NEV (Núcleo de Estudos da Violência)

O Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV-USP) é um dos Núcleos de Apoio à Pesquisa (NAP) da Pró-Reitoria de Pesquisa Universidade de São Paulo (PRP-USP), sediado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP). Desde de 1987, o NEV-USP desenvolve pesquisas e forma pesquisadores por meio de uma abordagem interdisciplinar na discussão de temas relacionados à violência, democracia e diretos humanos.

Autoria: Thaís Cruz.

Sobre[editar | editar código-fonte]

O Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV-USP) é um dos Núcleos de Apoio à Pesquisa (NAP) da Pró-Reitoria de Pesquisa Universidade de São Paulo (PRP-USP), sediado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP). Desde de 1987, o NEV-USP desenvolve pesquisas e forma pesquisadores por meio de uma abordagem interdisciplinar na discussão de temas relacionados à violência, democracia e diretos humanos.

Ao longo de mais de 30 anos de existência o NEV-USP desenvolveu uma série de projetos de pesquisa e cursos de extensão financiados pela Fundação Ford, Fundação Rockefeller, Canadian International Development Agency (CIDA), Comitê Internacional da Cruz Vermelha, CNPq e FAPESP, além de convênios com agências da ONU (OMS-PAHO, PNUD), União Europeia, Ministérios da Saúde e da Justiça, Secretaria Especial dos Direitos Humanos, e Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo, entre outros.

As principais questões que têm norteado as pesquisas desenvolvidas no NEV-USP envolvem a complexa relação entre a persistência da violência e de violações dos direitos humanos no curso do processo de consolidação democrática brasileira. “Que tipo de democracia se desenvolve em um contexto de graves violações de direitos, crime organizado, corrupção, impunidade, direitos civis limitados e fraco apoio a uma cultura de direitos humanos?”, “De que forma os obstáculos existentes afetam a forma como as leis são implementadas?” e mais recentemente “Como uma aplicação inadequada das leis pode influenciar a legitimidade das instituições fundamentais para a democracia?”, são algumas dessas perguntas que o NEV tem buscado responder.

Temas tão complexos exigem a contribuição de várias disciplinas. O NEV conta com a colaboração de pesquisadores com formação em diversas áreas do conhecimento (sociologia, psicologia, ciência política, direito, antropologia, estatística, história, saúde pública, etc.), além de apostar em uma gama variada de métodos de pesquisa, o que inclui análise documental, surveys, entrevistas, observações, geo-referenciamento, etc.

Missão institucional[editar | editar código-fonte]

Entre sua missão institucional, atualmente o NEV-USP é sede de um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP com o programa de pesquisa ‘Building Democracy Daily: Human Rights, Violence and Institutional Trust’ (2013-Atual), que se propõe a aprofundar o estudo a respeito da legitimidade das instituições chaves para a democracia e investigar como ela é construída no contato cotidiano dos cidadãos com os serviços públicos. Aliado ao programa de pesquisa, o projeto CEPID prevê ainda iniciativas voltadas para a difusão e transferência de conhecimento, além de atividades educacionais e de formação de recursos humanos. Além do programa CEPID, o NEV também integra redes de pesquisa. Desde 2004 é um Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde, no qual participa de fóruns e pesquisas a respeito da prevenção da violência.

Coordenadores e pesquisadores[editar | editar código-fonte]

O Núcleo tem como coordenadores os professores Marcos César Alvarez, Paulo Sérgio Pinheiro e Sérgio Adorno. A equipe administrativa é composta por Claudete Pires, Edmilson de Lima Araújo, Emerson Fragoso da Silva, Mara Lucia de Souza Lima e Sergia Maria Souza Santos. Quem é responsável pela comunicação e divulgação do grupo é o Alan Felipe. Também fazem parte da equipe os pesquisadores: Aline Morais Mizutani Gomes, André Rodrigues de Oliveira, Beatriz Oliveira de Carvalho, Bruna Gisi, Bruno Paes Manso, Camila Caldeira Nunes Dias, Caren Ruotti, Carolina Piai Vieira, Daniela Osvald Ramos, Debora Piccirillo Barbosa da Veiga, Eduardo Casteluci, Efrain García Sanchez, Erick Mauricio Gómez Nieto, Fernando Afonso Salla, Frederico Castelo Branco Teixeira, Gabriel Funari, Gustavo Higa, Herbert Rodrigues, Inessa Silva, José Otávio Povoa de Souza, Leandro Aparecido Santos Rodrigues, Letícia Simões Gomes, Marcelo Batista Nery, Maria Fernanda Tourinho Peres, Mayara Amaral dos Santos, Pedro Benetti, Renan Theodoro de Oliveira, Renato Alves, Roberta Heleno Novello, Sofia de Carvalho Galvão, Vitor Blotta, Viviane Cubas e Wendel Lima da Silva Andrade. Como também, os pós-doutorandos Amanda Evelyn Cavalcanti de Lima, André Vilela Komatsu, Daniel Edler Duarte, Fernanda Novaes Cruz, Giane Silvestre, José Teles Mendes, Maria Gorete Marques de Jesus, Mariana Chies Santiago Santos, Natasha Bachini Pereira, Pablo Emanuel Romero Almada, Sara Badra de Oliveira, Sergio Grossi e Veridiana Parahyba Campos.

Alguns projetos e pesquisas[editar | editar código-fonte]

Construindo a democracia no dia-a-dia: direitos humanos, violência e confiança institucional (CEPID-FAPESP)

O programa de pesquisa “Construindo a democracia no dia-a-dia: direitos humanos, violência e confiança institucional” busca compreender a forma como as leis, as regras e os procedimentos são implementados ao longo do tempo e como essa dinâmica define a legitimidade das instituições chave para a democracia. A proposta é analisar como a legitimidade das instituições é construída ou prejudicada no cotidiano, explorando os contatos entre cidadãos e servidores públicos e as implicações desse processo para os direitos humanos e a violência. Para tanto, busca-se identificar os fatores associados ao reconhecimento e respeito às leis e às autoridades, considerando a importância da forma como a autoridade é rotineiramente exercida e percebida pela população e por seus agentes. As questões de pesquisa são investigadas empiricamente a partir de três perspectivas complementares: (i) a perspectiva da população; (ii) a perspectiva dos servidores públicos; (iii) a perspectiva de pré-adolescentes. As questões tratadas na presente pesquisa demandam uma perspectiva de longo prazo e contribuições de diferentes áreas do conhecimento. Trata-se de um projeto inovador que combina métodos quantitativos e qualitativos e adota a abordagem longitudinal. Além das atividades de pesquisa, o programa CEPID envolve também o desenvolvimento de projetos de educação, disseminação e transferência de conhecimento.

Análise de representações sociais e discursos sobre segurança pública, violência, direitos humanos e democracia

Considerando as evidências empíricas já obtidas no projeto, nós buscamos relacionar essas evidências com percepções, discursos e representações sobre políticas de segurança pública, violência, direitos humanos e democracia a partir da perspectiva sócio histórica. Esta abordagem, teórica e sócio histórica ao mesmo tempo, é essencial para a compreensão da formação da legitimidade na atualidade. Políticas de segurança pública têm um impacto inegável na formação das percepções dos agentes do estado e da população em geral, especialmente pela mídia, em relação à construção da legitimidade das instituições. Essas discussões também permitirão abordar os dados empíricos obtidos inserindo-os nas reflexões que o NEV desenvolve desde a sua criação com relação à democracia e o autoritarismo socialmente implantado. A investigação será desenvolvida a partir de pesquisa documental e bibliográfica, análise de dados já produzidos no projeto (surveys e entrevistas), e estudos de caso.

Legitimidade sob a perspectiva da população

Esta pesquisa investiga a legitimidade de instituições chaves para a democracia – especificamente leis, polícia e justiça – a partir da perspectiva da população residente na cidade de São Paulo. Empiricamente, investiga-se: O que leva a população a obedecer e reconhecer a validade destas instituições? Quais são as consequências do reconhecimento da legitimidade? De que forma as vivências e experiências cotidianas, tais como: contato com autoridades, local de moradia, perfil sócio econômico e exposição a vitimizações influenciam a legitimidade das leis e das autoridades de segurança e justiça?

Para responder a estas questões, a pesquisa se baseia principalmente em instrumentos quantitativos, o que inclui surveys transversais com amostras representativas dos moradores da cidade de São Paulo (2015 e 2019) e um survey longitudinal como moradores de 8 bairros paulistanos (2015, 2017 e 2018). Os questionários abordam questões sobre o bairro, qualidade de serviços públicos, confiança interpessoal, capital social, vitimização, medo, atitudes com relação às leis, experiências e percepções sobre a polícia e a Justiça, confiança institucional e questões de perfil sócio demográfico.

Cidades, crime organizado e prisões

As prisões e o controle do ‘crime organizado’ afetam as percepções das pessoas sobre o espaço urbano, as instituições de controle social e a legitimidade de seus agentes. Como resultado, estudos sobre esses problemas complementa os achados das demais linhas de pesquisa do programa. Buscamos inter-relacionar espaços urbanos, mercados ilegais, políticas de segurança pública, as instituições da justiça criminal e o sistema prisional com elementos que compõem as percepções sobre territórios, a lei, a ordem social, e suas dimensões institucionais. Questões sobre a prisão e o crime organizado foram incluídas no survey realizado com a população de São Paulo. Esta pesquisa será baseada na experiência brasileira de controle do crime e de organização dos espaços prisionais nas últimas décadas. A investigação será realizada utilizando pesquisa documental e bibliográfica, entrevistas com trabalhadores do sistema penal e estudos de caso.