Assassinato de Marielle Franco - 14 de Março: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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<p style="text-align: right;"><span style="font-size:smaller;">''"No coração de quem faz a guerra<br/> Nascerá uma flor amarela"''</span><br/> <span style="font-size:smaller;">''Girassol - Cidade Negra''</span></p>
Diversos atos de memória foram realizados após a morte da vereadora [[Marielle Franco]], assassinada junto com o motorista Anderson Gomes em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro. Dentre eles, foi sancionada a lei 8054/20, que inclui, nas datas comemorativas do Calendário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o Dia Marielle Franco – Dia de Luta contra o genocídio da Mulher Negra, a ser comemorado no dia 14 de março. anualmente.
<span style="font-size:larger;">Há uma intenção de gesto que logrou êxito no coração de uma cidade. Qual semente que&nbsp;caindo de seu fruto&nbsp;encontrou boa terra para germinar, de igual maneira o discurso&nbsp;e as ações da vereadora Marielle Franco, de querida e forte memória, enraizaram-se nos mais diversos corações após o terrível acontecimento que a objetivava em um não-lugar. A dor se fez sentir de imediato, sem que houvesse extremos de um grito ou do calar próprio de um choque.&nbsp;E mesmo nessa dor as&nbsp;pessoas que a apoiavam, ou que identificavam-se de alguma maneira com sua lida política,&nbsp;sentiram-se convocadas e responderam ao chamado. Seus corpos, na firme recusa de aceitar a tragédia social, decidiram o comum de um estandarte e nele costuraram palavras, pela&nbsp;necessidade de que&nbsp;precisavam delas escritas<sup>1</sup>, servindo de inspiração e fomentando a boa luta: Marielle presente! Marielle vive!</span>
Autor:&nbsp;<bdi>Hércules da Silva Xavier Ferreira</bdi>
<p style="text-align: right;"><span style="font-size:smaller;">''"No coração de quem faz a guerra<br/> Nascerá uma flor amarela"''</span><br/> <span style="font-size:smaller;">''Girassol - Cidade Negra''</span></p>


<span style="font-size:larger;">O ato de lembrar varia em grau e intensidade de acordo com a aproximação que se tem pelo ausente, pela ausência. Dado o caráter abrupto e o contexto político,&nbsp;os familiares e amigos próximos na figura direta de sua mãe e pai, irmã e&nbsp;filha, esposa e amigos, foram - e seguem sendo - os que mais sentem no peito essa falta. Nesse sentido, não há palavra que baste, palavra que supra e encerre a ferida exposta pela perda de uma filha, irmã, mãe e companheira. O contexto político e violento com que ocorreu só amplia o sofrimento, não permitindo outra situação que não aquela de estar atento e forte<sup>2</sup>. E essa força veio e continuará vindo.</span>
== Depoimento ==
<p style="text-align: justify;">Há uma intenção de gesto que logrou êxito no cerne de uma cidade. Qual semente que&nbsp;caindo de seu fruto&nbsp;encontrou boa terra para germinar, de igual maneira o discurso&nbsp;e as ações da vereadora [[Marielle Franco - Raízes (HQ)|Marielle Franco]], de querida e forte memória, enraizaram-se nos mais diversos corações após o terrível acontecimento que tinha por objetivo colocá-la em um não-lugar. A dor decorrente fez-se sentir de imediato, sem que houvesse extremos de um grito ou do calar próprio de um choque.&nbsp;E mesmo nesse lugar da dor, as&nbsp;pessoas que a apoiavam, ou que identificavam-se de alguma maneira com sua lida política,&nbsp;sentiram-se convocadas e responderam ao chamado. Seus corpos, na firme recusa de aceitar a tragédia social, decidiram o comum de um estandarte e nele costuraram palavras - vivas -, pela&nbsp;necessidade de que&nbsp;precisavam delas escritas1, servindo de inspiração e fomentando a boa luta: Marielle presente! [[Marielle vive (artigo)|Marielle vive!]]</p> <p style="text-align: justify;">O ato de lembrar varia em grau e intensidade de acordo com a aproximação que se tem pelo ausente, pela ausência. Dado o caráter abrupto,&nbsp;os familiares e amigos próximos na figura direta de sua mãe e pai, irmã e&nbsp;filha, esposa e amigos, foram - e seguem sendo - os que mais sentiram e sentem no peito essa falta. Nesse sentido não há palavra que baste, palavra que supra e encerre a ferida exposta pela perda de uma filha, irmã, mãe e companheira. O contexto político e violento com que ocorreu só amplia o sofrimento, não permitindo outra situação que não aquela de estar atento e forte2. E essa força veio e, observa-se, cresce e continuará vindo.</p> <p style="text-align: justify;">Se palavras não remediam o suficiente, outros [[Mapeamento das homenagens a Marielle Franco|gestos de memória]] e afeto passam para o fato do acontecimento: são imagens, intervenções, performances e demais objetos que insistem na manutenção das ações pelas quais a vereadora acreditava. Os sensibilizados&nbsp;externam seu 'NÃO' por suas criações artísticas, imputando a elas a necessária carga da certeza, qual seja, do 'não esqueceremos', pela afirmativa de sempre lembrar. Há aí como que um apelo por algo mais, apelo por Justiça, que transcenda ou não.</p> <p style="text-align: justify;">Cada qual sabe de si a dor que carrega e como a compreende. É que além dos atos populares e seus elementos que atualmente tanto agregam e ajudam a espalhar as sementes de boa flor, o impacto social criminoso foi tão grande que movimentou as correias das instâncias políticas, principalmente na figura do poder executivo, que deliberou por bem&nbsp;sancionar a lei nº 8054/203, unindo assim a importante luta, "contra o genocídio da mulher negra", com a respectiva recordação&nbsp;nesta data, de Marielle Franco, que fica marcada não apenas como o violento e triste dia devido a importante perda. Esse dia, perpetrado por vil ato que extendeu a duração daquela fatídica noite&nbsp;de 14 de março, reúne, agrega, simboliza e&nbsp;arregimenta sob si, tudo que poderia estar espalhado, fortalencendo o dito "diversas, mas não dispersas" e pondo no calendário oficial do estado o devido rito de comemorar, que não precisa atrelar-se ao comum entendimento de 'festejos'. Se longa, não se prolonga, pois a alegria vem pela manhã do novo, feito a necessária coragem e inspiração&nbsp;no combate das impunidades e demais covardias.</p> <p style="text-align: justify;">"As passagens, as coragens / São sementes espalhadas nesse chão"4, de Marielles e de tantas outras mulheres&nbsp;que vieram antes, pavimentando a estrada para que seu trânsito seja mais justo, democrático e inclusivo, na participação em prol do bem comum.</p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size: 15.6px;">Este texto seguirá em constante revisão.</span></p>  


<span style="font-size:larger;">Se palavras não remediam o suficiente, outros gestos de afeto e memória passam para o fato do acontecimento: são imagens, intervenções, performances e demais objetos que insistem na manutenção das ações pelas quais a vereadora acreditava. Os sensibilizados&nbsp;externam seu NÃO pela criação artística, imputando a elas a necessária carga da certeza, do 'não esqueceremos', pela afirmativa de sempre lembrar. Há aí como que um apelo por algo mais, apelo por Justiça.</span>
==Ver também==


<span style="font-size:larger;">Cada qual sabe de si a dor que carrega e como a compreende. Além dos atos populares e seus elementos que tanto agregam e espalham as sementes de boa flor, o impacto foi tão grande que movimentou as correias das instâncias políticas, principalmente na figura do poder executivo, que deliberou por bem&nbsp;sancionar a lei nº 8054/20, unindo a importância da luta com a homenagem a&nbsp;</span>
*[[Instituto Marielle Franco]]
*[[Marielle Franco]]
*[[Mapeamento das homenagens a Marielle Franco]]
*[[Músicas para Marielle]]


<span style="font-size:larger;">consolida a legislação das datas comemorativas do Calendário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o Dia Marielle Franco – Dia de Luta contra o genocídio da Mulher Negra, a ser comemorado no dia 14 de março, anualmente.</span>
==Referências ==


<span style="font-size:larger;">O dia 14 pode enredar um caráter cíclico que, para além das homenagens e boas memórias a serem recuperadas, com elas vem também a dor da não presença</span>
:[1] Conforme o estandarte de Arthur Bispo do Rosário.
:[2] Música "divino maravilhosa", de Gal Costa.
:[3] Lei 8054/18 -&nbsp;RJ. Disponível em: [https://gov-rj.jusbrasil.com.br/legislacao/607160905/lei-8054-18-rio-de-janeiro-rj https://gov-rj.jusbrasil.com.br/legislacao/607160905/lei-8054-18-rio-de-janeiro-rj]
:[4] Música "pequena memória para um tempo sem memória", de Gonzaguinha.


<span style="font-size:larger;">"As passagens, as coragens / São sementes espalhadas nesse chão"<sup>2</sup>, de Marielles e de tantas outras mulheres&nbsp;que vieram antes, pavimentando a estrada para que seu trânsito seja mais justo, democrático e inclusivo, na participação em prol do bem comum. Para sua memória, instituiu-se o Dia Marielle Franco - dia de luta contra o genocídio da mulher negra&nbsp;no estado, sob a égide da&nbsp;Lei 8.054/18<sup>3</sup>, sancionada à época pelo governador Luiz Fernando de Souza, de autoria da enfermeira Rejane.</span>


<span style="font-size:larger;">{texto ainda em rascunho}</span>


<span style="font-size:larger;">REFERÊNCIAS:</span>
[[Category:Marielle Franco]]
 
[[Category:Temática - Depoimentos]]
<span style="font-size:larger;">[1] Conforme o estandarte de Arthur Bispo do Rosário<br/> [2] Música "pequena memória para um tempo sem memória", de Gonzaguinha<br/> [3]: Lei 8054/18 -&nbsp;RJ. Disponível em: [https://gov-rj.jusbrasil.com.br/legislacao/607160905/lei-8054-18-rio-de-janeiro-rj https://gov-rj.jusbrasil.com.br/legislacao/607160905/lei-8054-18-rio-de-janeiro-rj]</span>
[[Category:Assassinato]]
[[Categoria:Rio de Janeiro]]
[[Categoria:Memórias]]

Edição atual tal como às 15h50min de 12 de setembro de 2023

Diversos atos de memória foram realizados após a morte da vereadora Marielle Franco, assassinada junto com o motorista Anderson Gomes em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro. Dentre eles, foi sancionada a lei 8054/20, que inclui, nas datas comemorativas do Calendário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o Dia Marielle Franco – Dia de Luta contra o genocídio da Mulher Negra, a ser comemorado no dia 14 de março. anualmente.

Autor: Hércules da Silva Xavier Ferreira

"No coração de quem faz a guerra
Nascerá uma flor amarela"

Girassol - Cidade Negra

Depoimento[editar | editar código-fonte]

Há uma intenção de gesto que logrou êxito no cerne de uma cidade. Qual semente que caindo de seu fruto encontrou boa terra para germinar, de igual maneira o discurso e as ações da vereadora Marielle Franco, de querida e forte memória, enraizaram-se nos mais diversos corações após o terrível acontecimento que tinha por objetivo colocá-la em um não-lugar. A dor decorrente fez-se sentir de imediato, sem que houvesse extremos de um grito ou do calar próprio de um choque. E mesmo nesse lugar da dor, as pessoas que a apoiavam, ou que identificavam-se de alguma maneira com sua lida política, sentiram-se convocadas e responderam ao chamado. Seus corpos, na firme recusa de aceitar a tragédia social, decidiram o comum de um estandarte e nele costuraram palavras - vivas -, pela necessidade de que precisavam delas escritas1, servindo de inspiração e fomentando a boa luta: Marielle presente! Marielle vive!

O ato de lembrar varia em grau e intensidade de acordo com a aproximação que se tem pelo ausente, pela ausência. Dado o caráter abrupto, os familiares e amigos próximos na figura direta de sua mãe e pai, irmã e filha, esposa e amigos, foram - e seguem sendo - os que mais sentiram e sentem no peito essa falta. Nesse sentido não há palavra que baste, palavra que supra e encerre a ferida exposta pela perda de uma filha, irmã, mãe e companheira. O contexto político e violento com que ocorreu só amplia o sofrimento, não permitindo outra situação que não aquela de estar atento e forte2. E essa força veio e, observa-se, cresce e continuará vindo.

Se palavras não remediam o suficiente, outros gestos de memória e afeto passam para o fato do acontecimento: são imagens, intervenções, performances e demais objetos que insistem na manutenção das ações pelas quais a vereadora acreditava. Os sensibilizados externam seu 'NÃO' por suas criações artísticas, imputando a elas a necessária carga da certeza, qual seja, do 'não esqueceremos', pela afirmativa de sempre lembrar. Há aí como que um apelo por algo mais, apelo por Justiça, que transcenda ou não.

Cada qual sabe de si a dor que carrega e como a compreende. É que além dos atos populares e seus elementos que atualmente tanto agregam e ajudam a espalhar as sementes de boa flor, o impacto social criminoso foi tão grande que movimentou as correias das instâncias políticas, principalmente na figura do poder executivo, que deliberou por bem sancionar a lei nº 8054/203, unindo assim a importante luta, "contra o genocídio da mulher negra", com a respectiva recordação nesta data, de Marielle Franco, que fica marcada não apenas como o violento e triste dia devido a importante perda. Esse dia, perpetrado por vil ato que extendeu a duração daquela fatídica noite de 14 de março, reúne, agrega, simboliza e arregimenta sob si, tudo que poderia estar espalhado, fortalencendo o dito "diversas, mas não dispersas" e pondo no calendário oficial do estado o devido rito de comemorar, que não precisa atrelar-se ao comum entendimento de 'festejos'. Se longa, não se prolonga, pois a alegria vem pela manhã do novo, feito a necessária coragem e inspiração no combate das impunidades e demais covardias.

"As passagens, as coragens / São sementes espalhadas nesse chão"4, de Marielles e de tantas outras mulheres que vieram antes, pavimentando a estrada para que seu trânsito seja mais justo, democrático e inclusivo, na participação em prol do bem comum.

Este texto seguirá em constante revisão.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

[1] Conforme o estandarte de Arthur Bispo do Rosário.
[2] Música "divino maravilhosa", de Gal Costa.
[3] Lei 8054/18 - RJ. Disponível em: https://gov-rj.jusbrasil.com.br/legislacao/607160905/lei-8054-18-rio-de-janeiro-rj
[4] Música "pequena memória para um tempo sem memória", de Gonzaguinha.