foi transmitido no Youtube, no Mixcloud e na página recém-criada do Facebook que está sendo atualizada com músicas, vídeos, trechos da voz de Big Boy.
Wildflower - Sunshine Man (confira o som)
Quem foi big boy
Nascido em 1º de junho de 1943, Newton Alvarenga Duarte (o Big Boy) começou a garimpar discos quando tinha 20 anos e chegou a reunir 20 mil vinis em sua coleção. Em 1967, foi contratado pela Rádio Mundial, 860 AM, aquisição do grupo O Globo, cujo comando de restruturação havia sido entregue ao jornalista e poeta Reynaldo Jardim.
Além de radialista, trabalhou em programas de TV e escrevia colunas sobre música nos principais jornais do país. Com o Baile da Pesada, criou um evento pioneiro e eclético, que tocava os sucessos da Rádio Mundial e da conceituada boate Le Bateau. Quando a temporada acabou, Big Boy adquiriu um moderno aparato de som que era transportado em uma kombi pelos clubes do subúrbio fluminense. De forma intuitiva, ele e Ademir criaram a primeira equipe de som brasileira: o Baile da Pesada, que levava a música pop para além da Zona Sul do Rio e começou a influenciar e ser influenciado pela periferia.
O funk de James Brown vivia seu apogeu e era comum que equipes de dançarinos ensaiassem seu repertorio de passos para brilhar nas pistas, com seus ternos, pisantes e cabelo black power.
Naturalmente o funk foi ganhando espaço maior no baile e Big Boy recorria a seu imenso acervo para sacudir a multidão. Em pouco tempo, a turma do subúrbio se organizou também e criou suas próprias equipes.
A partir do sucesso do Baile da Pesada, surgiram equipes notórias que moldaram o movimento Black Rio como a Black Power, Soul Grand Prix, Furacão 2000, Cashbox e diversas outras, dedicadas ao R&B e ao Soul.
Em 1977, Big Boy morre prematuramente aos 33 anos, mas seu legado permanece: os bailes se tornaram uma importante opção de lazer e manifestação cultural no Rio de Janeiro e no Brasil.
James Brown - My Thang (confira o som)
Live Baile da Pesada – 50 anos (Homenagem)
O DJ e produtor Leandro Petersen, filho mais novo de Big Boy, convidou os maiores nomes da trajetória do funk para celebrar a data dos 50 anos do Baile da Pesada. Ele apresentou um set com as músicas marcadas à mão por Big Boy nos selos dos compactos 45 RPM, um precioso legado do acervo de 20 mil discos em vinil deixado por ele, com muito pop, rock, soul e R&B. A inconfundível voz de Big Boy, copiada de fitas antigas, anunciará algumas dessas “pérolas” dos bailes.
O DJ Marlboro fez um set em homenagem à fase áurea do funk Brasil, representando os “herdeiros” do Baile da Pesada e mostrando que o movimento segue até hoje cada vez mais forte.
Corello DJ atacou com o charme, vertente do R&B que dominou os bailes nos anos 80 e reunia multidões dançando no mesmo compasso, com muita elegância e estilo.
Os DJs que dominaram a cena dos bailes nos anos 70, estiveram presentes, tocando o som que embalou os bailes na fase áurea do soul e contando as histórias das primeiras equipes de som: Dom Filó, engenheiro, DJ, videomaker e produtor, fundador da equipe Soul Grand Prix e um dos grandes representantes da cultura black no Brasil;
Mr. Paulão, empresário e DJ, dono da equipe Black Power, uma das mais representativas dos anos 70; e Peixinho, radialista e assistente de Big Boy na época. Foi disc-jockey do Baile da Pesada durante a sua trajetória nos subúrbios cariocas.
Acesse a live e as entrevistas
https://www.facebook.com/BigBoyBaileDaPesada/videos/334628320899199
https://www.facebook.com/BigBoyBaileDaPesada/videos/219249466020665
https://www.facebook.com/BigBoyBaileDaPesada/videos/286834089410107
Fontes e redes sociais
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