Rafael Ifaponle

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Foto do autor

Livreiro e escritor, Rafael Ifaponle nasceu e cresceu na favela da Rocinha, localizada na Zona Sul do município do Rio de Janeiro. Lá se engajou em movimentos de promoção da leitura e iniciativas de mídias comunitárias. Estudou jornalismo e filosofia na PUC-Rio e compartilha seu conhecimento com jovens no pré-vestibular comunitário Só Cria. É autor dos livros Cavalos selvagens não sabem nadar e Favelavra, que apresentam narrativas a partir do contexto da experiência de vida na Rocinha, e de contos publicados em diversas plataformas literárias.

Autoria: Rafael Ifaponle

Sobre[editar | editar código-fonte]

Rafael Ifaponle nasceu e cresceu nos becos e vielas da Rocinha, onde desde jovem se envolveu em movimentos sociais. A paixão pelos livros o levou a trabalhar em diversas frentes, desde livrarias até a Biblioteca Parque da Rocinha C4, além de dedicar-se à biblioteca comunitária Garagem das Letras, onde ajudou a fortalecer o acesso à leitura em uma das maiores favelas do mundo.

Com uma mente inquieta e sedenta por conhecimento, Rafael buscou sua formação em jornalismo e filosofia na PUC-Rio, disciplinas que moldaram sua escrita afiada e reflexiva. Em 2022, lançou o livro de contos Cavalos selvagens não sabem nadar e em 2024 o livro de narrativas Favelavra ambos pela Opera Editorial, obras que não apenas exploram as nuances da vida na favela, mas também destacam as questões filosóficas e existenciais que permeiam essas realidades.

Sua escrita foi reconhecida, com contos publicados em veículos como o Jornal Plástico Bolha, Revista Lavoura, Ontologia Negras Palavras Cariocas, Revista Paranhana Literário, e na prestigiada Coletânea de Contos do Prêmio Literário do selo Off-Flip de 2023, no qual foi finalista.

Além de escritor, Rafael também é um educador engajado. Voluntariamente, compartilha seu conhecimento de filosofia com jovens no pré-vestibular comunitário Só Cria, um projeto que oferece mais do que aulas; é um espaço de inspiração e transformação de vidas dentro da própria comunidade. Sua participação ativa no coletivo da Feira Literária Internacional da Rocinha (FLIR) reflete seu compromisso com a valorização da literatura como ferramenta de mudança social, especialmente em territórios periféricos.

Livros[editar | editar código-fonte]

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A obra de Rafael Ifaponle se destaca pela fusão poética entre a realidade crua da favela e reflexões filosóficas profundas, criando uma literatura que transcende os limites do espaço geográfico e da experiência pessoal. Seus dois livros publicados, Cavalos selvagens não sabem nadar e Favelavra, apresentam uma visão aguçada da vida na Rocinha, abordando as complexidades do cotidiano periférico com uma escrita que é, ao mesmo tempo, visceral e lírica.

Em Cavalos Selvagens não sabem Nadar, Rafael constrói narrativas que capturam o espírito de resistência dos personagens imersos numa realidade brutal, onde a sobrevivência é, por si só, um ato de rebeldia. A escrita de Rafael aqui é marcada por uma cadência que imita o pulsar frenético da vida na favela, mas também permite pausas de beleza e introspecção.

Já em Favelavra, Rafael utiliza a linguagem como um ato de resistência e afirmação identitária. O título da obra já revela seu jogo linguístico: a fusão entre “favela” e “palavra” sugere que a escrita é uma forma de reescrever a história e o presente das periferias. O autor explora temas como a violência, o racismo estrutural e as desigualdades sociais, mas faz isso com uma sensibilidade que evita a estigmatização dos personagens. Ao invés disso, Rafael os humaniza, dando-lhes voz e complexidade.

Suas narrativas são repletas de diálogos afiados e monólogos internos que revelam a profundidade psicológica dos protagonistas, tornando a leitura uma experiência imersiva. O estilo de Ifaponle reflete a influência de sua formação filosófica, especialmente em sua exploração de questões como a liberdade, a opressão e o sentido da existência em um mundo de desigualdades.

A sua escrita nunca se torna excessivamente abstrata ou distante. Ele mantém os pés firmemente plantados no solo da favela, mostrando como as grandes questões filosóficas podem ser encontradas nas pequenas tragédias e triunfos cotidianos. Em suma, a literatura de Rafael Ifaponle é uma poderosa contribuição ao cânone da literatura periférica brasileira. Ele traz à tona vozes muitas vezes silenciadas, mas faz isso de forma sofisticada, utilizando a arte da palavra para construir pontes entre o universo periférico e questões universais.

Os contos[editar | editar código-fonte]

Os contos de Rafael Ifaponle, publicados em diversas plataformas literárias como o Jornal Plástico Bolha, Revista Lavoura, Ontologia Negras Palavras Cariocas, Revista Paranhana Literário, e na Coletânea de Contos do Prêmio Literário do selo Off-Flip de 2023, apresentam uma narrativa potente que combina um olhar crítico sobre as desigualdades sociais com uma profundidade filosófica rara.

Em resumo, os contos de Rafael Ifaponle publicados demonstram um autor maduro, com uma visão crítica aguçada e uma habilidade literária que transcende o simples relato. Ele combina uma profunda sensibilidade social com uma escrita complexa e envolvente, resultando em obras que não apenas narram histórias, mas que também convidam o leitor a refletir sobre questões estruturais de nossa sociedade.

Contatos[editar | editar código-fonte]

Instagram: @ifaponlerafael

Ver também[editar | editar código-fonte]