Parada de Lucas
Parada de Lucas ou simplesmente conhecido como Lucas, é um bairro na Zona Norte do município do Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro, Brasil. Suas favelas integram o conhecido Complexo da Cidade Alta, um conjunto de onze favelas que também pertencem ao bairro vizinho de Cordovil, no sub-bairro de Cidade Alta: Porto Velho I, Porto Velho II, Vista Mar, Divinéia, Avilã, Serra Pelada, Vila Cambuci, Beira Pica Pau, Cidade Alta, Ministro e Cinco Bocas, com uma população de 23.923 habitantes.
Seu índice de desenvolvimento humano, no ano 2000, era de 0,745, o 117º colocado entre 126 regiões analisadas no município do Rio de Janeiro. Faz fronteira com os bairros Vigário Geral, Vista Alegre, Irajá e Cordovil, e também com o município de Duque de Caxias. Abrange a Avenida Brasil, onde há uma curva acentuada em direção à Zona Oeste.
O comércio local é composto essencialmente por bares e mercearias, predominantemente conduzidos por descendentes de migrantes nordestinos.
Informações do verbete reproduzidas pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de informações da internet.
História[editar | editar código-fonte]
Em 1931, quando a comunidade começou a se formar, só existia um lugar onde obter água limpa. Era conhecida como Três Bicas e até hoje tem esse nome. Muitas pessoas atravessavam a Avenida Brasil para buscar água lá e trazê-la até suas casas.
O nome do bairro origina-se da fusão entre o prenome de um proprietário de terras da região - Lucas - com a existência de uma estação de trem, lá inaugurada em 1949. Não se sabe exatamente como e quando o imigrante português José Lucas de Almeida, "o Lucas", foi parar naquela região que fazia parte das sesmarias do Irajá. Com a construção da nova ferrovia que ligaria o Centro do antigo estado da Guanabara até a Raiz da Serra, apareceu o nome do bairro atual, quando José Lucas de Almeida pediu para fazerem uma paragem em suas terras para que os pequenos proprietários da região pudessem escoar suas mercadorias. Daí, veio o nome "Parada do Lucas", local onde uma pequena cobertura em madeira servia de apeadeiro. Logo a seguir, veio a estação de trem que existe até os dias de hoje. A casa do Lucas estava situada onde é hoje a Empresa de ônibus Caprichosa, onde existia uma grande plantação de couves portuguesas, segundo relatam os moradores mais antigos do bairro.
Por ser católico, ele construiu uma capela com o nome da santa de sua devoção e aquela localidade do bairro ficou conhecida até hoje pelos mais antigos como o "Morro da Capela”, onde também existia uma escola primária e uma escola de samba, a "Unidos da Capela", campeã do carnaval do Rio de Janeiro em 1950 e 1960. Com a fusão da escola de samba Unidos da Capela (na atual Rua Itapuva) com os Aprendizes de Lucas, nasceu o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Lucas.
Com o desmembramento das terras, surgiu o bairro, povoado por pessoas que vinham da Zona Sul e Centro do Rio, pessoas do interior do Estado do Rio, mais tarde por muitos nordestinos. Mas, na origem, podiam-se encontrar muitos portugueses, afro-brasileiros descendentes quase diretos dos escravos africanos (daí os cultos afros no bairro e o samba), até mesmo muitos judeus e pessoas do Oriente Médio. A favela ou comunidade de Parada nasceu de um projeto da Igreja Católica chamado Cruzada São Sebastião: algumas casas foram construídas mas, depois, o projeto foi abandonado e o dinheiro desapareceu, e, assim, deu-se origem à ocupação da área que continua ocupada até hoje.
Adolfo Bloch trouxe um tempo muito próspero para o bairro com a implantação da gráfica da Bloch Editores, que já foi a maior gráfica da América Latina. Pessoas ilustres como o presidente Juscelino Kubitschek, o médico Christian Barnard e muitos outros famosos visitaram o bairro por causa da gráfica.
O bairro foi homenageado pelo cantor Ed Motta, logo em seu primeiro disco, quando ainda fazia parte da banda Conexão Japeri, em 1988. A música tem como título o próprio nome do bairro, Parada de Lucas.
Cultura[editar | editar código-fonte]
Unidos de Lucas[editar | editar código-fonte]
No âmbito cultural, o bairro tem como principal destaque o Samba. A Unidos de Lucas é a escola de samba que se torna presente durante o Carnaval do Rio de Janeiro.
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Lucas foi fundada a 1 de maio de 1966. A escola não possui uma escola madrinha, tendo sido batizada por Elizete Cardoso e Erminio Belo de Carvalho. Seu padroeiro é São Sebastião.
Atualmente disputa a Serie B do carnaval carioca pela Livres. A escola de samba costuma atrair milhares de pessoas durante o ano com suas atrações, principalmente durante o Carnaval.
Paroquia de São Sebastião de Parada de Lucas[editar | editar código-fonte]
A Paroquia de São Sebastião de Parada de Lucas é um dos grandes destaques do bairro também. Durante o mês de Janeiro, mais precisamente no dia 20, ocorre a tradicional Festa de São Sebastião que atrai centenas de fieis durante o festejo.
A Igreja São Sebastião de Lucas existia como Capela desde o começo do século XX. Segundo o depoimento de paroquianos, a pedra fundamental da então Capela de São Sebastião foi lançada no ano de 1917, em um terreno doado por Lucas Rodrigues. Na época, o lugar pertencia à Paróquia de Santa Cecília de Braz de Pina.
Em 17 de Janeiro de 1941, o Cardeal Dom Sebastião Leme transformou a Capelinha São Sebastião de Parada de Lucas em Paróquia, para facilitar aos fiéis do bairro de Parada de Lucas e redondezas a participação nos ofícios divinos e nos Santos Sacramentos, uma vez que as Igrejas Matrizes de Santa Cecília de Braz de Pina e Nossa Senhora da Apresentação de Irajá estavam distantes da região. O primeiro Pároco da Paróquia foi o Padre Luiz Gonzaga Steiner, SCJ.
Bumba Meu Boi Brilho de Lucas[editar | editar código-fonte]
Existe ainda no bairro o Espaço Cultural Bumba Meu Boi Brilho De Lucas. Grupo folclórico tradicional que todos os anos, no período de Festa junina, organiza sua festa e sua apresentação de Bumba meu boi.
Vídeo da festa:
O grupo Bumba-meu-boi Brilho de Lucas foi fundado na década de 80 no Rio de Janeiro pela família Silva Costa, vinda do município de Viana no Maranhão para a cidade. Atualmente o grupo se mantem sob a coordenação de duas famílias: os fundadores Silva Costa, e a família Rosa Castro que se juntou ao grupo tempos depois de sua criação. Ao longo desses anos de atividade o grupo se mantém unido, e entrou em 2012 para o calendário oficial de festas da cidade do Rio de Janeiro.
Projeto Luquinha[editar | editar código-fonte]
Projeto Luquinha RJ, que atende crianças e jovens de 04 a 19 anos em situação de vulnerabilidade dentro das favelas através do esporte, cultura e educação. O projeto completou 20 anos de funcionamento em 2020 com 3.000 jovens e crianças beneficiados.
Vídeo sobre o projeto:
Disputa entre facções[editar | editar código-fonte]
Atualmente a comunidade no bairro é controlada pela facção Terceiro Comando Puro. Constantemente há conflitos com a comunidade da Cidade Alta. No passado a comunidade de Lucas disputava com a comunidade de Vigário Geral vizinha ao bairro, porém, hoje em dia é ocupada pela mesma facção Terceiro Comando Puro. Dessa maneira as comunidades de Parada de Lucas e Vigário Geral se tornaram uma só, conhecida como Parada Geral. Há ainda uma área de influencia de milicianos, mas a atuação se dá fora dos limites da comunidade.
Vídeo[editar | editar código-fonte]
Documentário sobre a história da comunidade e sobre alguns projetos sociais de Parada de Lucas, contada pelos seus moradores:
Fotos[editar | editar código-fonte]
Referências[editar | editar código-fonte]
Blog Paróquia São Sebastião: Nossa história.
Facebook: Página Projeto Luquinha.
Wikipédia: Parada de Lucas.