Crianças negras e educação primária
Numa perspectiva ampla, pouco se dedica a entendermos o que as crianças tem a nos dizer. Clarice Cohn (2013) ao estudar os Xikrin, se debruçou em entender o que para eles significaria ser uma criança, seus sentidos e percepções. Ao transportamos para o contexto escravista do Brasil, esse tema se torna ainda mais delicado, visto que pessoas negras convivem com situações de enfrentamentos sociais, não se restringindo aos adultos. Sendo a escola um dos primeiros lugares de sociabilidade das crianças, crianças negras já se deparam com racismo, intolerância religiosa, e no mais tardar, poucas perspectivas de inserção dentro do mercado de trabalho. Na Bahia, vemos um exemplo da cultura ocidentalizada que pôde ser transformada através do candomblé. A Escola Municipal Eugenia Anna dos Santos (EMEAS), iniciativa do terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, um dos terreiros mais tradicionais de Salvador e do Brasil, busca romper com as experiências infantis que quase sempre são fadadas a uma educação cristalizada e com caráter ocidental.