Jornadas de Junho de 2013 no Rio de Janeiro
Verbete traz uma linha do tempo dos principais protestos do período (90 só no RJ), além de listar as dezenas de grupos que atuaram durante as manifestações. A mobilização ocorrida a partir de junho de 2013 abriu espaço no Brasil para a emergência de novas formas de organização política e de produção midiática. O Rio de Janeiro reuniu milhões de pessoas em suas ruas, na luta pelo direito à cidade no contexto dos megaeventos.
Autoria: Arthur William Cardoso Santos.
Jornadas de Junho de 2013[editar | editar código-fonte]
As Jornadas de Junho foram uma série de protestos organizados em todo o Brasil no contexto do direito à cidade. Nasceu como um movimento contrário ao aumento das tarifas dos ônibus urbanos, mas estendeu sua pauta a outros temas ligados aos megaeventos como gentrificação, opressão policial em favelas (UPP), corrupção e falta de participação social nas esferas de governo. No Rio de Janeiro, as mobilizações começaram em junho de 2013 e terminaram em julho de 2014, ocasião da final da Copa do Mundo realizada no estádio do Maracanã. Na véspera do último ato, a Polícia Civil tornou pública a Operação Firewall, que investigou os grupos atuantes nas Jornadas de Junho e ordenou a prisão de 26 ativistas. Entre 2007 e 2016, a cidade sediou um conjunto de eventos internacionais que impactaram sua dinâmica social[1][2][3]: Jogos Pan-Americanos (2007), Jogos Mundiais Militares (2011), Rio+20 (2012), Copa das Confederações (2013), Jornada Mundial da Juventude (2013), Copa do Mundo (2014), Olimpíadas (2016) e Paralimpíadas (2016). O movimento brasileiro também ocorreu em sintonia com outras ações similares pelo mundo, como Primavera Árabe (2010), Occupy Wall Street (2011), 15M/Indignados (2011)[4] e Praça Taksim (2013)[5].
Pautas[editar | editar código-fonte]
Mobilidade Urbana[editar | editar código-fonte]
Os protestos de Junho de 2013 tiveram início após o aumento de 20 centavos na tarifa dos ônibus urbanos do Rio de Janeiro. Após o recuo da Prefeitura, a pauta passou a ser a “Tarifa Zero”. Em paralelo, a Câmara dos Vereadores instalou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os problemas no transporte público da capital carioca. Em julho de 2013, um protesto foi organizado na frente do hotel Copacabana Palace, onde ocorria o casamento da neta do maior empresário de ônibus do Rio, Jacob Barata. O ato ficou conhecido como o “Casamento da Dona Baratinha”. Já em 2014, as manifestações passaram a focar em outros meios de mobilidade urbana, como trens e barcas.
Megaeventos[editar | editar código-fonte]
Entre 2013 e 2014, o Rio vivenciou três megaeventos. Neste contexto, foram várias as manifestações contrárias aos problemas que esses eventos traziam para os moradores da cidade. Em Junho de 2013, por exemplo, o segundo grande protesto aconteceu justamente durante partida da Copa das Confederações no Maracanã. Um mês depois, já ocorria a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento da Igreja Católica que reuniu milhões de pessoas de todo o mundo na praia de Copacabana, após cancelamento do local previsto em Guaratiba por conta de chuvas no bairro. A demolição do estádio de atletismo Célio de Barros, a privatização do Maracanã e o incipiente legado da Copa também foram pautas de atos.
Gentrificação[editar | editar código-fonte]
Como face da reorganização urbana por conta dos megaeventos, a gentrificação tornou patente a desigualdade social na cidade do Rio de Janeiro. Em dezembro de 2013, foi organizado um “Farofaço” na praia de Ipanema com o objetivo de protestar contra a discriminação na Zona Sul de banhistas de favelas e periferias. Já em janeiro de 2014, foi promovido um “Rolezinho” no Shopping Leblon, que fechou as portas na data marcada para impedir a entrada dos jovens da periferia.
Educação[editar | editar código-fonte]
Os profissionais da Educação tiveram grande protagonismo nas Jornadas de Junho de 2013. A greve da categoria mobilizou professores tanto da rede estadual, quanto do município do Rio. Os principais focos dos protestos foram a Câmara Municipal, na Cinelândia, e o Palácio Guanabara, em Laranjeiras. O período também contou com o fechamento da universidade Gama Filho e a tentativa de demolição da Escola Municipal Friedenreich, localizada nas proximidades do estádio do Maracanã.
Saúde[editar | editar código-fonte]
Apesar da demolição do hospital do IASERJ ter ocorrido em 2012, no ano posterior a mobilização ainda estava ativa. Em novembro de 2013, foi promovido o “Arrastão Cultural pela Saúde” na Praça da Cruz Vermelha cobrando a punição dos responsáveis pelo fechamento do hospital que funcionava no local.
Remoções[editar | editar código-fonte]
Uma das principais ações do poder público no contexto dos megaeventos foi a remoção de comunidades e ocupações com a justificativa do atendimento ao projeto de planejamento urbano. Aldeia Maracanã, Favela Metrô-Mangueira, Favela da Telerj e Vila Autódromo foram algumas das que sofreram com a violenta ação do Estado na tentativa de retirar seus moradores dos locais de moradia.
Violência Policial[editar | editar código-fonte]
A ocupação de favelas pela Polícia Militar através da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foi a maior ação do Estado no quesito da Segurança Pública durante os megaeventos. Com a grande opressão policial e o reduzido investimento social, moradores de favelas organizaram manifestações e se incorporaram a outras. No período, houve a morte do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza na favela da Rocinha e do idoso José Joaquim de Santana em Manguinhos. Junho de 2013 também ficou marcado pela Chacina de Maré, que resultou na morte de 10 pessoas. Outros protestos ocorreram por conta de prisões arbitrárias de manifestantes, como o estudante Bruno Ferreira Teles e o catador Rafael Braga.
Corrupção[editar | editar código-fonte]
As denúncias de corrupção contra o então governador Sérgio Cabral Filho o tornaram um dos maiores focos dos protestos entre 2013 e 2014 com manifestações em frente a seu apartamento no Leblon e na sede do Governo do Estado no Palácio Guanabara, com destaque para as seguintes: Ocupe Delfim Moreira, Ocupa Cabral, Cabralhada, Fora Cabral e Ocupa Guanabara.
Liberdade de Expressão[editar | editar código-fonte]
Além da repressão policial, os manifestantes das Jornadas de Junho de 2013 foram criminalizados pela mídia tradicional, por isso houve a promoção de protestos na sede da TV Globo no Jardim Botânico. A proibição do uso de máscaras nos protestos também foi alvo de mobilizações, assim como o impedimento da realização de bailes Funk nas favelas pela UPP.
Principais protestos[editar | editar código-fonte]
Data | Local | Protesto |
---|---|---|
13/06/2013 | Candelária-Cinelândia | Protesto contra o Aumento das Tarifas de Ônibus |
16/06/2013 | São Cristóvão | Protesto no jogo México x Itália (Copa das Confederações) |
17/06/2013 | Candelária-Cinelândia-ALERJ | Protesto contra o Aumento das Tarifas de Ônibus |
19/06/2013 | Niterói | Protesto contra o Aumento das Tarifas de Ônibus (Niterói) |
20/06/2013 | Av Presidente Vargas | O Gigante Acordou |
21/06/2013 | Duque de Caxias e Nova Iguaçu | Passeatas na Baixada Fluminense |
21/06/2013 | Leblon | Ocupe Delfim Moreira |
27/06/2013 | Av Rio Branco | Ato Nacional 'Tarifa Zero' |
30/06/2013 | Leblon | Ocupa Cabral |
30/06/2013 | Tijuca | Final da Copa das Confederações |
02/07/2013 | Favela da Maré | Ato Ecumênico (Chacina da Maré) |
03/07/2013 | Jardim Botânico | Ocupa TV Globo |
08/07/2013 | Botafogo | Protesto dos Moradores da Favela Santa Marta |
11/07/2013 | Centro | Ato Unificado dos Movimentos Sociais |
11/07/2013 | Palácio Guanabara | Ocupa Guanabara |
13/07/2013 | Copacabana | Casamento da Dona Baratinha |
14/07/2013 | Laranjeiras | Protesto no Palácio Guanabara |
17/07/2013 | Leblon | Ocupa Cabral |
19/07/2013 | Rocinha | Cadê o Amarildo |
22/07/2013 | Palácio Guanabara | Visita do Papa Francisco |
25/07/2013 | Leblon | Missa de 7º dia dos Manequins da Toulon |
26/07/2013 | Copacabana | Protesto na JMJ |
27/07/2013 | Copacabana | Marcha das Vadias |
01/08/2013 | Rocinha | Cadê o Amarildo? |
07/08/2013 | Jardim Botânico | Protesto na TV Globo |
08/08/2013 | - | Greve dos Profissionais da Educação |
08/08/2013 | Centro | Ocupação da Câmara dos Vereadores (CPI dos Ônibus) |
11/08/2013 | Rocinha | Cadê o Amarildo? |
12/08/2013 | Laranjeiras | Protesto no Palácio Guanabara |
14/08/2013 | Botafogo | Protesto no Palácio da Cidade |
17/08/2013 | Alto da Boa Vista | Protesto no casa do prefeito Eduardo Paes |
18/08/2013 | Copacabana | Protesto de professores em greve |
19/08/2013 | Centro e Catete | Protestos no Centro e na Zonal Sul |
21/08/2013 | Botafogo | Ato contra privatização do Maracanã |
22/08/2013 | Leblon-Ipanema | Ato contra o genocídio negro |
27/08/2013 | Laranjeiras e Lapa | Ato Fora Cabral |
03/09/2013 | Cinelândia | 1º Grande Baile de Máscaras - Pelo livre direito a manifestação |
07/09/2013 | Centro | Grito dos Excluídos |
07/09/2013 | Laranjeiras | Protesto Palácio Guanabara |
25/09/2013 | Centro | Protesto na ALERJ |
26/09/2013 | Cinelândia | Professores ocupam Câmara dos Vereadores |
28/09/2013 | Cinelândia | Professores são retirados da Câmara dos Vereadores |
01/10/2013 | Centro | Protesto de Professores na Câmara de Vereadores |
04/10/2013 | Tijuca-Cidade Nova | Protesto de Professores na Prefeitura |
07/10/2013 | Centro | Protesto de Professores na Câmara de Vereadores |
15/10/2013 | Centro | Dia do Professor |
17/10/2013 | Gávea | Black PUC |
22/10/2013 | Barra da Tijuca | Leilão do Petróleo |
31/10/2013 | Centro | Grito da Liberdade |
06/11/2013 | Cinelândia | Nova ocupação da Câmara dos Vereadores |
07/11/2013 | Prefeitura do Rio | Ato contra a remoção da Vila Autódromo |
08/11/2013 | Cinelândia | Greve de Fome |
20/11/2013 | Cinelândia | 1° UPP - UH UH UH Prêmio de Protestos |
29/11/2013 | IASERJ | Arrastão Cultural pela Saúde |
30/11/2013 | Jardim Botânico | Ato Abaixo a Rede Globo |
01/12/2013 | Cinelândia | Gravação do vídeo 'Hoje a rua é sua, a rua é nossa, é de quem vier, quem quiser' |
02/12/2013 | Copacabana | Ato contra o governador Sérgio Cabral |
06/12/2013 | Maracanã | Ato no Célio de Barros |
07/12/2013 | Maré | 5 anos da morte do menino Matheus |
07/12/2013 | Santa Teresa | Back on Track - de volta aos trilhos |
08/12/2013 | Ipanema | Farofaço |
08/12/2013 | Copacabana Palace | Protesto contra Bill Clinton |
15/12/2013 | Maracanã | Remoção da Aldeia Maracanã |
18/12/2013 | Manguinhos | Morte de morador na UPP |
20/12/2013 | Candelária-Cinelândia | Protesto contra o Aumento das Tarifas de Ônibus |
21/12/2013 | Ipanema | Toplessaço |
23/12/2013 | Cinelândia | Celebração da Rua - Mais amor, menos capital |
07/01/2014 | Mangueira | Remoção da Favela Metrô-Mangueira |
09/01/2014 | Maracanã | 1 ano sem o estádio Célio de Barros |
10/01/2014 | Linha Vermelha | Protesto na Linha Vermelha |
12/01/2014 | Praça XV | Abertura não oficial do Carnaval (OcupaCarnaval) |
14/01/2014 | Centro | Protesto de alunos da Gama Filho |
16/01/2014 | Centro | Ato contra o aumento da passagem |
19/01/2014 | Leblon | Rolezinho no Shopping Leblon |
25/01/2014 | Copacabana | Copa para quem? |
28/01/2014 | Central do Brasil | Catracaço |
28/01/2014 | Central do Brasil | Passe Livre na Supervia |
06/02/2014 | Av Presidente Vargas | Protesto na Central do Brasil |
10/02/2014 | Centro | Ato contra o aumento das passagens |
13/02/2014 | Av Presidente Vargas | Grande Ato pela redução das passagens |
20/02/2014 | Praça XV | Ato contra o aumento das passagens (Barcas) |
25/02/2014 | Centro | Ato Unificado contra a Criminalização das Lutas |
27/02/2014 | Centro | Cabralhada / OcupaCarnaval |
28/02/2014 | - | Greve dos Garis |
09/03/2014 | Tijuca-Maracanã | BlocAto |
11/04/2014 | Engenho Novo | Remoção da Favela da Telerj |
27/04/2014 | Santa Marta | Copa Popular |
12/06/2014 | Lapa | Início da Copa do Mundo |
16/06/2014 | Tijuca-Maracanã | Jogo da Copa no Maracanã |
13/07/2014 | Tijuca | Final da Copa do Mundo |
Grupos e ativistas[editar | editar código-fonte]
- Projetação
Coletivo que promoveu a projeção de palavras de ordem e imagens de protesto em prédios públicos e locais de visibilidade. O grupo utilizava um projetor ligado a um gerador para ganhar curtidas e compartilhamentos nas redes sociais a partir da viralização de fotos com suas projeções, a exemplo da pergunta “Cadê o Amarildo?” na fachada do prédio do então governador Sérgio Cabral Filho.
- DDH
Com presença no Rio de Janeiro, o Instituto dos Defensores de Direitos Humanos (DDH) reunia advogados remunerados e voluntários com o objetivo de prestar assistência jurídica aos manifestantes detidos. O instituto trabalhou na defesa do catador Rafael Braga Vieira, preso em 20 de junho de 2013 com uma garrafa de desinfetante, material interpretado pelos policiais como potencial explosivo. O DDH divulgou o relatório da Operação Firewall com a lista dos grupos acusados de organizarem as manifestações entre 2013 e 2014.
- Rio na Rua
O Rio na Rua foi uma das iniciativas de midiativismo de maior destaque que procurou compartilhar o conhecimento e a operação de suas coberturas. Lançou em 23 de julho de 2013 um manual ensinando a transmitir pelo aplicativo Twitcasting. Foi o primeiro grupo a criar um site com o software livre Wordpress, reunindo os conteúdos que publicava no Facebook e no YouTube, como também um dos primeiros a realizar parcerias com outros coletivos. No final de 2013, o Rio na Rua e outras sete iniciativas gravaram uma paródia do vídeo de final do ano da TV Globo, na Cinelândia, com a figuração de midiativistas.
- Mídia NINJA
Idealizado pelo ex-editor da revista Trip, Bruno Torturra, e gestado pelo grupo Fora do Eixo, a Mídia NINJA (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) apresentou-se com a principal referência de midiativismo entre junho de 2013 e julho de 2014. Sua ação começou em São Paulo durante a manifestação de 18 de junho. O objetivo primeiro de sua criação no final de 2012 era iniciar uma seção de jornalismo da Pós TV, canal de transmissão online do Fora do Eixo, que existia desde 2011. Por meio de streaming, a Pós TV exibia debates e programas culturais, além de shows do seu próprio festival, o Grito Rock. O modelo bem-sucedido na capital paulista ganhou força no Rio de Janeiro, tendo seu ápice durante a visita do Papa Francisco em 22 de julho de 2013, quando o repórter NINJA Filipe Peçanha (vulgo “Carioca”) foi detido enquanto transmitia ao vivo. Formou-se então uma mobilização em frente à delegacia do Catete para onde foi levado o midiativista. No mesmo dia, o Jornal Nacional, principal telejornal da maior emissora do país, veiculou a entrevista que o grupo fizera com o jovem Bruno Ferreira Telles, acusado injustamente de atacar a polícia. Alguns dias depois, em 5 de agosto, o programa Roda Viva da TV Cultura de São Paulo entrevistou o grupo dando a maior visibilidade a sua atuação. Atuou ainda na organização das manifestações, inclusive criando protestos próprios como o “Grito da Liberdade” (31 de outubro de 2013) e a ocupação República, esta última que ocorreria na Cinelândia durante da Copa do Mundo e que acabou acontecendo no campus Praia Vermelha da UFRJ (3 a 10 de agosto de 2014).
- Rafucko
Entre 2013 e 2014, Rafael Puetter, conhecido como Rafuko, foi o principal símbolo do artivismo, uma mescla entre arte e ativismo. Teve destaque nas manifestações ao interpretar personagens, como o “Ditador Gay”, em diversos vídeos de ficção humorística. O “artivista” foi censurado pela Globo ao fazer uma montagem com o discurso do apresentador do Jornal Nacional, William Bonner. No carnaval de 2014, Rafael gravou paródias de famosas marchinhas, que fizeram parte do movimento “Ocupa Carnaval”, cujo objetivo era cantar músicas de protestos durante a maior festa brasileira. Outra ação de Rafucko foi a promoção de uma premiação simbólica das manifestações de 2013. Em 20 de novembro, realizou o “1° UPP - UH UH UH Prêmio de Protestos – Edição Rio de Janeiro”.
- OcupaCarnaval
Movimento que surgiu no carnaval de 2014 com a reunião de blocos e coletivos artivistas, o OcupaCarnaval fez paródias de famosas marchinhas com letras relacionadas às pautas dos protestos de 2013. O movimento organizou um desfile próprio, a ‘Cabralhada’ na Praça XV, em 27 de fevereiro de 2014, mas sua principal ação foi a distribuição de cópias impressas com as letras das paródias em diversos blocos do Rio de Janeiro. O objetivo era amplificar a luta pelo direito à cidade no contexto dos megaeventos. Ao final do Carnaval, o Ocupa Carnaval se uniu aos blocos ‘Nada Deve Parecer Impossível de Mudar’ e ‘Comuna Que Pariu’ para organizar o ‘BlocAto’, um cortejo entre a praça Saens Peña e o estádio do Maracanã. Os organizadores pediram que os presentes fossem com camisas laranjas em homenagem aos garis que estavam em greve.
- Rede Alternativa
A Rede Alternativa foi o primeiro coletivo midiativista criado pós junho de 2013 para cobrir os protestos. Reunião de jornais comunitários, movimento estudantil de comunicação e jornalistas de sindicatos e movimentos sociais, é a reconfiguração do grupo “Comunicadores Comunitários”, que identificou a necessidade de pensar e organizar uma cobertura das manifestações, principalmente depois da forte repressão policial à imprensa. A ideia de criar um novo nome veio à tona para preservar a organização anterior e ampliar a mobilização para novos parceiros.
- A Nova Democracia
Entre os grupos de midiativismo, A Nova Democracia (AND) foi o mais citado por outros coletivos. Utilizava linguagem jornalística em seus vídeos, com OFF de repórter, passagem e sonoras: tradicionais técnicas que não foram usadas no período por outras iniciativas como Mídia NINJA, Rio na Rua e Rafucko. A sede do jornal, no bairro de São Cristóvão, abrigou reuniões de midiativistas. Nestas oportunidades, discutia-se estratégias de cobertura para denunciar a violência policial e garantir o anonimato dos ativistas.
- NPC
O Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) é uma organização de formação de sindicalistas e comunicadores populares. Em funcionamento desde 1992, ajudou a formar ativistas que tiveram relevante papel nos protestos a partir de junho de 2013, principalmente os oriundos de favelas como Gizele Martins e Renata Souza, do jornal ‘O Cidadão’ da Maré, além de Jane Nascimento, liderança da Vila Autódromo. Entre seus colaboradores estava o cartunista Carlos Latuff. O NPC era coordenado pela jornalista sindical Claudia Santiago e pelo escritor italiano Vito Giannotti, autor de diversos livros sobre movimentos sociais. Apesar da formação dentro dos preceitos tradicionais do ativismo social, seus cursos proporcionaram encontros entre velhos e os novos coletivos, resultando num aprendizado conjunto dos dois grupos durante o contexto dos megaeventos.
- Advogados Ativistas
Grupo de advogados que atuava durante as manifestações garantindo os direitos dos ativistas presentes. Em geral, evitavam detenções irregulares por parte da Polícia Militar, além de acompanhar os manifestantes detidos na delegacia, atuando para sua soltura. Entre 2013 e 2014, lançaram duas edições do “Manual Prático do Manifestante” com orientações jurídicas aos manifestantes. O grupo iniciou sua atuação em São Paulo.
- Nada deve parecer impossível de mudar
Criado em 2012 com a frase do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, o coletivo teve a ludicidade como uma de suas principais ações. Sua banda de percussão se apresentou em diversas manifestações entre 2013 e 2014.
Outros Grupos[editar | editar código-fonte]
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Operação Firewall[editar | editar código-fonte]
Operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro que investigou as manifestações entre 2013 e 2014. Seu relatório listou 73 grupos[8] e ordenou a prisão de 26 ativistas [9] na véspera da final da Copa do Mundo, quando estava programado um protesto saindo da Praça Sáenz Peña em direção ao estádio do Maracanã.
Linha do Tempo dos Protestos 2013-2014[editar | editar código-fonte]
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Linha do Tempo dos protestos entre 2013 e 2014 - Web Archive - WayBack Machine
- Grupos que atuaram nos protestos entre 2013 e 2014 - Web Archive - WayBack Machine
- Cronologia das Jornadas de Junho (2013)
- Rebaixada: hub da multidão inteligente durante os megaeventos
- O Movimento Passe Livre e as Jornadas de Junho: Mobilidade e direito à cidade em pauta nas ruas
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Vila Autódromo: remoção e resistência
- Vila Recreio 2 - Sonhos Demolidos (documentário)
- Núcleo Piratininga de Comunicação - NPC
- Curso de Comunicação Popular do NPC
- ↑ SANTOS, Arthur William Cardoso. Rebaixada: hub da multidão inteligente durante os megaeventos. 2015. 108 f. Dissertação (Mestrado em Educação, Cultura e Comunicação) - Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, 2015.
- ↑ SOUTO, Luisa Santiago Vieira Souto. Dissertação apresentada no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da PUC-Rio como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Sociais. Rio de Janeiro, 2015.
- ↑ TEIXEIRA, Antonio Claudio Engelke Menezes. INTERNET E DEMOCRACIA: COOPERAÇÃO, CONFLITO E O NOVO ATIVISMO POLÍTICO. Tese de doutorado apresentada como requisito parcial para obtenção de grau de doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2014.
- ↑ https://revista.ibict.br/liinc/article/view/3764
- ↑ https://raquelrolnik.wordpress.com/2013/06/04/praca-taksim-protestos-em-istambul-pelo-direito-a-cidade/
- ↑ https://www.facebook.com/alalao.rio
- ↑ https://www.facebook.com/coletivocalistopagina
- ↑ https://arthurwilliam.com.br/blog/robo-foi-incluido-no-inquerito-policial-que-investigou-as-jornadas-de-junho-de-2013/
- ↑ https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-07/Presos%20na%20Opera%C3%A7%C3%A3o%20Firewall%20s%C3%A3o%20transferidos%20para%20pres%C3%ADdio