Histórias do Morro do Andaraí
Histórias do Morro do Andaraí é um projeto de pesquisa que visa registrar histórias sobre o Morro do Andaraí, favela situada na Zona Norte do Rio de Janeiro. O projeto, iniciado em 2024, visa mapear pontos de cultura, coletivos e associações comunitárias e histórias do Morro do Andaraí e seus moradores.
Autoria: Gabriel Nunes Nobre.
O Morro e o bairro do Andaraí[editar | editar código-fonte]
O Andaraí, onde fica localizado o Morro do Andaraí, é um bairro histórico, sendo um dos bairros mais antigos do Rio de Janeiro. Situado na, hoje conhecida como, “Grande Tijuca, o Andaraí foi ocupado por padres jesuítas no século XVl e lá foram construídos os primeiros engenhos de cana de açúcar da cidade. A partir do século XIX, passou por um processo de industrialização, tendo sido no bairro instalada a primeira fábrica de tecidos do Rio de Janeiro, a Fábrica São Pedro de Alcântara de Tecidos de Algodão e outras fábricas e comércios, como a Companhia Hanseática, onde funcionou a Cervejaria Brahma até o final da década de 1990.
Já o Morro do Andaraí passou a ser ocupado a partir da década de 1930. A origem do nome do morro vem do Tupi "andirá-y", que significa "rio dos morcegos", que hoje em dia é conhecido como o Rio Joana que desce do morro e corta parte do bairro. O Morro do Andaraí tem um histórico de associativismo, como o Grêmio Recreativo Santo Agostinho, fundado em 1967 e a Associação de Moradores do Morro do Andaraí, que teve como uma das fundadoras a moradora Jurema Batista. Além disso, possui a escola de samba Flor da Mina, símbolo da cultura negra, fundada em 1962. A atuação do tráfico de drogas também tornou o bairro conhecido na mídia, chegando a ser intitulada a “República do Pó” nos anos 1990.
O pesquisador e suas lembranças[editar | editar código-fonte]
Este pesquisador que escreve essas palavras nasceu em 1996 no Morro do Andaraí. Numa casa de quinta grande, morava com meus pais e meus avós e, apesar de não circular sozinho pelas ruas e vielas do morro como a maioria das outras crianças, vivia feliz naquele pequeno reino encantado, onde uma caixa d'agua se transformava em uma piscina olímpica com mergulhos profundos e me embrenhava pelos matos feito um pequeno explorador. Nossa casa ficava em frente à Escola de Samba Flor da Mina, nos arredores da pracinha, onde brinquei feliz algumas vezes, comprava bombinha com meu pai nas biroscas dos nordestinos e era acostumado a ouvir o forró dos vizinhos, outras vezes era o som profundo e inconfundível do rap dos Racionais MC's que mexe comigo até hoje.
Nas minhas memórias também me recordo do projeto de reforço escolar na casa da Kadote, irmã da Jurema Batista. Eu adorava! Mas confesso que a lembrança que ficou mais forte era o sanduíche de queijo e Guaravita que era servido nos dias de reforço, era a sensação...outra coisa que fazia bastante era ir à igreja evangélica com minha mãe e minha vó. As vezes tinha que ficar no banco assistindo a preleção, mas também brincava bastante no pequeno pátio da igrejinha que me parecia ter sido uma oficina mecânica. Minha vó sempre comprava na ida um biscoito Fofura pra mim, adorava fingir que fumava os palitinhos de queijo...e como um morador de favela, vivi muitas situações onde fiquei no meio do tiroteio entre policiais e bandidos. Mas nada que chegasse a me abalar. Outra confissão é que eu adorava quando acaba a luz quando acontecia esses confrontos, era o momento onde todo mundo ficava mais pertinho, sem tv o outras distrações.
Como podem perceber, tenho boas memórias do Morro do Andaraí: lugares, pessoas, situações. E foi isso que me motivou a escolher esse território para ser pesquisado: o vínculo afetivo com esse espaço e suas pessoas. Mas outro ponto tão relevante quanto foi a constatação que o Morro do Andaraí era su-brepresentado na plataforma da WikiFavelas, haviam dois verbetes relacionados e nenhum era sobre a própria história do Morro, o que me motivou a ir em busca de registrar as memórias e histórias desse território e de seus moradores.
Parceiros(as) na construção das histórias[editar | editar código-fonte]
Nesse processo de aproximação do território do Morro do Andaraí, e mais geral, o bairro do Andaraí, tive contato com o Coletivo Filhos do Joana, grupo recente, mas bem atuante, que reúne historiadores (as), fotógrafos (as), biólogos (as), etc. buscando a valorização do bairro do Andaraí.
Tive o prazer em me reunir com os integrantes Marcelo Sant’Ana Lemos, onde tive uma aula deliciosa de história, regada a água mineral e, creio eu, uma deliciosa batida no Largo do Dondon, no Andaraí. E me reuni virtualmente com Fábio Carvalho, historiador que dá aulas, em todos os sentidos.
Como uma pesquisa ainda em desenvolvimento, e considerando que as aproximações vão se dando no seu próprio tempo, fica aberta essa seção para o registro de novos encontros, com novos parceiros e parceiras, para contar um pouco da história do Andaraí.
Metodologia[editar | editar código-fonte]
O trabalho consiste em mobilizar os atores do território através de contatos virtuais e idas presenciais a campo para que possam escrever sobre o que acham relevante no Morro do Andaraí. Estão previstos contatos com moradores, instituições locais, pesquisadores, tendo em vista também criar uma rede de parceiros do Dicionário de Favelas Marielle Franco, com a plataforma servindo como uma ferramenta política para esses atores.
Estão previstas também entrevistas em áudio para registrar histórias de moradores que tenham alguma impossibilidade com a escrita.
Verbetes produzidos[editar | editar código-fonte]
O Morro do Andaraí é uma favela situada no bairro do Andaraí, na zona norte do Rio de Janeiro e junto com outros favelas vizinhas faz parte do Complexo do Andaraí. Surgiu em 1930 nas encostas do bairro, onde também foram criadas, progressivamente, a Favela do Arrelia (1891), Morro do Andaraí (1930), Buraco Quente e Jamelão (1941) e Morro do Cruz (1950).
Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco. Este verbete possui reproduções de textos dos autores/autoras: Rafael Cardoso e Projeto Condutores (as) de Memórias[1]
Autoria: Autoria coletiva.
Autoria: Fábio Carvalho[2].
Bloco Unidos da Paixão do Andaraí
O Bloco Unidos da Paixão do Andaraí é um bloco de rua fundado no início dos anos 2000 por Miguel Paixão, morador do Morro do Andaraí, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Autoria: Paloma Paixão.
Escola Carioca de Danças Negras
A Escola Carioca de Danças Negras é um projeto sociocultural criado em 2014 no Morro do Andaraí, na Zona Norte do município do Rio de Janeiro, e oferece estudos e pesquisas informais no campo das Danças Afrodiaspóricas.
Autoria: Escola Carioca de Danças Negras[3].
Cia Folclórica Junina PoDe-C Show
Autoria: Fabio Batista.
Autoria: Informações retiradas das redes oficiais da ONG Moral de Cria[4].
Quadrilhas juninas no Rio de Janeiro
O verbete reproduz o artigo de opinião "Quadrilha Junina x Projeto Sociocultural", que traça um breve histórico sobre as quadrilhas juninas no estado do Rio de Janeiro e a sua importância sociocultural para os territórios populares e seus moradores.
Autoria: Fábio Batista[5].
O Filhos do Joana é um coletivo formado por moradores do bairro do Andaraí, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, que se reuniram com o objetivo maior de promover a valorização do bairro em que vivem.
Autoria: Coletivo Filhos do Joana / Colaboração: Gabriel Nunes Nobre.
Crônicas do Andaraí
Venham! Venham! Verbete sobre crônicas fresquinhas sobre o bairro do Andaraí, no Rio de Janeiro! Tem história de onça, vestígio de indígenas no Indarahy Grande e até caso de morte, freguesa! Não deixe de ficar por dentro das melhores crônicas, tome seu lugar e leia já!
Autoria: Diversos autores.
A onça pintada e a Favela do Arrelia
A onça pintada e a Favela do Arrelia é uma crônica que conta o surgimento da favela do Arrelia, a mais antiga comunidade do Andaraí, no Rio de Janeiro.
Autoria: Marcelo Sant’Ana Lemos[6].
Ver também[editar | editar código-fonte]
- ↑ Fontes: Agência Brasil; Condutores(as) de Memórias
- ↑ Historiador, escritor e integrante da Flor da Mina do Andaraí.
- ↑ Conteúdo reproduzido pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco. Fontes: Redes sociais do grupo - Site, Facebook, Twitter, Youtube, Instagram
- ↑ Acesse as redes sociais do Moral de Cria na seção "Redes Sociais" deste verbete.
- ↑ Conteúdo reproduzido pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco. Fonte: Texto publicado originalmente no blog Cia Folclórica PODE-C. Texto reproduzido conforme o original.
- ↑ Texto publicado originalmente no jornal "O Tijolinho" e no facebook "Ruas do Andaraí", do Coletivo Filhos do Joana.