Grupo Alfazendo

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Mobilização Socioambiental do Alfazendo é um curso de mobilização comunitária para formação de favelas resilientes e sustentáveis produzido pela Rede Favela Sustentável e gravado e publicizado em forma de minissérie.

Autoria: Rede Favela Sustentável.

Sobre

A mobilização comunitária é o ponto de partida para realizar favelas resilientes e sustentáveis, acentuando a colaboração e o engajamento de moradores que, ao trabalharem juntos, desenvolvem o senso de pertencimento compartilhado e conexões fortes que formam a base, tanto da autogestão para o desenvolvimento comunitário, quanto das lutas por direitos.

O curso, íntimo e aprofundado, contou com a participação de vinte mobilizadores da Rede Favela Sustentável e foi inteiramente filmado, inclusive o processo emocionante de crescimento pessoal e coletivo dos participantes, para poder compartilhar o aprendizado realizado com toda a nossa rede. O resultado deste percurso coletivo foi a 'minissérie' lançada em seis capítulos e compartilhada em nosso canal do YouTube, desde o dia 06 de abril.

Episódio 1: Identidades

Primeiro episódio da minissérie de mobilização socioambiental da Rede Favela Sustentável.

A mobilização comunitária é o ponto de partida para realizar favelas resilientes e sustentáveis, acentuando a colaboração e o engajamento de moradores que, ao trabalharem juntos, desenvolvem o senso de pertencimento compartilhado e conexões fortes que formam a base, tanto da autogestão para o desenvolvimento comunitário, quanto das lutas por direitos.

Em 2022 foi promovido o Curso de Mobilização Socioambiental do Alfazendo, organização de referência da Cidade de Deus, com a Rede Favela Sustentável, nas comunidades do Salgueiro e Trapicheiros, envolvendo mobilizadores de 20 favelas da cidade.

O objetivo foi de compartilhar conhecimentos e experiências a partir de uma metodologia Freiriana de mobilização nas favelas. Foi uma linda experiência que agora compartilhamos através de uma minissérie dividida em seis capítulos. Neste primeiro vídeo, aprenda o que é identidade e sobre a importância de se construir um senso de coletividade: de sair do eu e ir para o nós!

Episódio 2: Ideologias

Neste segundo capítulo, o professor e psicólogo Celso Vergne contribui com uma linha do tempo sobre a formação das favelas, desde o surgimento nas áreas centrais do Rio de Janeiro na virada do século XIX para XX, mas salienta que cada favela tem sua própria história e sua luta por permanência.

Pedro Cunca, professor de políticas públicas em direitos humanos, traz o conceito de tecido social a partir da ideia da favela como território construído por ancestralidade, pela solidariedade e pela luta por direitos. A favela tem centralidade na referência para se pensar a cidade, pela capacidade de seus moradores em fazer cidade, construir moradias e gerar bairros.

Como construir espaços de reconhecimento e autocuidado entre pessoas que vivenciam suas favelas e dialogar com pontos de vista diferentes? Depois de abordar o tema gerador “identidade” no primeiro capítulo, agora a discussão gira em torno do sub-tema “ideologia”.

Existe uma ideologia de projeto de cidade com apagamento da história das favelas, uma ideologia de cidade partida e que nega direitos. Mas a partir da união de pessoas com ideais parecidos, onde uma ideologia inclusiva e solidária prevalece, a favela desafia a ideologia dominante e constrói sua mobilização sustentável e democrática!

Episódio 3: Metodologia Participativa

Neste 3º capítulo, tratamos da importância da metodologia participativa e troca de conhecimento mútuo entre moradores de favela. Mostramos como todo morador é um "intelectual orgânico" repleto de conhecimentos e ricas vivências.

O capítulo mostra como, antes de perceber o que é necessário para mobilizar os demais moradores, cada um precisa se conhecer. Daí surgem perguntas importantes: quem você é? De onde você vem? Qual a sua identidade? Quais as suas ideologias?

Todos temos identidades pessoais, sociais e culturais. Todos possuem ideologias. Até as instituições comunitárias possuem ideologias. Qual é a missão de cada uma? A percepção da conexão entre o social e o ambiental é uma ideologia que gera responsabilidade e um olhar crítico à forma que metodologias tradicionais nos ensinam a enxergar o mundo. A filosofia de Paulo Freire, a teoria do conhecimento e a metodologia participativa trazem para o diálogo a consciência histórica, de classe, crítica e do território.

E assim, dentre diversas dinâmicas que esse capítulo traz, e o trabalho sobre os temas geradores que os próprios educandos do curso trazem, chega-se à conclusão de que o trabalho das instituições de base comunitária é de garantir direitos. Fala-se sobre o papel das instituições de base comunitária ser provocar o outro a sair do seu lugar simbólico.

Quando cada um(a) busca conhecer dentro de si e também o seu território, gera-se um fortalecimento coletivo. O tecido social se fortalece, as parcerias são criadas e o grupo passa a cooperar e agir de forma coletiva no lugar de competir. É preciso convidar uns aos outros para construir, não somente participar. Assim termina o 3º capítulo, onde a turma é convidada a construir mapas referenciais, uma ferramenta de conhecimento e reconhecimento do seu próprio território.

Episódio 4: O mapa referencial

Este 4º capítulo aborda a construção do mapa referencial como ferramenta para o (re)conhecimento das potencialidades do território de atuação. A partir deste diagnóstico social, cultural, econômico e ambiental, busca-se fortalecer o tecido social da favela, através de parcerias com outras organizações locais e mobilizadores comunitários, formando uma teia de relações.

Neste capítulo são disponibilizados instrumentos para levantamento e elaboração do mapa, para definição de focos de atuação, responsabilidades e tarefas para a equipe que vai executar o mapa. A partir deste passo a passo, chega-se a um produto que é fruto do estudo da realidade e que pode subsidiar um plano popular de desenvolvimento local.

Mobilizadores de favela são intelectuais orgânicos que se disponibilizam a compreender as relações sociais do lugar, sem julgá-las, sempre olhando na perspectiva de parcerias. Para este mapeamento, é importante ter atenção à escuta nas abordagens de parceiros locais.

No capítulo de hoje, também apresentamos dinâmicas de grupo para estimular o reconhecimento e a aproximação entre mobilizadores comunitários.

A partir da construção do mapa referencial, espera-se mobilizadores sintam-se estimulados a expandir sua articulação socioambiental e reforçar a identidade local da sua comunidade!

Episódio 5: A luta coletiva

No penúltimo capítulo da minissérie, os participantes nos contam qual é a sua experiência com a luta coletiva: o que estimula uma pessoa a lutar pela sua comunidade? O que faz este mobilizador continuar na luta e o que sustenta esse sonho ao longo dos anos?

Continuamos aprendendo a construir o mapa referencial, que vai dinamizar as articulações dentro da comunidade, contribuindo para que o mobilizador comunitário possa sair do eu para o nós. E diante de todo esse tecido de relações comunitárias, é importante afirmar que uma luta coletiva é necessariamente uma luta por garantia de direitos!

E com quem um mobilizador pode se aliar para gerar políticas públicas para sua comunidade? Qual leitura de conjuntura política pode ser feita através do mapa referencial construído coletivamente? E como essa conjuntura local se relaciona com a realidade da cidade, do país?

A partir do mapa referencial construído por cada participante do curso, percebemos que surgem muitas abordagens em cada comunidade: meio ambiente, religião, crianças, história da ocupação… Cada favela pode construir coletivamente um mapa referencial voltado para sua história e suas demandas, para pleitear recursos e garantir direitos!

Por fim, o 5º episódio apresenta o Caxambu do Salgueiro e o coletivo Erveiras e Erveiros do Salgueiro, que acolheram os encontros do curso em sua sede.

Episódio 6: Encerramento do curso

Neste último capítulo do curso, foi feita uma reflexão sobre o caminho percorrido do início ao fim da jornada do curso. Foi possível identificar o quanto existem semelhanças e diferenças entre as favelas participantes em relação aos desafios da mobilização e potência da ferramenta do mapa referencial, que fica como um registro, uma eternização da memória do local.

Ao longo do curso, somando as experiência e saberes trocados, foi criado um 3º conhecimento: o coletivo. Foi feito junto e *não para*. Ficam agora as perguntas: o que pretendemos fazer daqui para a frente? Como fica o sonho de cada e para seu projeto, a partir das trocas realizadas ao longo do curso? Como o mapa referencial pode ajudar nesse caminho? Para o futuro da RFS, foi entendido que com o grupo crescendo, todos que fazem parte crescem juntos. A partir do apoio entre as partes, sonha-se multiplicar. Cada pessoa da RFS é multiplicador.

As atividades presenciais foram encerradas em uma caminhada pelos dois territórios que abrigaram o curso: Salgueiro e Trapicheiros. Houve também uma dinâmica que retomou falas e a trajetória de cada pessoa participante do curso, onde os pontos entre as pessoas foram se entrelaçando, formando uma rede integrada. Além disso, na dinâmica todos apresentaram os mapas referenciais elaborados para cada favela representada no grupo.