Homenagem para Maria Francisca da Silva

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Dona Francisca fez do Morro Santa Marta seu lar há 38 anos, criando seus filhos com amor e descobrindo na atuação e na costura formas de expressão e independência. Sua generosidade, fé e força inspiraram todos ao seu redor, deixando um legado de afeto e sabedoria que permanece vivo no coração de quem a conheceu.

Autoria: Palloma Valle Menezes

Maria Francisca da Silva (in memoriam)

Mulher negra, nordestina, costureira, "mãe solteira", moradora do Santa Marta. Há 38 anos, Dona Francisca escolheu o morro da Zona Sul do Rio de Janeiro para viver, fazer amigos e criar os filhos. Na favela, um dia a 7ª arte bateu à sua porta. Ela logo deixou a atuação invadir sua vida e descobriu que podia ser o que quisesse ser.

Mãe orgulhosa de Simone e de Júlio, avó de Juliana, Dona Francisca, em breve, seria chamada de bisavó. Mulher de fé, generosa, carinhosa, acolhedora, ela batalhou muito para cuidar da família, melhorar sempre sua casa e transformar sua vida com arte.

Na ficção, a atriz do Santa Marta atuou em obras como Filhos do Carnaval e Cidade dos Homens. Além disso, na vida profissional se destacou não só na arte da atuação, mas também na arte da costura. Ao longo da vida, ela costurou roupas e teceu afetos. Com sua força e sinceridade, Dona Francisca sempre lutou para conquistar o que queria e garantir sua independência que tanto valorizada.

Eu sempre serei grata a Dona Francisca por sua generosidade. Ela me ensinou tanto ao longo dos nossos 15 anos de convivência. A conheci no Santa Marta em 2010 e ela literalmente me deu um lar. Me apresentou para Simone que se tornou uma amiga que adoro e admiro. Me ensinou muito sobre a história da favela, suas lutas e potências. Me mostrou na prática o que é ter fé com tolerância, cuidar sem cobrar, ter altivez sem arrogância.

Dona Francisca, eu sempre lembrarei da senhora com um sorriso no rosto e com uma sensação de gratidão sem fim. Minha tese de doutorado não seria a mesma sem a senhora. Eu não seria a mesma pessoa se nossos caminhos não tivessem se cruzado. Agradeço por seus exemplos cotidianos, por tantas histórias compartilhadas, por tantos afetos trocados.

Quero manter para sempre o elo com sua família. Quero sempre poder ouvir na minha memória você me chamando de Pam Pam para lembrar do que realmente importa na vida. Obrigada por tanto amor e sabedoria.

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