Movimentos sociais

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Os movimentos sociais são respostas às dinâmicas sociais e contradições impostas pelo sistema capitalista. O tema é complexo e vasto e conta com a contribuição de diversos autores como Paulo Freire que reconhecia os movimentos sociais tanto como forças capazes de modificar situações de injustiças sociais construídas ao longo da história, como instâncias que defendem o educação popular enquanto forma de emancipação social voltada à “conscientização”. Dentre os demais autores que contribuem para esta discussão destaca-se Marilena Chauí que entende esses movimentos como representantes da voz dos oprimidos, engajados nas lutas contra as estruturas de dominação. Em suas obras, Chauí destaca o papel da mobilização social como fundamental para contestação das injustiças sociais e promoção de mudanças no aparato do Estado capitalista.

Autoria: Letimnz e Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Sobre[editar | editar código-fonte]

Os movimentos sociais são respostas às dinâmicas sociais e contradições impostas pelo sistema capitalista. O tema é complexo e vasto e conta com a contribuição de diversos autores como Paulo Freire que reconhecia os movimentos sociais tanto como forças capazes de modificar situações de injustiças sociais construídas ao longo da história, como instâncias que defendem o educação popular enquanto forma de emancipação social voltada à “conscientização”. Dentre os demais autores que contribuem para esta discussão destaca-se Marilena Chauí que entende esses movimentos como representantes da voz dos oprimidos, engajados nas lutas contra as estruturas de dominação. Em suas obras, Chauí destaca o papel da mobilização social como fundamental para contestação das injustiças sociais e promoção de mudanças no aparato do Estado capitalista[1][2][3][4].

Os movimentos sociais são formas de organização coletiva que surgem da mobilização de grupos com interesses e objetivos em comum, visando transformar ou conservar aspectos da sociedade. Esses movimentos frequentemente emergem como uma resposta a situações de desigualdade, injustiça ou opressão, e desempenham um papel fundamental nas mudanças sociais e políticas.

Definição e aspectos centrais[editar | editar código-fonte]

O conceito de movimentos sociais é amplo e pode ser entendido de diferentes formas. Segundo o sociólogo Anthony Giddens, eles são definidos como ações coletivas organizadas, com o objetivo de provocar transformações na sociedade ou proteger certas práticas e valores que estão ameaçados[5]. Sidney Tarrow, outro sociólogo de destaque, define movimentos sociais como “desafios coletivos” feitos por grupos de base comum que buscam reivindicar direitos e visibilidade, utilizando repertórios de ação como protestos, manifestações e outras formas de pressão[6].

As ações dos movimentos sociais estão geralmente centradas em três aspectos principais:

  1. Identidade coletiva: os movimentos sociais reúnem pessoas com experiências, condições ou interesses semelhantes, criando uma identidade comum em torno de sua luta.
  2. Conflito: os movimentos sociais costumam surgir em contextos de conflito ou tensão, como em situações de desigualdade ou opressão, e buscam a resolução desses conflitos por meio de ação direta.
  3. Mobilização: para alcançar seus objetivos, os movimentos sociais se engajam na mobilização de recursos, como pessoas, informações, redes de apoio, entre outros.

Tipos de movimentos sociais[editar | editar código-fonte]

Os movimentos sociais podem ser classificados de diferentes formas, de acordo com seus objetivos e o tipo de transformação que almejam:

  • Movimentos Reformistas: Buscam mudanças dentro das estruturas existentes, promovendo ajustes nas leis ou políticas públicas. Exemplo: o movimento feminista que luta pela igualdade de gênero e pela inclusão de mulheres em espaços de poder e decisão.
  • Movimentos Revolucionários: Objetivam uma transformação radical da sociedade, muitas vezes pela derrubada de regimes políticos ou sistemas econômicos. Exemplo: o movimento socialista em vários países no século XX.
  • Movimentos Conservadores ou Reacionários: Visam a manutenção ou restauração de determinados valores ou instituições. Exemplo: os movimentos contrários à legalização do aborto ou ao casamento igualitário.
  • Movimentos Libertários: Defendem a liberdade individual em oposição ao controle estatal ou institucional. Exemplo: movimentos anarquistas.

Atuação dos movimentos sociais no Brasil[editar | editar código-fonte]

No Brasil, os movimentos sociais têm uma história rica e complexa, desempenhando um papel crucial em momentos-chave de transformação política e social. Desde a luta pela abolição da escravatura, passando pela resistência à ditadura militar, até os movimentos contemporâneos em defesa dos direitos humanos, esses grupos sempre estiveram na vanguarda da contestação social.

Conquistas dos movimentos sociais no Brasil[editar | editar código-fonte]

Algumas das principais conquistas dos movimentos sociais no Brasil incluem:

  1. Direitos Trabalhistas: A mobilização sindical, especialmente nos anos 1930 e 1940, foi fundamental para a criação de direitos trabalhistas, como a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em 1943[7].
  2. Redemocratização: Durante a ditadura militar (1964-1985), movimentos como o Movimento pelas Diretas Já desempenharam um papel fundamental na luta pelo restabelecimento da democracia.
  3. Reforma Agrária: O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), fundado em 1984, tem sido uma força significativa na luta pela redistribuição de terras e na promoção de políticas de reforma agrária no Brasil[8].
  4. Direitos das Mulheres e População LGBTQIA+: Movimentos feministas e LGBTQIA+ lutaram pelo reconhecimento de direitos civis, como a Lei Maria da Penha (2006), que protege as mulheres contra a violência doméstica, e a aprovação do casamento igualitário pelo STF em 2011[9].
  5. Movimento Negro: Desde a luta pela abolição da escravatura, movimentos negros no Brasil têm reivindicado direitos civis e políticos. A Marcha Zumbi dos Palmares, de 1995, foi um marco importante, e o movimento conseguiu avanços como as políticas de cotas raciais no ensino superior e no serviço público[10].

Novos Movimentos Sociais[editar | editar código-fonte]

Nas últimas décadas, o Brasil e o mundo têm visto o surgimento dos chamados novos movimentos sociais, que se distinguem dos anteriores por abordarem questões mais amplas e difusas, como a identidade, a cultura e o meio ambiente. Esses movimentos são frequentemente descentralizados e se organizam em redes, utilizando novas tecnologias e mídias digitais para promover suas causas.

Exemplos desses movimentos incluem:

  • Movimento Ambientalista: Movimentos como o Greenpeace e a ativista Greta Thunberg têm ganhado relevância global, e no Brasil, grupos lutam pela proteção da Amazônia e de comunidades indígenas, ameaçadas pelo desmatamento.
  • Movimento Feminista e LGBTQIA+: Apesar das conquistas anteriores, esses movimentos continuam ativos, combatendo o machismo, a LGBTfobia, e exigindo políticas de igualdade de gênero e sexualidade.
  • Movimentos Urbanos: Grupos como o Movimento Passe Livre (MPL) ganharam visibilidade nas manifestações de 2013 no Brasil, lutando por transporte público de qualidade e a democratização dos espaços urbanos.

Os movimentos sociais são uma força crucial para a promoção de mudanças sociais e a defesa de direitos em sociedades democráticas. No Brasil, sua atuação tem sido fundamental para a conquista de direitos e para a transformação de políticas públicas. Com o surgimento dos novos movimentos sociais, temas como a identidade, o meio ambiente e a diversidade têm ganhado espaço, demonstrando a capacidade contínua desses grupos de se adaptar aos novos desafios da sociedade contemporânea.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Central Única das Favelas (CUFA)

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)

Movimento Negro Unificado (MNU)

UNEafro Brasil

União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro)

Movimento Antimanicomial

  1. PARO, Vitor Henrique. O capital para educadores ou aprender e ensinar com gosto a teoria científica do valor. . São Paulo, SP: Expressão Popular. . Acesso em: 15 abr. 2024. , 2022.
  2. MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. 80 p. ISBN: 8532611451.
  3. CHAUI, Marilena. Conformismo e resistência. Belo Horizonte: Autêntica; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2014.
  4. LOUREIRO, Maria. Marilena CHAUI como professora. In: PAOLI, Maria (Org.). Diálogos com Marilena Chaui. São Paulo: Barcarolla; Discurso, 2011. p. 193-201.
  5. Giddens, Anthony. Sociologia. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
  6. Tarrow, Sidney. Power in Movement: Social Movements and Contentious Politics. Cambridge University Press, 1998.
  7. Silva, Francisco Carlos Teixeira da. História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
  8. Fernandes, Bernardo Mançano. A formação do MST no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2000.
  9. Silva, Joana Maria Pedro. História do feminismo no Brasil. Florianópolis: UFSC, 2002.
  10. Nascimento, Abdias do. O Genocídio do Negro Brasileiro: Processo de um Racismo Mascarado. São Paulo: Paz e Terra, 1978