Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Entrevista com Lucia Souto, idealizadora do Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde.

Autor: Lucia Souto (texto extraído de entrevista).

Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais da Saúde

O mapa colaborativo dos movimentos sociais em Saúde, primeiro ele é uma exigência dos desafios que estão colocados para esse contexto político que nós estamos vivendo hoje no Brasil. Qual é esse contexto político? Nós estamos saindo de uma verdadeira ditadura, que destruiu direitos, que decretou, na verdade uma necropolítica, um desapreço completo pela democracia. E isso teve um ônus muito grande. Essa é, na verdade, uma questão global. Não é uma questão só do Brasil. Hoje, o capitalismo na sua forma do capitalismo financeiro extremo, da concentração de renda, ele traz realmente essa afronta e essa luta contra a democracia. Ele não tem nenhum apreço pela democracia. Então, nesse momento que nós estamos, nesse contexto da reconstrução e transformação do Brasil, e com esse estímulo que o presidente Lula está dando para que a gente realmente inaugure um processo cada vez mais de democracia participativa, com a criação do sistema interministerial de participação social. E eu hoje estou numa função, digamos assim, que é da assessoria de Participação Social e Diversidade da ministra da Saúde, Nísia Trindade. Nessa tarefa que estamos, achamos que era fundamental, já nesse primeiro momento do governo na área da Saúde, a gente lançar esse Mapa colaborativo dos movimentos sociais em Saúde, em parceria com o Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Saúde e a Fiocruz, que vai ser também a base da nossa plataforma do mapa colaborativo, o ICICT. Por que do mapa? É importantíssimo nesse contexto, a gente dar visibilidade, saber quem são e o que fazem os movimentos sociais em Saúde no Brasil inteiro. Nós sabemos que é um movimento fortíssimo. São inúmeras as iniciativas que existem espalhadas Brasil afora, mas é importante a gente trazer esses movimentos como sujeito político. E o mapa é uma oportunidade para isso. Que a gente possa estar com as informações de quem são e o que fazem, contribuindo. Nós vamos fazer um trabalho daqui pra frente. Ele foi lançado na 17ª Conferência Nacional de Saúde. A ideia é, a partir de agora, a gente fazer um amplo trabalho a nível nacional. Vamos nos dividir em cinco regiões do país com áreas de comunicação, com áreas de tecnologia, com pessoas que trabalhem com a comunicação, com a tecnologia, com a mobilização e também com a formação crítica da população. Quer dizer, então, simultaneamente, dar visibilidade e também aprofundar o processo de educação popular. Quer dizer, então é um instrumento de saber quem são e o que fazem, e, ao mesmo tempo, dar visibilidade a essa rede de movimentos sociais até facilitar a conexão de redes de movimentos. Um não conhece o outro e que pode ser um instrumento que favoreça essa articulação em rede dos movimentos. Eu acho que estamos aí fazendo algo inédito. Algo inédito e que vai trazer para a vida, de visível da sociedade brasileira, o povo brasileiro, que está aí na luta, na resistência Eu tenho dito sempre que é fundamental a gente compreender que no Brasil o povo brasileiro é um povo de luta. Não é verdade que o povo brasileiro não é um povo de luta. Então, as lutas são inúmeras, ancestrais, o próprio trabalho dos movimentos negros, dessa matriz da escravidão que estrutura a sociedade brasileira. Esse grupo de bilionários que quer, de alguma maneira, a concentração de renda, prejudica muito a distribuição não só de renda, mas também a democracia. Quer dizer, favorecer que a população seja de fato sujeito político das políticas públicas. E agora, com o lançamento do mapa da 17ª, nós percebemos com toda a força, com todo o vigor, com a realização de um processo de mobilização para a realização da 17ª, nós vimos que ela começou com conferências livres, algo inédito. Já haviam, em outros momentos, conferências livres, mas nunca no formato que aconteceu nesse processo da 17ª, que foi o formato de cada conferência livre, foram 99 que aconteceram, tirar delegados para participar com todos os direitos no espaço da conferência. E isso mostrou essa força das Conferências Livres para além de praticamente todos os municípios que realizaram conferências. E também todos os estados brasileiros fizeram as suas conferências. O que isso demonstra? Demonstra que o povo brasileiro está dando um recado. Ele quer ser sujeito político da construção desse novo Brasil. Então o mapa, ele vem ao encontro a esse vigor e a esse recado que o povo brasileiro está dando. Nós queremos ser sujeitos políticos e o mapa vai dar e vai dar a dimensão, vai mostrar a cara desse povo brasileiro organizado: quem são e o que fazem.

Movimentos Sociais em Saúde

O papel dos movimentos sociais em saúde é histórico. A própria história da construção da Saúde como direito universal de cidadania se deu lá atrás, na oitava Conferência Nacional de Saúde, com uma ampla participação da sociedade brasileira. Foi uma conferência que teve mais de 5 mil delegados e isso plasmou na construção dessa política pública exemplar, que é a construção da Saúde como direito universal no Brasil. Ela plasmou essa diretriz fundante que é a da participação social. Então, os movimentos sociais são como eu até assisti em várias conferências livres e até estaduais, as pessoas dizerem: “eu sou construtor do SUS”. É esse o sentimento que os movimentos sociais Brasil afora têm: “Nós construímos esse sistema”. Esse é o papel: construtores de uma política pública exemplar de direitos universais e que, por ser exemplar, por ter essa participação extraordinária da população na construção, o que é realmente algo inédito até mundo afora, o SUS consegue resistir. Resiste graças a essa presença cotidiana dos movimentos sociais na sua construção.

Lucia Souto
Lucia Souto

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