Acadêmicos do Cubango

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Cubango (ou simplesmente Acadêmicos do Cubango) é uma escola de samba da cidade de Niterói.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco a partir de outras fontes[1]
Bandeira Acadêmicos do Cubango

Sobre[editar | editar código-fonte]

A Acadêmicos do Cubango é uma escola de samba fundada em 17 de dezembro de 1959, na cidade de Niterói, Rio de Janeiro. Desde a década de 1980, participa dos desfiles do carnaval carioca. Em 2024, foi declarada patrimônio cultural de natureza imaterial do Estado do Rio de Janeiro.

História[editar | editar código-fonte]

Foi na antevéspera do Natal de 1959, mais precisamente em 17 de dezembro, que nasceu, na cidade de Niterói, a escola de samba Acadêmicos do Cubango.

A fundação da escola aconteceu em um momento em que os batuques da Império Serrão haviam silenciado. Até então, essa era a principal referência para os sambistas dos morros do bairro do Cubango. Diante desse cenário, um grupo de apaixonados pelo samba, incluindo Ney Ferreira e Carlinhos Manga-Espada, decidiu reacender a chama do carnaval, dando origem a uma nova agremiação. Assim, a Cubango surgiu da união de sambistas dos morros São Luiz, Mangueirinha, Abacaxi e Serrão, que, rompendo com o vazio deixado pela Império Serrão, criaram uma escola comprometida com as tradições da favela. Desde o início, dirigentes e componentes fizeram questão de preservar aquilo que é essencial para qualquer escola de samba: o vínculo com sua raiz.

A verde e branco de Niterói sempre buscou manter a essência de uma escola de base popular, refletindo isso na escolha de seus enredos, que exaltavam a cultura brasileira. O próprio nome "Cubango" carrega essa identidade histórica e cultural. A palavra tem origem na derivação indígena “u-bang”, que significa "terras escondidas", mas também remete a um rio em Angola, país africano.

Os primeiros ensaios da escola foram realizados em um terreno cedido por José Figueiredo, o primeiro grande apoiador da Cubango. Durante as décadas de 1960 e 1970, os ensaios aconteceram nos clubes Fluminense e Fonseca até que, no final dos anos 70, a agremiação finalmente conquistou sua própria quadra na Noronha Torrezão.

A trajetória da Cubango nos desfiles de Niterói começou em 1960, quando a escola firmou seu nome no carnaval ao conquistar o tetracampeonato na Academia do Samba, uma espécie de grupo de acesso, com o enredo “Sonho das Esmeraldas”. Em 1964, fez sua estreia no grupo principal das escolas de samba, passando a se chamar oficialmente Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Cubango. Nesse ano, desfilou com o enredo “Maurício de Nassau” e garantiu o vice-campeonato.

O primeiro título na elite do carnaval niteroiense veio em 1967, com um enredo que estava em alta na época: “O Brasil pintado por Debret”. No entanto, a grande consagração aconteceu em 1972, quando a escola brilhou na avenida com um desfile impecável e um tema marcante: “Um rei Congo Sabará”. Esse enredo consolidou a preferência da Cubango por temáticas ligadas às raízes africanas, algo que se tornaria uma característica da escola.

Em 1975, com o título de campeã, a Cubango desfilou na Amaral Peixoto apresentando o enredo “Folclore: riqueza do Nordeste”, conquistando o primeiro de uma sequência de cinco campeonatos consecutivos. Já em 1979, com o enredo “Afoxé”, a escola reafirmou sua hegemonia no carnaval de Niterói. Ao longo da década de 1970, a Cubango venceu sete títulos em dez disputados, consolidando-se como uma das maiores potências carnavalescas da cidade.

A década de 1980 trouxe mudanças significativas para a escola. Em meio a uma crise econômica e política que afetou o carnaval de Niterói e resultaria no fim dos desfiles na cidade nos anos 90, a Cubango decidiu encarar um novo desafio: desfilar no Rio de Janeiro, assim como a Viradouro. Esse caminho foi semelhante ao trilhado pela Beija-Flor de Nilópolis nos anos 70, que saiu do anonimato para conquistar projeção internacional.

A adaptação à nova realidade não foi fácil. A Cubango precisou percorrer todos os grupos de acesso até chegar ao Grupo A. Em sua estreia no carnaval carioca, em 1986, a escola teve um desempenho notável e conquistou o título do Grupo IV, garantindo sua ascensão ao Grupo III. No ano seguinte, com o enredo “Ave Bahia cheia de graça”, foi apontada pela crítica especializada, incluindo o jornal “O Globo”, como a melhor do Grupo III. No entanto, a colocação final foi um controverso quarto lugar, impedindo sua subida para o Grupo II. Em 1992, com o enredo “Negro que te quero negro”, a escola finalmente chegou ao Grupo I.

No carnaval de 2004, contrariando todas as previsões que indicavam sua queda para o Grupo B devido a supostas limitações do enredo, a Cubango surpreendeu. Com um desfile emocionante, conquistou grande parte do público na Sapucaí e impressionou os jurados, alcançando um expressivo e inesperado quinto lugar.

Fonte: Reprodução/Acadêmicos do Cubango - 2024
FUNDAÇÃO 17 de dezembro de 1959
CORES Verde e Branco
QUADRA Rua Noronha Torrezão, 560, Cubango - Niterói, CEP: 24240-183
BARRACÃO Av P. Julio de Moraes Coutinho, nº 01 - Benfica
FILIAÇÃO SUPERLIGA
LEMA A Cubango não é a maior nem a melhor, é a do povo
SÍMBOLO Santuário com livro
GRUPO ATUAL Série Prata

Primeiro samba enredo[editar | editar código-fonte]

1972

Enredo: Coroação de um Rei Congo em Sabará

Compositores: Coutinho e Betinho

Toda a cidade engalanada

Os negros festejam a coroação

Do Rei Congo, Sua Majestade

Era lindo ver

O ato cerimonial

A Rainha Ginga e o Rei

Com seus trajes divinais

Suas faces mascaradas

Suas coroas brilhavam

Como um astro no céu

Que eles receavam

Oi, Lua vem rompendo

Dancem Guerreiros

Deixar de ser negro

Violeiro, eu tenho medo

Ô ô ô ô negro é Rei

Negro é senhor

Na corte

A alegria imperava

No festival de cores

Destacava-se a nobreza

Que beleza

Este fato original

Que o Cubango se Agiganta

E traz para esse carnaval

Ê ê ê ô baê, Ê ê ê ô baa

Tem pandeiro, marimba

Atabaque, ganzá

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Página oficial da escola no Instagram
  • Quadra da escola no Goolge Maps:

 

 

Notas e referências