Gírias

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Revisão de 15h57min de 12 de novembro de 2024 por Clara (discussão | contribs)


O presente verbete reúne gírias a partir da contribuição de diferentes autores e autoras, de diferentes favelas.

Colabore contando também as gírias que você usa no seu dia a dia!

Autoria: Colaborativa
Museu de Favela - MUF, no Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, Rio de Janeiro.

Introdução

Autora: Sonia Fleury

As gírias são parte do processo de comunicação e se se caracterizam por serem rápidas, ágeis, pouco duradouras e cujo significado, na maioria das vezes, não se corresponde com o sentido literal da palavra. Ou seja, trata-se da atribuição de um novo significado a um significante já existente. Uma palavra, ou signo se compõe de significante e significado. O significante corresponde à imagem acústica e o significado ao conteúdo ou conceito atribuído. Enquanto o significante é formal e estático o significado é dinâmico. As gírias fazem parte desse movimento de inovação da língua falada. Anteriormente vistas com preconceito e associadas a grupos de marginais, as gírias passaram a ser objeto de estudo da sociolinguística, o ramo da linguística que estuda as relações entre a linguagem e a sociedade, a partir do trabalho pioneiro de Labov [1] sobre as variantes linguísticas. No Brasil, o estudo da língua falada foi bastante desenvolvido pelo linguista Ataliba T. Castilho [2] .

Assim foi possível identificar a dinâmica da língua falada, que varia com os territórios, faixa etária, grupos específicos e gênero etc. Em geral, as gírias têm origem em grupos mais fechados, servindo como parte da construção e afirmação de sua identidade, podendo ou não serem expandidas para outros grupos sociais com o passar do tempo, perdendo assim a sua marca de origem. Antes se atribuía a origem das gírias apenas aos grupo sociais de classes populares, mas, constatou-se que as elites também utilizam gírias e outros símbolos identitários. Por exemplo, os supremacistas brancos aparecem em vídeos tomando leite como marca de sua visão supremacista [3] .

As gírias, como forma de comunicação, vão muito além dos signos (significante+significado), pois elas traduzem diferentes valores e conteúdos de acordo com o contexto (ou grupo onde está sendo utilizada), o tom de voz (xingamento ou afetuoso), e a própria expressão corporal. Ou seja, elas fazem parte da riqueza e dinâmica da linguagem falada, que vai muito além da linguagem formal escrita.

As gírias

Ainda

Autoria: Yury Silva.

Termo utilizado para indicar uma certeza ou uma concordância do que foi dito e o seu uso em diversas situações se assemelha a expressão "papo-reto".

Exemplos de uso:

"Ainda paizão"

"Ainda chefão"

Alemão

Autoria: Reinaldo Lopes

Termo utilizado de maneira hostil e agressiva para levantar suspeitas e acusar alguém de estar envolvido com alguma organização criminosa rival[4].

Mas rival de quem? Provavelmente de quem o acusa ser “alemão”.

O termo ganhou força graças ao cinema norte-americano que retratou, em diversos filmes, o contexto da Segunda Guerra Mundial, onde os alemães eram os principais rivais e inimigos a serem combatidos e derrotados. Trazendo para a lógica dos embates territoriais entre as organizações criminosas brasileiras, os dois exércitos que se enfrentam apontam que os seus rivais, sejam eles quais forem, são “alemão”.[5]

Arrego

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton[6].

É o termo utilizado para descrever um acordo ilícito de propina ou pagamento regular realizado entre membros de grupos armados ilegais (GAIs), especialmente aqueles envolvidos com o narcotráfico e agentes das forças policiais. Esse acordo visa facilitar ou permitir a continuidade das atividades ilegais em um determinado território, mediante a não intervenção ou colaboração dos policiais. O "arrego" pode incluir pagamentos em dinheiro, benefícios ou outras formas de compensação e é uma manifestação de corrupção. Alemão: é uma gíria amplamente utilizada por grupos armados ilegais (GAI) para referir-se a inimigos ou rivais, sendo frequentemente aplicada para descrever a polícia ou forças de segurança (ou grupos rivais, como a milícia).

Arrombado

Autoria: Léu + Coletivo Cine&Rock

Adjetivo ar·rom·ba·do (particípio de arrombar)

1. Que se arrombou.

2. Que têm rombos.

3. Pessoa que cometeu um erro muito grande, que vacilou entre os amigos, 3. [Brasil: Rio de Janeiro, Informal] Que tem muita sorte. Um sortudo ou que tenha conquistado algo, muito bom.

4. Substantivo masculino

5. Homem que, numa relação sexual homossexual, é penetrado no sexo anal [Brasil: Rio de Janeiro, Tabuísmo].

Aulas

Autoria: Victor Souza Rosa

Expressão muito utilizada pelos jovens que vivem em favelas e periferias do Rio de Janeiro. A gíria "Aulas" é usada para indicar que algo é muito bom. Exemplo: "Essa cervejinha tá aulas".

Aulas, cria

Autoria: Galo Comunicação

"Aulas" é ser referência nisso/em alguma coisa, levando e agregando conhecimento. O "cria" vem como complementação a com quem se está falando, como: "Aulas, cria"; "Aulas, menó; "Aulas, viado".

Baque

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

Refere-se à ação deliberada de causar prejuízos significativos às operações de uma organização criminosa, especialmente aquelas envolvidas no tráfico de drogas ou na posse de armamentos. Esse termo é comumente empregado para descrever situações em que indivíduos ou grupos rivais interferem nas atividades econômicas de uma facção, seja por meio da apreensão ou destruição de cargas de drogas e armamentos, seja pela tomada de controle de territórios e pontos de vendas de drogas (bocas de fumo). O objetivo por trás de um baque pode variar, incluindo a diminuição do poder de uma facção rival, retaliação ou tentativa de assumir o controle sobre recursos e territórios disputados.

Barca

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma gíria utilizada para descrever veículos de polícia, especificamente aqueles do modelo SUV ou Blazer, empregados em operações de patrulhamento ou intervenções em áreas urbanas, incluindo favelas e bairros.

Brabo

Autoria: Brota na Laje

Geralmente usado de forma positiva para indicar que alguém foi bom ou que aquela coisa é boa, bem feita, bem solucionada, bem sucedida. O adjetivo, brabo, é usado pelos adolescentes e jovens, dentro de suas conversas internas, com o intuito de diminuir a necessidade de explicação extensiva e descritiva do sujeito indicado.  Portanto, o  brabo aparece na linguagem de forma corriqueira no Borel, a fim de concentrar toda a explicação e uso de palavras e frases maiores relacionadas à coisa ou alguém.

Situações do adj. brabo:

“O corte tá brabo!”

“O moleque é brabo jogando."

“Ontem na festa foi brabo.”

Basquiat e Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Aquele é desenrolado, se destaca no meio dos meninos, dos moradores. Indivíduo que detém sabedoria e conhecimentos para resolver problemas rápidos, com presteza. Aquele que executa bem um trabalho ou função, que faz diferente e bem feito as coisas em qualquer situação que se apresente.

Sobre

A gíria "brabo" passou por uma transformação em seu uso e significado no Brasil. Originalmente, "brabo" era uma variação coloquial de "bravo", utilizada para descrever alguém irritado ou zangado. Entretanto, no linguajar popular, especialmente entre jovens e nas periferias urbanas, o termo evoluiu para significar algo impressionante, admirável ou desafiador. Hoje, ser "brabo" é um elogio, destacando alguém que se destaca pela habilidade ou atitude[7].

O uso da gíria tornou-se muito comum em contextos esportivos, no universo do rap e do funk, e em interações cotidianas entre jovens. Quando se diz que uma pessoa é "braba", está-se afirmando que ela é excelente em algo, corajosa ou impressionante.

Essa mudança de sentido reflete a capacidade do português brasileiro de se adaptar a novos contextos culturais e sociais, especialmente nas grandes cidades e entre grupos jovens[8].

Emprego em uma frase

"Aquele jogador é brabo demais no ataque!", sugerindo que o atleta se destaca em sua performance.

Brota

Autoria: Daniel Teixeira.

A gíria "brota" é comumente utilizada para convidar ou chamar alguém a aparecer em um determinado local. Geralmente é usada de forma amigável e informal, sugerindo que a pessoa vá ao encontro do falante ou se junte a uma atividade ou grupo de amigos. Por exemplo, se alguém diz "Brota aqui em casa!", está convidando o interlocutor para ir até a sua residência.

Exemplos de uso:

"E aí, brota na festa daquela mina hoje. Eu não vou perder!"

"Você não vai acreditar em quem brotou aqui em casa hoje. Não sei como ele teve coragem."

Você tem certeza que vai brotar lá? Eu acho que ela não tá muito boa com a sua cara!"

Brotar

Autoria: Gabriel Ferreira Fernandes e Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Refere-se a aparecer ou surgir, de repente, em algum lugar. Quando alguém diz que vai "brotar" em um determinado local, significa que essa pessoa planeja aparecer lá sem aviso prévio ou de forma casual. A expressão toma como referência a metamorfoses das plantas. Que pode ser interpretar a expressão "brotar" como um modo de chegar nos lugares de forma espontânea, como as plantas brotam e crescem naturalmente em seu ambiente. Assim, ao usar essa gíria neste contexto, pode-se estar se referindo a uma forma de se locomover de maneira despreocupada, sem planejamento prévio, como se adaptando às circunstâncias, assim como as plantas se adaptam ao seu ambiente para crescer e se desenvolver.

Sobre

A gíria "brotar" surgiu no contexto das comunidades urbanas e periféricas no Brasil, principalmente entre jovens, como uma forma descontraída de se referir a aparecer ou chegar a algum lugar. O uso da palavra tem origem na ideia de algo que emerge ou nasce, como uma planta que "brota" da terra, o que foi adaptado para o cotidiano das interações sociais, especialmente em eventos informais e encontros.[9]

Com o tempo, a expressão se popularizou em várias regiões do Brasil e é bastante usada em ambientes descontraídos, como festas, reuniões entre amigos e no universo do rap e funk.

A gíria é um exemplo de como o português brasileiro está em constante evolução, sendo influenciado pelas diversas culturas e realidades do país, especialmente as que emergem das periferias urbanas[10].

Emprego em uma frase

"Pode brotar lá em casa mais tarde?", que significa um convite para a pessoa aparecer em determinado local .

Carro bicho

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma expressão usada para referir-se a carros de luxo roubados que são utilizados por GAIs, especialmente em contextos de organizações criminosas dentro de favelas. Esses veículos, frequentemente ocupados por indivíduos armados, são empregados para locomoção rápida, rondas e demonstrações de poder dentro do território controlado pela facção. O uso do termo "bicho" pode evocar a ideia de algo feroz ou perigoso, refletindo tanto o status elevado desses carros de luxo quanto a natureza ameaçadora de suas funções quando empregados em atividades criminosas. A prática de utilizar "carros bicho" simboliza não apenas o exercício do controle territorial e a capacidade de mobilidade das organizações criminosas, mas também a apropriação de símbolos de status e riqueza para fins ilícitos.

Calica

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

Designa mulheres que, embora não estejam diretamente envolvidas em atividades criminosas, são residentes de favelas e participam ativamente da vida comunitária, incluindo a frequência a eventos sociais como bailes funk. Essa expressão destaca a distinção entre a participação direta no tráfico de drogas e a associação cultural ou social com a comunidade da favela, ressaltando o papel dessas mulheres como integrantes ativas do tecido social de suas comunidades, independentemente de envolvimento direto com atividades ilícitas.

Caô

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma expressão originária do vocabulário carioca, utilizada para indicar uma mentira, exagero, engano ou qualquer situação não verdadeira. Embora não esteja diretamente vinculada a grupos armados ou atividades ilegais, a gíria é amplamente adotada por moradores de favelas e por diferentes segmentos da sociedade brasileira para denotar desconfiança ou descrédito em relação a uma informação ou narrativa apresentada.

Carro da linguiça

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma expressão que se refere a um grupo de extermínio formado por policiais, ex-policiais ou militares, conhecido por suas ações violentas e letais, faziam suas incursões como carros do tipo: camionete Blazer, Monza ou Gol branco, que se tornaram associados à sua presença e atividades. Este grupo ganhou notoriedade pelas consequências letais de suas ações, com as vítimas raramente sobrevivendo aos encontros, muitas vezes apresentando sinais evidentes de espancamento ou tortura.

Cracudo

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma expressão pejorativa utilizada para referir-se a indivíduos que enfrentam sérios problemas de adicção, especificamente ao uso de crack. Este termo é frequentemente empregado de maneira estigmatizante, refletindo não apenas o estado de dependência química da pessoa, mas também associando-a a uma série de preconceitos e estereótipos negativos relacionados à pobreza, criminalidade e marginalização social.

Coió

Autoria: Rodolfo Viana

O termo “coió” – que, simplificadamente, pode ser entendido como sinônimo de homofobia – tem origem na linguagem conhecida como “pajubá”, uma fusão da língua portuguesa provenientes de diversos idiomas africanos. Trata-se de um linguajar informal, negro, ligado a religiões de matriz africana, como o candomblé – que, curiosamente, foi apropriado por parte da comunidade LGBT como um linguajar próprio. Contudo, se o “coió” guarda alguma relação com a cultura oral negra, é possível que a violência que o termo sinaliza também mantenha laços estreitos com a vivência negra.

Diz-se “não vá por aí que você pode tomar coió”, alertando para casos de agressões físicas; ou “corre, viado, que é coió!”, um grito de alarme quando se avista uma agressão física já em curso. Ou apenas se faz algum tipo de observação pejorativa sobre uma vestimenta, por exemplo, “todo mundo me olhava, tomei muito coió”.

Coió de pito

Autoria: Teobaldo Mesquita e Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

A gíria "coió de pito" é uma expressão usada em algumas regiões do Brasil, especialmente em estados do Centro-Oeste, como Goiás e Mato Grosso. O termo é uma combinação de "coió", que significa algo ou alguém de pouca importância, fraco ou sem valor, e "pito", que pode se referir a um cigarro. Assim, "coió de pito" seria uma pessoa ou situação que não vale nada ou que é insignificante, comparada a um cigarro barato ou de baixa qualidade.

Sobre

A gíria "coió de pito" é uma expressão usada em algumas regiões do Brasil, especialmente em estados do Centro-Oeste, como Goiás e Mato Grosso[11]. O termo é uma combinação de "coió", que significa algo ou alguém de pouca importância, fraco ou sem valor, e "pito", que pode se referir a um cigarro. Assim, "coió de pito" seria uma pessoa ou situação que não vale nada ou que é insignificante, comparada a um cigarro barato ou de baixa qualidade[12].

O surgimento da expressão está ligado ao vocabulário popular rural e a linguagem das cidades menores, onde expressões coloquiais ganham força e persistem através das gerações. "Coió" já era utilizado para se referir a alguém inexperiente, e a associação com "pito" reforça a ideia de algo de pouco valor.

Essa gíria ilustra a riqueza do vocabulário regional brasileiro e como certas expressões nascem da realidade local, adquirindo novos sentidos com o tempo.

Emprego em uma frase

"Ele achou que ia impressionar, mas é só um coió de pito.", significando que a pessoa não é digna de grande consideração.

Comentário de Teobaldo

O meu amado pai designava como coió de pito o cara que era meio abobado, palerma...Não sei se pito seria um cigarro.

Cria

Autoria: Só Cria - Pré-vestibular / Mateus Sousa

‎Ser cria é respeito
é ter Fé e ter raça
Ser cria é ter amor
no peito
Ser criar é respeitar
sua casa,
aqui é mulher
e criança primeiro
Vontade de vencer
nos tem
e se o mundo não ajuda nos dá nosso jeito!
Favelado mesmo!
Mas sabe como é, nem tudo é perfeito.
Todo dia o estado confunde  meu jeito, com o jeito de algum suspeito.
O bagulho é desse jeito mesmo
Eu sou o verbo, eu sou o sujeito
a mãe leva os filhos pra escola
No meio da tarde
o telefone toca
Sem tempo pra um último beijo
Só corpos largados no chão, não!
São crianças com a bala no peito
E o estado segue lavando as mãos, e a cor da bandeira se mantém a mesma
por aqui...
apenas camisas  ficaram vermelhas.

Dia após dia eu vejo a pista dizendo que quer isso mesmo
Não importa quantos inocentes morrem
Amanhã tá tudo de novo ao avesso
Não entendem que o gueto é um projeto
O medo é um projeto
Seu voto é um projeto
Meu.. ódio é um protesto
Não entendem só queremos paz, um pouco de terra e a família por perto.

Sentir segurança, planejar o futuro
Com espaço pra ser o que eu quero
Ser cria é saber disso tudo
É viver isso tudo

Ser cria, é ter coragem!
Pra bater de frente com o mundo, não importa a velocidade.

Autoria: Bruk e Amanda Baroni

Cria é uma categoria bastante usada pelos jovens moradores de favelas e periferias do estado do Rio de Janeiro. Ela pode ser manipulada de acordo com o contexto para exprimir pertencimento e conhecimento de uma favela ou território. É usada como uma espécie de passaporte para transitar livremente pelo território de origem. O(A) cria precisa estar presente no território para permanecer conhecido e atualizado sobre os assuntos importantes na favela. É necessário ter uma circulação social nos espaços comuns para ser conhecido como cria. O(A) cria precisa ser visto e precisa ser reconhecido. Por vezes, entre desconhecidos, é preciso ser apresentado por outro cria servindo de intermediário e ampliando a rede de pessoas que se reconhecem enquanto cria e conhecem os crias. O(A) cria necessita estar presente tanto no território quanto no imaginário daqueles que o reconhecem como pertencente àquela favela e àquele coletivo de moradores. Portanto, fazendo parte de uma certa solidariedade que tem como um dos principais instrumentos de medida o lugar onde você mora ou foi criado (SILVA, 2020, p. 30–34).

Gíria para pessoa que, após nascer, cresce e vive as experiências do cotidiano da favela. Que é ou foi criado nela. Aquele que é um “fruto” desse lugar, podendo morar por toda a vida ou até certo período, desde que a partir do nascimento. Pessoa originalmente da favela.

Criado

Autoria: Straike21

Criado é uma gíria comum nas comunidades e periferias do Rio de Janeiro para se referir a alguém que não possui conhecimento ou experiência em determinado assunto. Essa expressão pode ser entendida como referente a uma pessoa inexperiente, que não tem vivência. Frequentemente, é empregada para designar alguém considerado ingênuo, sem experiência, que não vive ou que não está inserido no contexto da comunidade em questão, desconhecendo as dificuldades enfrentadas no dia a dia. Importante ressaltar que a gíria "criado" surgiu logo após a popularização do termo cria, que possui significado oposto.

Autoria: Galo Comunicação

Uma pessoa que zela pelo lugar mesmo não sendo "cria" do lugar; uma pessoa que possui apego e respeito pelo lugar mesmo não tendo sido nascido lá.

Derrame na boca

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma expressão utilizada para descrever uma situação de prejuízo financeiro significativo para operações de tráfico de drogas, frequentemente resultante de apreensões realizadas em operações policiais. Este tipo de evento não apenas acarreta perdas materiais para os envolvidos no tráfico, como também pode afetar a dinâmica e o equilíbrio de poder dentro do cenário criminal local, impactando a distribuição e a disponibilidade de drogas na área afetada. A expressão reflete os desafios e riscos inerentes às operações de tráfico de drogas, especialmente em face das ações de repressão por parte das forças policiais ou grupos rivais.

Faixa rosa

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

Refere-se às mulheres envolvidas em grupos armados ilegais, especificamente aquelas que portam fuzis. A "faixa" mencionada alude à bandoleira, uma alça ou cinta utilizada para carregar armas longas como fuzis, enquanto o "rosa" simboliza a associação ao gênero feminino. Esta expressão destaca o papel ativo de algumas mulheres em GAIs ou atividades criminosas, desafiando estereótipos de gênero e ressaltando sua participação direta em operações que envolvem o porte de armas de fogo.

Faixa preta

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma expressão utilizada para descrever homens associados ao tráfico de drogas que portam fuzis. A "faixa" aqui também se refere à bandoleira usada para suportar a arma, enquanto "preta" evoca a cor associada às habilidades e periculosidade, similar ao grau de faixa preta nas artes marciais, simbolizando destreza, respeito e um alto nível de perigo. Este termo sublinha a presença e o papel dos homens armados dentro de organizações criminosas, associando sua imagem à de combatentes altamente capacitados e perigosos.

Ganso

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

Usado no contexto policial e de segurança pública no Rio de Janeiro, é um termo coloquial utilizado para se referir a indivíduos envolvidos em atividades criminosas, especialmente aqueles associados ao assalto, tráfico de drogas, ou que possuam qualquer tipo de vínculo com organizações criminosas. O uso de apelidos como este por parte das forças de segurança pode variar regionalmente e reflete a linguagem informal adotada por esses profissionais para categorizar suspeitos ou indivíduos conhecidos por suas atividades ilícitas. O termo Ganso pode ser entendido, dentro desse contexto, como uma maneira de identificar e diferenciar indivíduos com base em suas supostas ações ou associações criminosas, sem necessariamente implicar uma característica específica ou única dessas pessoas. É uma expressão que se insere no jargão policial, contribuindo para a comunicação interna entre os agentes de segurança.

Golpe de estado

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

Nesse contexto específico, descreve uma tentativa abrupta e muitas vezes violenta de alterar a liderança ou a estrutura (GAI) de poder dentro de uma comunidade ou favela, geralmente perpetrada por uma facção rival ou por membros insatisfeitos da mesma organização. Esse tipo de ação visa depor o líder atual ou a liderança dominante, com o propósito de instaurar um novo regime de controle, frequentemente acompanhado por mudanças nas dinâmicas das alianças e direcionamentos estratégicos da organização ou comunidade afetada. O golpe pode envolver assassinatos, ameaças, coerção, controle do território ou outras formas de violência e intimidação para alcançar seus objetivos.

Jacú rabudo

Autoria: Teobaldo Mesquista e Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Jacú rabudo é uma expressão que mistura esses dois sentidos e é usada para se referir a uma pessoa que, apesar de ser vista como simplória ou ingênua, tem uma sorte incomum em determinadas situações[13]. A expressão tem um tom de ironia, ao contrastar a figura ingênua com a ideia de sorte inesperada.

Sobre

A gíria "jacú rabudo" é uma expressão popular no Brasil, especialmente em regiões do interior. O termo "jacú" tem origem em uma ave típica das zonas rurais brasileiras, conhecida por seu comportamento tímido e desajeitado. No contexto coloquial, "jacú" passou a ser usado de forma pejorativa para descrever alguém considerado ingênuo, caipira ou que demonstra certa falta de sofisticação. O adjetivo "rabudo", por sua vez, é uma gíria utilizada para se referir a alguém com muita sorte, geralmente em situações improváveis.

Assim, "jacú rabudo" é uma expressão que mistura esses dois sentidos e é usada para se referir a uma pessoa que, apesar de ser vista como simplória ou ingênua, tem uma sorte incomum em determinadas situações. A expressão tem um tom de ironia, ao contrastar a figura ingênua com a ideia de sorte inesperada.

Seu uso é comum em contextos informais e bem-humorados, especialmente em conversas entre amigos ou familiares em ambientes mais rurais ou com uma linguagem descontraída[14].

Emprego em uma frase

"Aquele jacú rabudo ganhou na loteria sem nem saber como jogar!", sugerindo que alguém com pouca experiência ou conhecimento teve uma grande sorte.

Comentário de Teobaldo

Meu pai sempre dizia que alguém é um jacú rabudo, mas não tenho certeza se para afirmar a pessoa com sorte ou se com alguma beleza.

Mana

Autoria: Teia de Solidariedade Zona Oeste
  1. Expressão que usada por mulheres negras mais jovens, jovens feministas, mulheres feministas, comunidade LGBTQIA+ , como diminutivo da palavra irmã. Assim como nos EUA, mulheres negras se chamam de "sista".
  2. Parceira; amiga; cúmplice; irmã de luta; companheira,
  3. Aquela que está nos mesmos rolés;

Mandado

Autoria: Instituto Entre o Céu e a Favela

Usado de forma pejorativa, fazendo referência a pessoas com personalidades ou ações negativas ou duvidosas.
Adjetivo usado comumente entre jovens e adultos dentro das comunicações e diálogos internos da favela.

Exemplo do uso da palavra:

“...essa mulher chegou falando demais aqui, ela está mandada...”

“...ele veio mandado, só ficou aqui p ouvir a conversar..."

“...chegou aqui mandadão falando outra coisa...”

Maria fuzil

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma gíria que identifica mulheres que desenvolvem relações afetivas ou românticas com membros de facções criminosas, particularmente aqueles envolvidos ativamente no tráfico de drogas e em atividades armadas. A expressão sugere uma atração não apenas pelo indivíduo mas também, de forma mais ampla, pelo estilo de vida perigoso e pela aura de poder que o envolvimento no tráfico pode conferir. Essa denominação reflete a complexidade das dinâmicas sociais e afetivas em ambientes marcados pela criminalidade e pelo conflito.

Migué

Autoria: Galo Comunicação

História pra boi dormir. Conversa fiada ou mentira. Exemplo: "Tá jogando migué?"

Mó paz

Autoria: Brota na Laje

Termo utilizado para indicar um estado de calma, sem agitações, tranquilo com a vida,  agraciado por Deus. A expressão comunica o bem estar, e sinaliza saúde em equilíbrio, sem confusão ou brigas. Usada frequentemente pelos jovens, também funciona como um sinal positivo, de concordar com algo.

Exemplos de uso:

“Mó paz"

"Mó paz irmão, pode crer”

“Ah, mó paz! Como é que nóis tá? Tranquilão com a vida, graças a Deus. Vou dar até um mergulho”.

Novinho

Autoria: Gustavo Luiz e Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Novinho é uma gíria brasileira para se referir a uma preferência por garotos gays ou hétero de aparência jovem, com pouco ou nenhum pelo no corpo, geralmente com idades entre 16 e 25 anos. Nos Estados Unidos, usa-se o termo Twink. Um twink é basicamente a mesma coisa que um novinho, um jovem magro com idades entre 16 e 25 anos de constituição menor e bastante liso, com poucos ou nenhum pelo no corpo, entretanto, o termo twink é usado para se referir particularmente a jovens gays (não hétero), já o termo novinho pode ser usado para se referir tanto a jovens gays quanto a jovens hetero[15].[16]

Sobre

A gíria "novinho" se popularizou no Brasil principalmente entre jovens e no meio musical, especialmente em gêneros como o funk e o rap. Originalmente, o termo "novinho" era usado para designar alguém jovem ou recém-chegado. Contudo, no uso coloquial atual, "novinho" passou a ter uma conotação mais específica, referindo-se a uma pessoa, geralmente um rapaz, com aparência atraente e jovem, ou ainda alguém com pouca experiência, seja em termos de idade ou em um determinado contexto[17].

A gíria é amplamente utilizada em conversas informais, tanto nas ruas quanto nas redes sociais, e muitas vezes aparece em letras de músicas. O termo tem um contraponto feminino com "novinha", que também é comum em situações semelhantes.

Essa gíria reflete a natural evolução da linguagem entre as gerações mais novas, que ressignificam termos do português de acordo com as dinâmicas sociais e culturais dos espaços urbanos[18].

Emprego em uma frase

"Olha lá o novinho, cheio de estilo!", referindo-se a um rapaz jovem que chama atenção por sua aparência ou atitude.

Passar o Cerol

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma expressão que faz alusão ao uso de cerol (uma mistura cortante de cola e vidro moído, tradicionalmente utilizada em linhas de pipa para cortar as de adversários) para descrever ações que resultam em "cortes" ou eliminações severas, simbolizando mortes ou ataques violentos. O termo sugere uma ação agressiva e letal, remetendo à capacidade do cerol de causar danos severos. Essa gíria é utilizada para indicar a intenção de infligir dano fatal ou realizar uma série de atos violentos com o objetivo de eliminar oponentes ou indivíduos marcados como alvos em contextos de rivalidade ou conflito.

Passar o Rodo

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma expressão figurada utilizada em contextos específicos para indicar a execução de uma ação drástica de eliminação ou "limpeza", frequentemente referindo-se a uma série de mortes ou à remoção violenta de indivíduos considerados indesejáveis ou ameaçadores dentro de um determinado contexto ou território. A metáfora do "rodo", um utensílio de limpeza, é empregada para evocar a ideia de varrer ou eliminar completamente algo ou alguém, geralmente em um cenário de conflitos ou disputas entre grupos criminosos ou em operações de repressão.

Puxar fundamental

Autoria: Galo Comunicação

Qual foi?

Autoria: Jhon Vital +  Coletivo Piracema Santa Cruz/RJ

Expressão interrogativa utilizada na cidade do Rio quando:

1. Se quer saber como ocorreu determinado evento.

Exemplo: "Qual foi daquela resenha, lá?

2. Quando se quer expressar descontentamento com determinada postura ou ação.

Exemplo: "Qual foi comédia? Tá me tirando?"

Relíquia

Autoria: Galo Comunicação

Alguém que se destaca e se assemelha a alguma referência famosa ou tradicional.

O termo "Relíquia" transcende seu significado religioso e artístico para, no contexto favelado, valorizar indivíduos e suas contribuições culturais. Por exemplo, "Relíquia da Providência" simboliza a resistência e continuidade da identidade local, no contexto do Morro da Providência, situado na região central do município do Rio de Janeiro, reconhecendo figuras históricas e contemporâneas que moldam a cultura e a memória da comunidade.

Sem cutcharra

Autoria: Yanny Chrystian da Silva Alves e Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Expressão usada para explicar que a situação apresentada é simples e que não fazer a pessoa desistir. Ou seja, ela não vai desistir por esse motivo. Também quer dizer que a pessoa não tem frescura ou não se incomoda com uma coisa que pode ser uma situação, atitude de alguém ou um lugar. Outras expressões similares: "sem problema", "sem caô".

Sobre

A gíria "sem cutcharra" é uma expressão menos difundida e que faz parte do vocabulário de nichos culturais específicos, como comunidades de música eletrônica ou em algumas regiões periféricas do Brasil. Seu significado está associado a fazer algo sem enrolação ou sem complicação, indo direto ao ponto[19]. "Cutcharra" pode ser uma variação de palavras ou sons com origens na música ou no vocabulário inventivo de grupos jovens, sendo muitas vezes usada para dar um tom mais leve ou divertido à conversa.

Embora não tenha um surgimento claro ou amplamente documentado, seu uso cresceu em espaços onde a informalidade e a criatividade da linguagem são valorizadas, como entre jovens adeptos de gírias urbanas.

Assim como outras gírias, "sem cutcharra" reflete a flexibilidade da língua em se moldar às necessidades comunicativas de grupos específicos[20].

Emprego em uma frase

"Vamos resolver isso sem cutcharra, direto ao assunto!", indicando que o objetivo é simplificar a situação.

Outra situação em que "sem cutcharra" pode ser utlizada é: em um dia quente, sua mãe pergunta para a sua prima que está de visita se ela se importa de tomar banho frio, pois o resistor do chuveiro queimou. Então, sua prima responde "sem cutcharra!", pois a situação não a vai fazer desistir de tomar banho.

Sorte de cachorro

Autoria: Teobaldo Mesquita e Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
Canis lupus familiaris Perro Mestizo.JPG

Sobre

A gíria "sorte de cachorro" é uma expressão brasileira que carrega uma conotação irônica e, em alguns contextos, de azar disfarçado de sorte[21]. A frase sugere que uma pessoa tem uma sorte duvidosa ou que, apesar de escapar de uma situação ruim, ainda assim se encontra em uma condição indesejável ou complicada. A ideia pode remeter à imagem de um cachorro que, apesar de encontrar comida ou abrigo, muitas vezes ainda vive em condições adversas.

A origem da expressão é imprecisa, mas acredita-se que tenha surgido no linguajar popular brasileiro, especialmente em contextos urbanos, onde expressões irônicas e metáforas com animais são frequentemente utilizadas para descrever situações cotidianas. No entanto, pode também carregar um tom mais leve, usado em brincadeiras entre amigos.

O uso da gíria é comum em conversas informais e entre jovens, e pode aparecer em contextos onde se quer comentar uma situação ambígua ou um sucesso que veio de maneira inesperada e que ainda assim não é completamente satisfatório[22].

Emprego em uma frase

"Consegui passar na prova, mas só por um ponto... sorte de cachorro!", indicando que a vitória foi alcançada, mas com dificuldade ou de maneira improvável.

Comentário de Teobaldo

Meu pai sempre dizia que a pessoa que passou por um evento de muita sorte, tinha sorte de cachorro magro. Para justificar que o cão foi alimentado...

Suave

Autoria: Marginal

SUAVE
Adjetivo.
Significado: Leveza, sossegado, delicado, calmo, pouco intenso.
Aplicação: Suaves prestações.

SUAVE
Gíria.
Na favela: Ok, tudo certo, de acordo, combinado, sem estresse.
Aplicação: Suave, pô.

Tá de óculos?

Autoria: Hugo Oliveira

Se utiliza quando a pessoa não está entendendo ou boiando sobre um assunto.

Exemplo do uso: Pergunta-se sobre um assunto, entendeu? A pessoa responde, não... Responde-se: Pohh... Tá de óculos?

Tá tudo 2

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma expressão utilizada por membros e afiliados do Comando Vermelho, para indicar que a situação está sob controle ou que não há problemas iminentes. A gíria reflete um código comunicacional interno, utilizado para transmitir mensagens de forma rápida entre os membros da organização.

Autoria: Carmen Camerino e Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Tudo 2 é uma expressão popular no Brasil, especialmente dentro de suas periferias urbanas, cujo significado é "Tudo bem" ou "Tudo ótimo".

Sobre

A gíria "Tudo 2" é uma expressão popularizada no Brasil, especialmente em contextos urbanos e periféricos, para indicar que tudo está bem ou que a situação está tranquila[23]. A origem do termo é um tanto imprecisa, mas acredita-se que tenha surgido como uma variante simplificada e abreviada de "tudo certo" ou "tudo em paz", refletindo a tendência dos falantes de abreviarem expressões mais longas em interações cotidianas rápidas. O número "2" aqui funciona como uma maneira simbólica e direta de representar o estado de equilíbrio ou normalidade.

A gíria é comumente usada em conversas informais entre amigos, nas redes sociais e em ambientes descontraídos, como festas e encontros casuais.

A expressão "Tudo 2" reflete a criatividade e a constante evolução da língua, especialmente no vocabulário jovem e nas periferias, onde a adaptação de significados e a economia linguística são bastante comuns[24].

Emprego em uma frase

"E aí, tudo bem?" — "Tudo 2!", o interlocutor responde que está tudo tranquilo de uma maneira rápida e descomplicada.

Tá tudo 3

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma gíria adotada pelo Terceiro Comando, com um significado semelhante ao de "tá tudo 2", porém específico para essa organização. A expressão é usada para comunicar que as condições são favoráveis, pacíficas ou sem conflitos, evidenciando uma linguagem personalizada para a troca de informações entre seus membros e simpatizantes.

Tá tudo 5

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma expressão utilizada por milícias para indicar que a situação está tranquila, sem complicações ou ameaças à segurança. As milícias, grupos armados que exercem controle sobre determinadas áreas, adotam essa gíria como parte de seu vocabulário específico para comunicar internamente que as operações estão ocorrendo sem contratempos e que o ambiente está seguro.

Tribunal do Tráfico

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma instância de julgamento estabelecida pelos GAI. Presidido pelo líder ou "Dono" do território controlado pela facção, esse "tribunal" opera com base na lógica de um escabinato, sendo formado por um júri de homens de confiança com conhecimento profundo dos mandamentos ou regras estabelecidas pelo grupo. A função desse tribunal é arbitrar disputas, julgar traições, infrações, outros delitos e problemas graves do cotidiano dentro da comunidade ou entre seus membros, aplicando punições que podem variar de acordo com a gravidade do caso julgado

Troia (Cavalo de)

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

Uma ação ilegal seja da polícia, milícia ou facção rival com objetivo de matar traficantes ou se apropriar de armas ou drogas, dando emboscadas em bocas de fumo, feita geralmente com carros ou caminhões descaracterizados.

X9

Autoria: Júlia Quirino Pereira Peyroton.

É uma expressão utilizada para referir-se ao traidor, informante da polícia ou de grupo rival, seja para as forças de segurança ou para grupos rivais. Revelando informações estratégicas ou sigilosas. Sugere uma quebra de confiança e lealdade, sendo considerado uma das maiores transgressões dentro do GAI.

Tá na régua

Autoria: Norma Miranda

Trata - se de uma expressão utilizada na cidade do Rio de Janeiro, quando se quer dizer que determinado evento ficou perfeito ou resolvido.

Exemplos:

"O cabelo tá na régua!" (Bem cortado) "A casa ficou na régua!" (Bem cuidada)

Tá mandado

Autoria: Galo Comunicação

"Tá de troia". A pessoa que está de má fé ou mal intencionada. Tem a ver com a enganação do que foi o Cavalo de Troia como referência histórica.

Virar camisa de saudade

Autoria: Galo Comunicação

Ter uma ação (ou evitar ter uma ação) que possa levar à morte. Em referência a familiares de vítimas de violência que produzem camisas em homenagem às vítimas com fotografias e dizeres como "Saudades eternas".

Ver também

  1. LABOV, W. Sociolinguistics patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1963.
  2. https://revistapesquisa.fapesp.br/ataliba-teixeira-de-castilho-o-linguista-libertario/
  3. https://noticiapreta.com.br/durante-live-bolsonaro-toma-copo-de-leite-simbolo-nazista-de-supremacia-racial/
  4. Dicionário Informal.
  5. Significado de "Alemão": Dicionário Informal
  6. QUIRINO, Júlia.* *Panóptico Criminal: a governança criminal do Comando Vermelho no Rio de Janeiro. 2024. 173 f. Dissertação (Mestrado em  Estudos Estratégicos – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2024.
  7. Portal UOL. Brabo ou Bravo? Saiba como essa gíria está sendo usada nas redes sociais. Disponível em: https://www.uol.com.br/.
  8. Souza, M. (2021). Transformações linguísticas nas periferias urbanas. São Paulo: Ed. Viva Voz.
  9. Significado de "brotar": Dicionário Informal
  10. Antenor, M. (2020). Gírias urbanas: a evolução da linguagem nas periferias. São Paulo: Ed. Linguagem Viva.
  11. Almeida, J. (2018). Expressões e regionalismos do Centro-Oeste brasileiro. Goiânia: Ed. Cultura Popular.
  12. Significado de "coió": Dicionário Informal
  13. Significado de "jacú": Dicionário inFormal
  14. Rocha, M. (2019). Gírias do interior: expressões do vocabulário rural brasileiro. São Paulo: Ed. Raízes.
  15. The Retrograde Queerbaiting of Rita Ora’s ‘Girls’ and The Times’ ‘Age of the Twink’
  16. Twink
  17. Significado de "novinho": Dicionário inFormal
  18. Lima, M. (2019). Gírias e expressões no funk carioca: um estudo sociolinguístico. Rio de Janeiro: Ed. Linguagem Urbana.
  19. Significado de "sem cutcharra": Dicionário Informal
  20. Martins, P. (2020). Gírias e neologismos: o vocabulário em transformação nas periferias. São Paulo: Ed. Expressão Linguística.
  21. Significado de "sorte de cachorro": Dicionário Informal
  22. Silva, R. (2020). Metáforas e expressões populares no Brasil. Recife: Ed. Cultura Viva.
  23. Significado de "Tudo 2": Dicionário Informal
  24. Souza, R. (2021). O novo vocabulário das ruas: gírias e expressões contemporâneas. Rio de Janeiro: Ed. Palavra Viva.