Cleonice Dias (Memória Viva)
Uma cidadã do mundo. Mãe, avó, Pedagoga, Professora e militante dos movimentos sociais. Seu curso de aperfeiçoamento, aprendizado e especialização foi feito na Cidade de Deus (Rio de Janeiro).
Autoria - Entrevistadora: Mônica Francisco / Entrevistado: Cleonice Dias
Apresentação do projeto
O Memória Viva é apresentado por Mônica Francisco, liderança histórica do Morro do Borel, cientista social e ex-deputada estadual, que a cada episódio bate um papo sobre as trajetórias de lideranças de favelas do Rio de Janeiro. A ideia do projeto é criar um espaço de conversa no qual moradores possam reviver lembranças do passado, fazer análises da presente conjuntura e debater perspectivas sobre o futuro das favelas.
As gravações foram realizadas em diferentes locações com apoio da equipe da VideoSaúde e a série se inspira em alguns projetos que já trabalharam o registro de memórias, como o "A favela fala" (CPDOC/FGV), o "Espelho" (Canal Brasil), o "Conexões Urbanas" (Multishow),a série "Memórias" (Bom Dia Rio) e o programa Papo na Laje (TVC Rio).
A previsão de lançamento do projeto é novembro de 2024, sendo lançado primeiramente os vídeos que ficarão disponíveis para acesso virtual e gratuito na plataforma da wikiFavelas e, além disso, os episódios serão transformados em podcasts.
Minibiografia - Cleonice Dias
Uma cidadã do mundo. Mãe, avó, Pedagoga, Professora e militante dos movimentos sociais. Seu curso de aperfeiçoamento, aprendizado e especialização foi feito na Cidade de Deus (Rio de Janeiro). "Tudo o que eu sei e o meu entendimento de todos os conceitos, hoje, passam por um aprendizado coletivo na Cidade de Deus. Eu não sou sozinha. Eu sou um monte de gente que juntou para trabalhar junto". (CLEONICE, 2022.)
Sobre a Cidade de Deus (história da favela)
Habitada até o século XVI pelos indígenas tamoios, no final desse século a região passou a pertencer à sesmaria de Martim Correia de Sá. Posteriormente, a região continuou a ser ocupada por fazendas que produziam cana-de-açúcar, café etc. Ao longo da década de 1960, a região recebeu pessoas removidas de várias favelas da cidade pelo governador do então estado da Guanabara Carlos Lacerda, como parte da política de remoção de favelas de outras áreas da cidade. No bairro, então, foram construídos conjuntos habitacionais. Seguindo o nome do bairro, as suas ruas receberam nomes inspirados na Bíblia: Israel, Rubens, Jessé etc. Porém logo o crescimento passou a ser desordenado, com a população ocupando os terrenos às margens do rio Grande e de seu afluente Estiva.
Desde a década de 1980, surgiram, no bairro, várias associações de moradores, agremiações de samba, agremiações esportivas, grupos de teatro, revistas, cineclubes, igrejas atuantes, grupos de dança e movimentos negros. Mais sobre o tema pode ser lido na página sobre Associativismo na Cidade de Deus. Entre 1981 e 1985, a Cidade de Deus, assim como várias outras regiões de Jacarepaguá, se emancipou e passou a constituir um bairro próprio. Em 1981, a área tomada por vários blocos de prédios virou um bairro, por meio de um decreto da prefeitura. Em 1997, a inauguração da rodovia Linha Amarela dividiu o bairro em dois. Em 2002, o sucesso do filme Cidade de Deus colocou o bairro intensamente nos veículos de comunicação, reforçando o estigma de comunidade violenta e perigosa e favorecendo uma onda de preconceito e discriminação. A partir de 2003, vários processos confluíram, constituindo novas condições de organização e articulação tendo em vista a transformação da realidade da Cidade de Deus.
Após um processo intensivo de discussões, surgiu, naquele ano, o Comitê Comunitário da Cidade de Deus, que veio a reunir diferentes entidades locais tendo em vista superar o isolamento e as divisões que pautavam a atuação dessas organizações. Em 2009, a favela passou a ser ocupada pela 2° UPP. Em 2009, com a inauguração da UPP, investidores se juntaram às ONGs e aos estrangeiros que se interessaram pela favela na época em que o filme de Fernando Meirelles foi lançado. Dois anos depois, a Cidade de Deus recebeu um visitante ilustre: o então presidente americano Barack Obama, que andou pelas ruas da comunidade. Foram dias de esperança, que, aos poucos, perderam lugar para o pessimismo. A crise econômica do país enfraqueceu os negócios, e a retomada dos confrontos entre bandidos e policiais afugentou aqueles que viam a favela como uma oportunidade de negócio.
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