Geração cidadã de dados - cartografia dos coletivos de comunicação comunitária para promoção da saúde: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
(Trechos da Apresentação e Metodologia)
(Inseri foto de roda de diálogo)
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== Roda de diálogo ==
== Roda de diálogo ==
Sobre o evento  
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[[Arquivo:Roda de Diálogo Comunicação comunitária é saúde.jpg|miniaturadaimagem|Roda de Diálogo "Comunicação Comunitária é Saúde" realizada na Escola Quilombista Dandara de Palmares, no Complexo do Alemão, em 30 de novembro de 2024]]


Fotos do evento  
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Edição das 11h24min de 6 de dezembro de 2024

Geração cidadã de dados: cartografia dos coletivos de comunicação comunitária para promoção da saúde é um projeto de pesquisa realizado em 2024 por pesquisadores da Fiocruz em parceria com comunicadores comunitários da Frente de Mobilização da Maré, do Instituto Raízes em Movimento, do jornal Fala Manguinhos e do Instituto Decodifica, com o objetivo de de mapear as ações comunicacionais de coletivos populares e avaliar o possível impacto destas iniciativas na promoção da saúde.

Autoria: Cristiane d'Avila

Apresentação

O projeto "Geração cidadã de dados: cartografia dos coletivos de comunicação comunitária para promoção da saúde" é coordenado por pesquisadoras e pesquisadores da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz e do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz), com apoio do Dicionário de Favelas Marielle Franco e desenvolvido em articulação com comunicadores comunitários de quatro coletivos localizadas na Área Programática 3.1 (AP 3.1) do município do Rio de Janeiro, a saber, Instituto Raízes em Movimento (Complexo do Alemão); Frente de Mobilização da Maré (conjunto de favelas da Maré); Agência de Comunicação Comunitária de Manguinhos (Jornal Fala Manguinhos); Instituto Decodifica (antigo LabJaca) (Jacarezinho).

A iniciativa busca respostas para a seguinte pergunta:

é possível construir coletivamente soluções comunicacionais que possam vir a favorecer o fortalecimento e a estruturação da comunicação comunitária e contribuir para a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), em alinhamento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, da Organização Mundial da Saúde (OMS)?

Partimos da concepção que orienta a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) do Ministério da Saúde (MS), cuja finalidade é “promover a melhoria das condições (...), reduzindo vulnerabilidades e riscos à saúde decorrentes dos determinantes (...)”[1] e da comunicação comunitária como “proposta social, objetivo claro de mobilização vinculado ao exercício da cidadania” (PAIVA, 2003, p.140) para elaborar, em conjunto com os coletivos de comunicação comunitária de bairros da AP 3.1 do município do Rio de Janeiro, soluções que promovam sua estruturação, deem visibilidade às suas ações e contribuam para a práxis da Política Nacional de Promoção da Saúde no SUS, em alinhamento com os ODS 3 e ODS 16 da Agenda 2030.

Nossa premissa é que esses coletivos são historicamente fragilizados pela violência, têm pouca visibilidade e carecem de infraestrutura e de recursos humanos. Um projeto que mapeie essas organizações civis pode vir a:

1. favorecer a capacidade coletiva de compreensão e controle sobre os determinantes da saúde que impactam a promoção da saúde dessas populações;

2. contribuir para a construção conjunta de mecanismos que promovam os coletivos e as pautas de cultura, arte e lazer por eles produzidas, fortalecendo o conceito ampliado de saúde;

3. promover oportunidades para eventual captação de recursos por meio de leis de incentivo e por parte de entes públicos e/ou privados.

Metodologia

A metodologia foi baseada na realização de entrevistas semiestruturadas, aplicação de questionário online e pesquisa documental, tomando como referência as quatro organizações localizadas em bairros da AP 3.1 do Rio de Janeiro citadas. Compreendemos que o projeto, que visa ao fortalecimento e à estruturação da comunicação comunitária em saúde nos territórios, em alinhamento com a Agenda 2030, tem potencial de favorecer a práxis da Política Nacional de Promoção da Saúde no SUS e consolidar a visão de uma comunicação dialógica e participativa, para além da saúde, promovendo a coesão do tecido social e o fortalecimento da cidadania.

Motivações da pesquisa

Começamos a pensar nesta proposta a partir da provocação do próprio edital FioPromos, lançado em 2023 para reunir pesquisadores de diferentes unidades da Fundação e movimentos sociais que buscam, de forma polifônica, enfrentar colaborativamente problemas e/ou temas específicos do campo da Promoção da Saúde, aqui reconhecida como “campo que almeja, desde uma perspectiva crítica, potencializar processos de mudança, fortalecer a autonomia dos sujeitos, a participação, a valorização de movimentos instituintes, os processos de subjetivação e atribuir significados e sentidos para as experiências”[2]. Motivados pela pergunta inicial, nosso objetivo foi identificar coletivos de comunicação de uma determinada localidade e, a partir desse recorte, conhecer as ações de comunicação comunitária em territórios vulnerabilizados pela violência, carentes de apoio do Estado e estigmatizados pela sociedade e a mídia comercial, que em geral os retratam nas páginas policiais.

Para tal, adotamos a metodologia de pesquisa-intervenção participativa (Chassot & Silva, 2018), que rompe a fronteira entre pesquisadores e objetos de estudo, o que geralmente caracteriza as pesquisas científicas. Baseamos nossa argumentação nos conceitos de promoção da saúde, cartografia, geração cidadã de dados e comunicação comunitária, considerada “instrumento político das classes subalternas para externar sua concepção de mundo, seu anseio e compromisso na construção de uma sociedade igualitária e socialmente justa” (Peruzzo, 2009, pp.49-50). A escolha da Área Programática 3.1 do Rio, que abrange 28 bairros da Zona Norte1, deu-se porque é uma região com a qual a Cooperação Social da Fiocruz atua por meio de vários projetos em parceria com coletivos populares.

Partia-se, portanto, de uma base referencial, até porque teríamos um ano para entregar os produtos que nos propusemos a desenvolver, a saber: 1. Mapas digital e impresso com dados georreferenciados dos coletivos da AP 3.1. 2. Episódios do podcast Radar Saúde Favela contendo informações do projeto e entrevistas; 3. Verbetes do Dicionário de Favelas Marielle Franco; 5. Áudios e transcrições das entrevistas depositados no acervo de história oral da Casa de Oswaldo Cruz, de acesso online e gratuito; 6. Artigo científico submetido; 7. Evento de entrega dos resultados em sede de coletivo parceiro. O projeto foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fiocruz (Processo CAAE Nº 73730523.8.0000.5241).

Objetivo geral

Elaborar, em conjunto com os coletivos de comunicação comunitária de bairros da AP 3.1 do município do Rio de Janeiro, soluções que promovam sua estruturação, deem visibilidade às suas ações e contribuam para a práxis da Política Nacional de Promoção da Saúde no SUS, em alinhamento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 3 (Saúde e Bem-Estar) e 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes) da Agenda 2030 da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Resultados

Entre os dias 2 de abril e 5 de maio de 2024 aplicamos o questionário eletrônico (produzido em formulário do Office 365) “Cartografia dos coletivos de comunicação comunitária da AP 3.1”, com o objetivo de identificar possíveis coletivos de comunicação comunitária em atuação na AP 3.1, suas ações, potências e fragilidades. Listamos, previamente, a partir da base de dados do Dicionário Marielle Franco, os coletivos da Área Programática 3.1 da cidade do Rio de Janeiro a serem contactados para o recebimento do questionário.

A distribuição do questionário foi realizada pelos canais de comunicação digitais da Cooperação Social da Fiocruz, do ICICT, do Dicionário de Favelas Marielle Franco, do Instituto Raízes em Movimento (Complexo do Alemão), da Agência de Comunicação Comunitária de Manguinhos (Jornal Fala Manguinhos), do Instituto Decodifica, antigo LabJaca (Jacarezinho) e da Frente de Mobilização da Maré (Conjunto de Favelas da Maré), localizados em bairros da Área Programática 3.1.

As entrevistas presenciais foram realizadas em julho de 2024 com as seguintes fontes: Gizele Martins (Frente de Mobilização da Maré); David Amen (Instituto Raízes em Movimento); Fábio Monteiro (Agência de Comunicação Comunitária de Manguinhos/Jornal Fala Manguinhos) e Vinícius Morais (Instituto Decodifica, antigo LabJaca). Trechos das entrevistas foram incluídas em quatro episódios do podcast Radar Saúde Favela (https://radarsaudefavela.com.br/) e as versões completas (áudio e transcrição) foram doadas ao acervo de história oral sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz e estão disponíveis em www.basearch.coc.fiocruz.br.

Em 30 de novembro de 2024, a convite do Instituto Raízes em Movimento, realizamos a oficina “Comunicação é Saúde”, como parte da programação do Circulando – Memória e Comunicação na Favela, evento anual do Instituto realizado no Complexo do Alemão. Na ocasião, a equipe apresentou os resultados do projeto e entregou o mapa impresso contendo os Indicadores da Comunicação Comunitária e Saúde aos respondentes do questionário.

Indicadores da Comunicação Comunitária e Saúde

As entrevistas

Mapa de Indicadores da Comunicação Comunitária e Saúde

Plataforma viconsaga

Mapa de localização AP3.1
Mapa de localização AP3.1

Sobre o evento

Roda de Diálogo "Comunicação Comunitária é Saúde" realizada na Escola Quilombista Dandara de Palmares, no Complexo do Alemão, em 30 de novembro de 2024

Fotos do evento


Ver também


  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde: PNPS: revisão da Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março de 2006 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância à Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. p.13
  2. MENDES, Rosilda; PEZZATO, Luciane Maria; SACARDO, Daniele Pompei. “Pesquisa-intervenção em promoção da saúde: desafios metodológicos de pesquisar ‘com’”. Ciência & Saúde Coletiva, 21(6):1737-1745, 2016. p.1738.