Jovens trabalhadores-estudantes: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Partimos da compreensão que os jovens desse grupo são trabalhadores e ajudam no rendimento mensal de suas casas (quando não sustentam sozinhos) ou praticam alguma atividade doméstica para seus responsáveis trabalharem fora; estudam muitas vezes em condições precárias; são marginalizados pelo Estado e os seus aparelhos de repressão e experimentam a superexploração (MARINI, 1973) do trabalho pelo capital. 
  '''Autoria''': Luiz Augusto Gomes
  '''Autoria''': Luiz Augusto Gomes


== Sobre ==
== Sobre ==
<p>Partimos da compreensão que os jovens desse grupo são trabalhadores e ajudam no rendimento mensal de suas casas (quando não sustentam sozinhos) ou praticam alguma atividade doméstica para seus responsáveis trabalharem fora; estudam muitas vezes em condições precárias; são marginalizados pelo Estado e os seus aparelhos de repressão e experimentam a superexploração (MARINI, 1973) do trabalho pelo capital.&nbsp;</p>
<p>Para Bernard Charlot (2007), ao estudarmos os jovens se faz necessário nomearmos como juventudes, a fim de expressar a complexidade étnica, sexual e geracional que o grupo carrega. “Esse é um dos embasamentos para a utilização do termo juventudes no plural e leva a combinar o plural com a unicidade dos jovens, em especial em relação a outras gerações”. (CHARLOT, 2007, p.209, apud ALVARENGA e OLIVEIRA, 2014, p.4).</p>
<p>Para Bernard Charlot (2007), ao estudarmos os jovens se faz necessário nomearmos como juventudes, a fim de expressar a complexidade étnica, sexual e geracional que o grupo carrega. “Esse é um dos embasamentos para a utilização do termo juventudes no plural e leva a combinar o plural com a unicidade dos jovens, em especial em relação a outras gerações”. (CHARLOT, 2007, p.209, apud ALVARENGA e OLIVEIRA, 2014, p.4).</p>
<p>Entendemos que é importante ressaltar a pluralidade etnia, gênero, e geracional entre as juventudes destacado por Charlot (2007). Entretanto, concordamos com Silva, Pelissari e Steimbach (2012) que a categoria “não tem sentido se não analisada como uma construção histórica e social, permeada por todas as lutas e contradições que movem a sociedade” (SILVA; PELISSARI; STEIMBACH, 2012, p.4). Assim, quando fazemos referência ao jovens trabalhadores-estudantes, buscamos deixar em evidência a questão de classe. Para esse grupo e seus familiares, faltam moradias (ou moradias dignas com o mínimo de estrutura), saneamento básico, acesso a lazer, escolas públicas de qualidade, atendimento médico, acesso à cidade e a compreender os seus direitos.&nbsp; Restando apenas os “[...] problemas relacionados à proximidade com a violência urbana – personificada no tráfico de drogas –, à poluição e degradação ambiental, à ausência de políticas públicas de enfrentamento aos problemas decorrentes do crescimento urbano desordenado” (ALVARENGA; OLIVEIRA, 2014, p.6).</p>
<p>Entendemos que é importante ressaltar a pluralidade etnia, gênero, e geracional entre as juventudes destacado por Charlot (2007). Entretanto, concordamos com Silva, Pelissari e Steimbach (2012) que a categoria “não tem sentido se não analisada como uma construção histórica e social, permeada por todas as lutas e contradições que movem a sociedade” (SILVA; PELISSARI; STEIMBACH, 2012, p.4). Assim, quando fazemos referência ao jovens trabalhadores-estudantes, buscamos deixar em evidência a questão de classe. Para esse grupo e seus familiares, faltam moradias (ou moradias dignas com o mínimo de estrutura), saneamento básico, acesso a lazer, escolas públicas de qualidade, atendimento médico, acesso à cidade e a compreender os seus direitos.&nbsp; Restando apenas os “[...] problemas relacionados à proximidade com a violência urbana – personificada no tráfico de drogas –, à poluição e degradação ambiental, à ausência de políticas públicas de enfrentamento aos problemas decorrentes do crescimento urbano desordenado” (ALVARENGA; OLIVEIRA, 2014, p.6).</p>
<p>No mundo do trabalho, enfrentam diversos obstáculos: A falta de formação necessária para atender as demandas do capital, condições de trabalho precárias e no alto índice de desemprego são alguns problemas que atingem diretamente a juventude, principalmente a da classe trabalhadora. O processo de acumulação flexível (HARVEY, 2010) trouxe novas relações de produção, trabalho e principalmente, novas dinâmicas sociais.</p>
<p>No mundo do trabalho, enfrentam diversos obstáculos: A falta de formação necessária para atender as demandas do capital, condições de trabalho precárias e no alto índice de desemprego são alguns problemas que atingem diretamente a juventude, principalmente a da classe trabalhadora. O processo de acumulação flexível (HARVEY, 2010) trouxe novas relações de produção, trabalho e principalmente, novas dinâmicas sociais.</p>
<p>A condição problemática enfrentada pelo jovem na falta de experiência, na pouca qualificação profissional ou em alguns casos, os reduzidos anos de escolaridade, faz com que eles sejam as principais vítimas do desemprego ou empurrados para o subemprego. Segundo dados do IBGE (2016), aproximadamente 24,1% dos jovens trabalhadores brasileiros encontravam-se desempregados só no primeiro trimestre de 2016. A forma precária de ingresso no mundo do trabalho é o reflexo das novas demandas de produção capitalista. Baixos salários, precarização e a superexploração do trabalho tornaram-se comuns para o universo dos jovens pertencentes à classe trabalhadora.</p>
<p>A condição problemática enfrentada pelo jovem na falta de experiência, na pouca qualificação profissional ou em alguns casos, os reduzidos anos de escolaridade, faz com que eles sejam as principais vítimas do desemprego ou empurrados para o subemprego. Segundo dados do IBGE (2016), aproximadamente 24,1% dos jovens trabalhadores brasileiros encontravam-se desempregados só no primeiro trimestre de 2016. A forma precária de ingresso no mundo do [[Trabalho e ganhos de vida (debate)|trabalho]] é o reflexo das novas demandas de produção capitalista. Baixos salários, precarização e a superexploração do trabalho tornaram-se comuns para o universo dos jovens pertencentes à classe trabalhadora.</p>


== Referências ==
== Referências ==
<p>CHARLOT, B. Valores e normas da juventude contemporânea. In: PAIXÃO, Lea e ZAGO, Nadir. Sociologia da Educação; pesquisa e realidade. (orgs.). Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. p. 203-221.</p>
CHARLOT, B. Valores e normas da juventude contemporânea. In: PAIXÃO, Lea e ZAGO, Nadir. Sociologia da Educação; pesquisa e realidade. (orgs.). Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. p. 203-221.
<p>HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo. Edições Loyola, 19º edição. 2010. 349 p.</p>
 
<p>MARINI, Ruy Mauro. Dialética de la dependencia. México, DF: Ediciones Era, 1973.</p>
HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo. Edições Loyola, 19º edição. 2010. 349 p.
<p>OLIVEIRA, E; ALVARENGA, M. (2014). Juventudes e escolarização: Trajetórias escolares de jovens em espaço social de periferia urbana. VIII Jornadas de Sociología de la UNLP, 3 al 5 de diciembre de 2014, Ensenada, Argentina. En Memoria Académica. Disponível em: http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/trab_eventos/ev.4395/ev.4395.pdf. Acesso em: 30 de junho de 2021.</p>
 
<p>SILVA, M; PELISSARI, L; STEIMBACH, A. Juventude, escola e trabalho: permanência e abandono na educação profissional técnica de nível médio. Educ. Pesqui. [online]. 2013, vol.39, n.2, pp.403-417. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022013000200008. Acesso em: 01 de julho de 2021.</p>
MARINI, Ruy Mauro. Dialética de la dependencia. México, DF: Ediciones Era, 1973.
 
OLIVEIRA, E; ALVARENGA, M. (2014). Juventudes e escolarização: Trajetórias escolares de jovens em espaço social de periferia urbana. VIII Jornadas de Sociología de la UNLP, 3 al 5 de diciembre de 2014, Ensenada, Argentina. En Memoria Académica. Disponível em: http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/trab_eventos/ev.4395/ev.4395.pdf. Acesso em: 30 de junho de 2021.
 
SILVA, M; PELISSARI, L; STEIMBACH, A. Juventude, escola e trabalho: permanência e abandono na educação profissional técnica de nível médio. Educ. Pesqui. [online]. 2013, vol.39, n.2, pp.403-417. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022013000200008. Acesso em: 01 de julho de 2021.
 


== Veja também ==
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*[[Trabalhadores e bandidos: categorias de nomeação, significados políticos (resenha)]]
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[[Categoria:Economia]]
[[Categoria:Trabalho]]
[[Categoria:Juventude]]
[[Categoria:Desemprego juvenil]]
[[Categoria:Educação]]

Edição atual tal como às 20h35min de 17 de setembro de 2023

Partimos da compreensão que os jovens desse grupo são trabalhadores e ajudam no rendimento mensal de suas casas (quando não sustentam sozinhos) ou praticam alguma atividade doméstica para seus responsáveis trabalharem fora; estudam muitas vezes em condições precárias; são marginalizados pelo Estado e os seus aparelhos de repressão e experimentam a superexploração (MARINI, 1973) do trabalho pelo capital. 

Autoria: Luiz Augusto Gomes

Sobre[editar | editar código-fonte]

Para Bernard Charlot (2007), ao estudarmos os jovens se faz necessário nomearmos como juventudes, a fim de expressar a complexidade étnica, sexual e geracional que o grupo carrega. “Esse é um dos embasamentos para a utilização do termo juventudes no plural e leva a combinar o plural com a unicidade dos jovens, em especial em relação a outras gerações”. (CHARLOT, 2007, p.209, apud ALVARENGA e OLIVEIRA, 2014, p.4).

Entendemos que é importante ressaltar a pluralidade etnia, gênero, e geracional entre as juventudes destacado por Charlot (2007). Entretanto, concordamos com Silva, Pelissari e Steimbach (2012) que a categoria “não tem sentido se não analisada como uma construção histórica e social, permeada por todas as lutas e contradições que movem a sociedade” (SILVA; PELISSARI; STEIMBACH, 2012, p.4). Assim, quando fazemos referência ao jovens trabalhadores-estudantes, buscamos deixar em evidência a questão de classe. Para esse grupo e seus familiares, faltam moradias (ou moradias dignas com o mínimo de estrutura), saneamento básico, acesso a lazer, escolas públicas de qualidade, atendimento médico, acesso à cidade e a compreender os seus direitos.  Restando apenas os “[...] problemas relacionados à proximidade com a violência urbana – personificada no tráfico de drogas –, à poluição e degradação ambiental, à ausência de políticas públicas de enfrentamento aos problemas decorrentes do crescimento urbano desordenado” (ALVARENGA; OLIVEIRA, 2014, p.6).

No mundo do trabalho, enfrentam diversos obstáculos: A falta de formação necessária para atender as demandas do capital, condições de trabalho precárias e no alto índice de desemprego são alguns problemas que atingem diretamente a juventude, principalmente a da classe trabalhadora. O processo de acumulação flexível (HARVEY, 2010) trouxe novas relações de produção, trabalho e principalmente, novas dinâmicas sociais.

A condição problemática enfrentada pelo jovem na falta de experiência, na pouca qualificação profissional ou em alguns casos, os reduzidos anos de escolaridade, faz com que eles sejam as principais vítimas do desemprego ou empurrados para o subemprego. Segundo dados do IBGE (2016), aproximadamente 24,1% dos jovens trabalhadores brasileiros encontravam-se desempregados só no primeiro trimestre de 2016. A forma precária de ingresso no mundo do trabalho é o reflexo das novas demandas de produção capitalista. Baixos salários, precarização e a superexploração do trabalho tornaram-se comuns para o universo dos jovens pertencentes à classe trabalhadora.

Referências[editar | editar código-fonte]

CHARLOT, B. Valores e normas da juventude contemporânea. In: PAIXÃO, Lea e ZAGO, Nadir. Sociologia da Educação; pesquisa e realidade. (orgs.). Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. p. 203-221.

HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo. Edições Loyola, 19º edição. 2010. 349 p.

MARINI, Ruy Mauro. Dialética de la dependencia. México, DF: Ediciones Era, 1973.

OLIVEIRA, E; ALVARENGA, M. (2014). Juventudes e escolarização: Trajetórias escolares de jovens em espaço social de periferia urbana. VIII Jornadas de Sociología de la UNLP, 3 al 5 de diciembre de 2014, Ensenada, Argentina. En Memoria Académica. Disponível em: http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/trab_eventos/ev.4395/ev.4395.pdf. Acesso em: 30 de junho de 2021.

SILVA, M; PELISSARI, L; STEIMBACH, A. Juventude, escola e trabalho: permanência e abandono na educação profissional técnica de nível médio. Educ. Pesqui. [online]. 2013, vol.39, n.2, pp.403-417. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022013000200008. Acesso em: 01 de julho de 2021.


Veja também[editar | editar código-fonte]