A Voz Calada

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Mesmo com todos os obstáculos e barreiras impostas pelo capitalismo os jovens favelados que conseguem ascender socialmente ou academicamente encontrarão a barreira do aniquilamento e apagamento da produção negra pelo processo de embranquecimento cultural e a evasão escolar, provocada pelas múltiplas facetas do capitalismo. São raros os cursos que indiquem produções ou autores negros, contribuindo significativamente para pobreza do debate público, se são os negros a maioria é necessária e urgente a representatividade que contemple políticas de acesso à cultura, transformação social e combate ao racismo, essa discussão não é essencialista e sua abordagem não se trata de ler autores negros somente pela negritude mas da tentativa de mudança de uma sociedade irrealista e discriminatória, lemos, ouvimos, formulamos nossa base crítica e analista majoritariamente pelo ponto de vista e os saberes advindo das vivências de autores brancos diferentes e de acordo com Djamila Ribeiro, fora do lugar da fala negra: ‘O lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e outras perspectivas’’. Quem melhor contaria uma história, anseios e desafetos se não aquele que a viveu? Não se pode creditar na ideia falsa da meritocracia que não existem autores negros sendo referendados por falta de opção ou que como aponta Djamila Ribeiro em lugar de fala, não é importante somente o teor da fala, mas quem a propaga, pois, o ponto de vista falante influencia seu discurso. Cada qual possui uma interpretação pessoal do mundo que são baseadas nas suas experiências pessoais influenciando sua ótica sobre determinado assunto, é além da interpretação pessoal, é construção social permeada pela pelas diferentes opressões vividas. Como um homem branco, privilegiado, símbolo do poder e virilidade na sociedade ocidental poderia descrever a luta da mulher negra, mão solo, latino-americana e marginalizada? Não é só o lugar de fala é o palco que precisa ser montado para ouvir essa voz calada, esmagada e subnutrida pelo glutão capitalista moedor e usurpador de sonhos. Dar voz as minorias no sentido literal da palavra é ouvir sua voz, buscar entender o que e como se pode transformar essa realidade, é lê-la, consumí-la absorvendo e interseccionalizando os fatores.