Desenvolvimento Territorial Perverso - A Precariedade do Saneamento Básico na Favela Jardim Nova Esperança em São José dos Campos-SP: mudanças entre as edições
Edição das 19h01min de 7 de março de 2025
Este verbete apresenta uma análise crítica do desenvolvimento territorial de São José dos Campos-SP, destacando a evolução da favela Jardim Nova Esperança e sua vulnerabilidade em relação ao saneamento básico. Apesar de estar localizada em um dos municípios mais desenvolvidos do Brasil, a comunidade enfrenta desafios como irregularidade fundiária e precariedade dos serviços de esgotamento sanitário, refletindo uma realidade de exclusão e segregação socioespacial.
Autoria: Reprodução do artigo
1. Introdução
O estudo aborda as desigualdades do desenvolvimento territorial em São José dos Campos-SP.
Destaca a precariedade do saneamento básico na favela Jardim Nova Esperança.
São José dos Campos é reconhecida como uma das cidades mais desenvolvidas do Brasil, mas abriga desigualdades estruturais profundas.
A pesquisa utiliza a Abordagem Territorial do Desenvolvimento para analisar o impacto da vulnerabilidade do saneamento.
2. Referencial Teórico
2.1. Desenvolvimento Territorial
O conceito de território inclui relações de poder, identidade territorial e processos de apropriação do espaço.
O desenvolvimento territorial deve considerar aspectos históricos, políticos e sociais que impactam a população.
A cidade é um reflexo das contradições sociais e econômicas.
2.2. Saneamento Básico como Direito
Acesso ao saneamento é um direito humano essencial para qualidade de vida e saúde pública.
A Constituição Federal e o Plano Nacional de Saneamento Básico determinam o acesso universal aos serviços de esgoto e água tratada.
As favelas são frequentemente excluídas das políticas públicas de saneamento, reforçando desigualdades.
3. Metodologia
Abordagem dialética baseada em revisão bibliográfica e análise de dados governamentais.
Pesquisa documental indireta com estatísticas do IBGE e do Instituto Trata Brasil.
Dados coletados sobre o saneamento e histórico populacional da favela Jardim Nova Esperança.
4. Resultados e Discussões
4.1. São José dos Campos e as Contradições do Desenvolvimento
A cidade possui uma das maiores taxas de saneamento do Brasil, mas há desigualdade na distribuição dos serviços.
100% de coleta de esgoto no município, mas apenas 94,63% de tratamento em 2022.
A favela Jardim Nova Esperança é marginalizada e sofre com a falta de infraestrutura adequada.
4.2. Histórico da Favela Jardim Nova Esperança
Criada há mais de 100 anos, é também conhecida como Banhado.
Sofre com ameaças de remoção por estar em uma área valorizada da cidade.
Economia local baseada no trabalho informal e comércio de rua.
Falta de regularização fundiária impede melhorias na infraestrutura.
4.3. A Precariedade do Saneamento Básico
A favela tem redes de esgoto improvisadas, expondo moradores a doenças.
Relatos de esgoto a céu aberto e descarte inadequado de resíduos sólidos.
A falta de saneamento impacta diretamente a saúde da população, aumentando casos de diarreia, infecções e doenças respiratórias.
4.4. Governança Territorial e Exclusão
O município adota um modelo de desenvolvimento que favorece áreas nobres e ignora as periferias.
Políticas de saneamento não incluem a favela Jardim Nova Esperança, reforçando segregação socioespacial.
Pressões imobiliárias impulsionam remoções de comunidades vulneráveis.
5. Considerações Finais
A favela Jardim Nova Esperança evidencia o desenvolvimento territorial perverso e as falhas na distribuição dos serviços públicos.
Há uma contradição entre o status de São José dos Campos como cidade desenvolvida e a exclusão de certas áreas.
Acesso ao saneamento é uma questão de direito e cidadania.
Políticas públicas precisam ser mais inclusivas e participativas para garantir justiça social.
Recomenda-se maior investimento em infraestrutura e regularização fundiária da favela.
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