A cor da violência policial (relatório): mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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'''Autoria''': Rede de Observatórios da Seguranca (CESeC)    
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= Apresentação =
O racismo enterra corpos pretos todos os dias. É ele que também ensina ao policial que o alvo da sua bala tem cor. Sabemos que esta é apenas uma das tecnologias de morte empregadas pela máquina de moer negros que é o Estado. Pretos e pardos são vistos como excedentes e podem morrer, de acordo com o que aprendemos<br/> com a "necropolítica", para se fazer cumprir a "política de branqueamento" do Brasil. Nossa sociedade está estruturada para que o racismo seja o motor da violência – como evidenciamos no nosso Anuário – e por isso a Rede de Observatórios da Segurança se compromete desde o seu lançamento a trazer para o debate a questão através da análise de dados. O debate da segurança pública precisa, antes de tudo, ser centrado em raça. <br/> Os números apresentados neste relatório comprovam que o racismo mata. Na Bahia, praticamente todos os mortos em ações policiais são negros. O mesmo padrão se repete nos outros estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança (CE, PE, RJ e SP). Os números que chocam foram coletados das secretarias estaduais dos cinco estados que compõem a Rede e se referem ao ano de 2019. Os microdados (que trazem informações como cor, sexo, idade e outras variáveis) não são padronizados, tendo cada estado um modelo diferente de apresentação. Após o processo de uniformização dos bancos de dados, extraímos algumas estatísticas descritivas para iluminar o contexto de violência policial e como ela é racializada em cada um dos estados.&nbsp; &nbsp; O objetivo do presente levantamento é olhar detidamente os números, colocando a lente num tema tabu sobre o qual os dados até o momento eram escassos ou inexistentes: a cor das vítimas de violência letal policial em cada estado. Os resultados são chocantes e não há como disfarçar. O racismo estrutura políticas de policiamento e de segurança pública. &nbsp;
= A cor da violência policial: a bala não erra o alvo =


&nbsp;<pdf height="800" width="1200">File:Radar Covid19.pdf</pdf>
== Apresentação ==
<p style="text-align: justify;">Em relatório apresentado em dezembro de 2020, a '''[[Rede de Observatórios da Segurança]]''', do CESeC, debate "'''''A cor da violência policial: a bala não erra o alvo'''''". Segundo dados apresentados no&nbsp;relatório, o&nbsp;racismo enterra corpos pretos todos os dias. </p><p style="text-align: justify;">É ele que também ensina ao policial que o alvo da sua bala tem cor. Sabemos que esta é apenas uma das tecnologias de morte empregadas pela [[Máquina de moer gente preta: a responsabilidade da branquitude (relatório)|máquina de moer negros]] que é o Estado. </p><p style="text-align: justify;">Pretos e pardos são vistos como excedentes e podem morrer, de acordo com o que aprendemos com a ''necropolítica'', para se fazer cumprir a ''política de branqueamento''&nbsp;do Brasil. Nossa sociedade está estruturada para que o racismo seja o motor da violência – como evidenciado&nbsp;no anuário&nbsp;[[Racismo,_motor_da_violência_(relatório)|"'''''Racismo, motor da violência'''''"]] – e por isso a Rede de Observatórios da Segurança se compromete desde o seu lançamento a trazer para o debate a questão através da análise de dados. O debate da segurança pública precisa, antes de tudo, ser centrado em raça.</p>


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== O racismo mata ==
<p style="text-align: justify;">Os números apresentados neste relatório comprovam que o racismo mata. Na Bahia, praticamente todos os mortos em ações policiais são negros. O mesmo padrão se repete nos outros estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança (CE, PE, RJ e SP). Os números que chocam foram coletados das secretarias estaduais dos cinco estados que compõem a Rede e se referem ao ano de 2019. </p><p style="text-align: justify;">Em 2021, a quantidade de negros mortos durante operações policiais no Brasil foi quase 3 vezes maior do que a de brancos, sendo São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador as cidades com o maior número de mortos em ações policiais. No ano de 2022, os negros representaram mais de 80% dos mortos em intervenções policiais. </p> <p style="text-align: justify;">Os microdados (que trazem informações como cor, sexo, idade e outras variáveis) não são padronizados, tendo cada estado um modelo diferente de apresentação. Após o processo de uniformização dos bancos de dados, extraímos algumas estatísticas descritivas para iluminar o contexto de violência policial e como ela é racializada em cada um dos estados.&nbsp;</p>


[[Category:Violência Policial]][[Category:Polícia]][[Category:Racismo]][[Category:Segurança Pública]][[Category:Temática - Segurança]]
== Objetivo do levantamento de informações ==
<p style="text-align: justify;">O objetivo do presente levantamento é olhar detidamente os números, colocando a lente num tema tabu sobre o qual os dados até o momento eram escassos ou inexistentes: a cor das vítimas de violência letal policial em cada estado. Os resultados são chocantes e não há como disfarçar. O racismo estrutura políticas de policiamento e de segurança pública. &nbsp;</p>
== Veja também ==
*[[Parem de nos matar! Violência estatal e racismo nas favelas e periferias (live)]]
*[[Cor dos homicídios no Brasil (artigo)]]
*[[A cor da morte (resenha)]]
*[[Racismo, motor da violência (relatório)]]
 
[[Category:Violência Policial]] [[Category:Polícia]] [[Category:Racismo]] [[Category:Segurança Pública]] [[Category:Temática - Segurança]]
[[Categoria:Brasil]]

Edição atual tal como às 13h13min de 9 de outubro de 2023

Autoria: Rede de Observatórios da Seguranca (CESeC)  

Apresentação[editar | editar código-fonte]

Em relatório apresentado em dezembro de 2020, a Rede de Observatórios da Segurança, do CESeC, debate "A cor da violência policial: a bala não erra o alvo". Segundo dados apresentados no relatório, o racismo enterra corpos pretos todos os dias.

É ele que também ensina ao policial que o alvo da sua bala tem cor. Sabemos que esta é apenas uma das tecnologias de morte empregadas pela máquina de moer negros que é o Estado.

Pretos e pardos são vistos como excedentes e podem morrer, de acordo com o que aprendemos com a necropolítica, para se fazer cumprir a política de branqueamento do Brasil. Nossa sociedade está estruturada para que o racismo seja o motor da violência – como evidenciado no anuário "Racismo, motor da violência" – e por isso a Rede de Observatórios da Segurança se compromete desde o seu lançamento a trazer para o debate a questão através da análise de dados. O debate da segurança pública precisa, antes de tudo, ser centrado em raça.

O racismo mata[editar | editar código-fonte]

Os números apresentados neste relatório comprovam que o racismo mata. Na Bahia, praticamente todos os mortos em ações policiais são negros. O mesmo padrão se repete nos outros estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança (CE, PE, RJ e SP). Os números que chocam foram coletados das secretarias estaduais dos cinco estados que compõem a Rede e se referem ao ano de 2019.

Em 2021, a quantidade de negros mortos durante operações policiais no Brasil foi quase 3 vezes maior do que a de brancos, sendo São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador as cidades com o maior número de mortos em ações policiais. No ano de 2022, os negros representaram mais de 80% dos mortos em intervenções policiais.

Os microdados (que trazem informações como cor, sexo, idade e outras variáveis) não são padronizados, tendo cada estado um modelo diferente de apresentação. Após o processo de uniformização dos bancos de dados, extraímos algumas estatísticas descritivas para iluminar o contexto de violência policial e como ela é racializada em cada um dos estados. 

Objetivo do levantamento de informações[editar | editar código-fonte]

O objetivo do presente levantamento é olhar detidamente os números, colocando a lente num tema tabu sobre o qual os dados até o momento eram escassos ou inexistentes: a cor das vítimas de violência letal policial em cada estado. Os resultados são chocantes e não há como disfarçar. O racismo estrutura políticas de policiamento e de segurança pública.  

Veja também[editar | editar código-fonte]