Abusado - O Dono do Morro Dona Marta (livro): mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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Autoria: Caco Barcelos.
[[File:Abusado.jpg|thumb|364x364px|Capa do Livro de Caco Barcelos|alt=|right]]'''Abusado - O dono do Morro Dona Marta''' é um livro, terceira obra do escritor gaúcho '''Caco Barcellos''', lançado em 2003. É um livro reportagem investigativo que conta a história de “Juliano VP”, nome fictício de Márcio Amaro de Oliveira, traficante criado na [[favela Santa Marta]], no Rio de Janeiro, e sua relação precoce com o tráfico de drogas. O livro aborda questões sociais vistos pela ótica do “Poeta” como era conhecido, e de seus amigos e familiares.<ref>ABUSADO - O DONO DO MORRO DONA MARTA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2022. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Abusado_-_O_Dono_do_Morro_Dona_Marta&oldid=62804854>. Acesso em: 12 jan. 2022.</ref>


Fonte: [https://pt.wikipedia.org/wiki/Abusado_-_O_Dono_do_Morro_Dona_Marta Wikipédia] &nbsp;
== Sobre ==
<p style="text-align: justify;">Considerada uma das obras mais polêmicas do jornalista, o Abusado mostra um lado até então desconhecido pela sociedade, o lado humano de bandidos e traficantes. Por meio de relatos e depoimentos o emocional é revelado, mostrando infâncias conturbadas, a proximidade com o tráfico de drogas, a relação conturbada com a polícia ou órgãos ligados ao governo e principalmente, a história e influência das organizações criminosas como o Comando Vermelho e as facções inimigas, Amigos dos Amigos e Terceiro Comando na vida da comunidade. O livro levanta discussões éticas, morais e políticas, nunca antes observadas por esse ângulo, através de pessoas marginalizadas e excluídas socialmente que dificilmente são vistas ou ouvidas por jornais ou revistas. Caco Barcellos mergulha profundamente nas histórias e no cotidiano da comunidade, usando técnicas muito utilizadas pelo jornalismo como entrevistas e pesquisas históricas. O livro é um romance sem maniqueísmo, não há mocinhos ou vilões, todos são retratados como seres humanos expostos a todo tipo de influências externas, principalmente as leis de sobrevivência. A obra não conta apenas a história de um personagem qualquer, mas uma reconstrução de momentos vividos pelo Rio de Janeiro, entre tiroteios, fugas alucinantes e assassinatos.</p>


&nbsp;
== História ==
<p style="text-align: justify;">A história de Juliano VP está relacionada diretamente com a existência do Comando Vermelho e sua ocupação na favela em Botafogo, bairro de classe média carioca. Desde pequeno conviveu com os mais diversos tipos de preconceito, nascido em uma família nordestina e muito pobre chegou ao Santa Marta ainda pequeno em busca de uma condição melhor de vida. O pai muito duro e machista sustentava a família com uma pequena birosca de doces e refrigerantes, Juliano estudava de manhã e na parte da tarde ajudava o pai no negócio da família. Sem ganhar um tostão e sofrendo humilhações e violência do pai, passou a se interessar mais pela vida agitada e luxuosa de traficantes e bandidos da região. Pouco a pouco foi abandonando a escola, mas nunca seu interesse por livros e escritores. Passou a prestar pequenos favores em troca de boas quantias em dinheiro, os “bicos” iam desde levar informações, a subir compras e mercadorias para o topo do morro. Sua ascendência no tráfico de drogas foi rápido e complexo, pois era muito influenciado pelo lema do CV Paz, Justiça e Liberdade, mas no seu sentido literal. Acreditava que as coisas deveriam ser resolvidas de forma pacífica e o bem da comunidade deveria estar em primeiro lugar. Esse comportamento, aliado ao seu gosto literário considerado “refinado” pela malandragem, lhe rendeu o apelido de Poeta, principalmente porque mantinha um contato com a alta burguesia carioca, os intelectuais como o cineasta João Moreira Salles. Aos poucos esse comportamento foi condenado pelos próprios lideres do CV e Juliano VP ganhou muito inimigos que não acreditavam no seu potencial para assumir como dono do Morro, pois não matava, desprezava dinheiro, tinha ideologias políticas e pretensões muito distintas dos outros “frentes de morro”. &nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">O livro surpreende pela simplicidade e história impressionante de vida de um dos homens mais procurados do Rio de Janeiro e ao mesmo tempo traça um paralelo sobre o desenvolvimento da favela Santa Marta na Zona Sul e a luta de seus moradores para enfrentar o preconceito, as drogas e a violência diante de condições tão subumanas. Outro ponto abordado pelo autor foi o polêmico episódio com o popstar Michael Jackson e o diretor Spike Lee , que em 1996 vieram ao Brasil gravar um clipe na favela Dona Marta. Juliano VP fez questão de cuidar pessoalmente da segurança do rei e de sua equipe de produção, disponibilizando casas, homens e proteção. Essa atitude evidenciou ainda mais a fragilidade da polícia e a notoriedade do traficante.</p>


'''Abusado - O dono do Morro Dona Marta''' é um livro, terceira obra do escritor gaúcho '''Caco Barcellos''', lançado em 2003. É um livro reportagem investigativo que conta a história de “Juliano VP”, nome fictício de Márcio Amaro de Oliveira, traficante criado na favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, e sua relação precoce com o tráfico de drogas. O livro aborda questões sociais vistos pela ótica do “Poeta” como era conhecido, e de seus amigos e familiares. &nbsp;
== Ver também ==
* [[Dono do Morro]]
* [[Uma história do crime organizado – 400 contra 1 (filme)]]
* [[História do mercado ilegal de drogas no Rio de Janeiro]]


Considerada uma das obras mais polêmicas do jornalista, o Abusado mostra um lado até então desconhecido pela sociedade, o lado humano de bandidos e traficantes. Por meio de relatos e depoimentos o emocional é revelado, mostrando infâncias conturbadas, a proximidade com o tráfico de drogas, a relação conturbada com a polícia ou órgãos ligados ao governo e principalmente, a história e influência das organizações criminosas como o Comando Vermelho e as facções inimigas, Amigos dos Amigos e Terceiro Comando na vida da comunidade. O livro levanta discussões éticas, morais e políticas, nunca antes observadas por esse ângulo, através de pessoas marginalizadas e excluídas socialmente que dificilmente são vistas ou ouvidas por jornais ou revistas. Caco Barcellos mergulha profundamente nas histórias e no cotidiano da comunidade, usando técnicas muito utilizadas pelo jornalismo como entrevistas e pesquisas históricas. O livro é um romance sem maniqueísmo, não há mocinhos ou vilões, todos são retratados como seres humanos expostos a todo tipo de influências externas, principalmente as leis de sobrevivência. A obra não conta apenas a história de um personagem qualquer, mas uma reconstrução de momentos vividos pelo Rio de Janeiro, entre tiroteios, fugas alucinantes e assassinatos. &nbsp;
{{Mais livros}}


A história de Juliano VP está relacionada diretamente com a existência do Comando Vermelho e sua ocupação na favela em Botafogo, bairro de classe média carioca. Desde pequeno conviveu com os mais diversos tipos de preconceito, nascido em uma família nordestina e muito pobre chegou ao Santa Marta ainda pequeno em busca de uma condição melhor de vida. O pai muito duro e machista sustentava a família com uma pequena birosca de doces e refrigerantes, Juliano estudava de manhã e na parte da tarde ajudava o pai no negócio da família. Sem ganhar um tostão e sofrendo humilhações e violência do pai, passou a se interessar mais pela vida agitada e luxuosa de traficantes e bandidos da região. Pouco a pouco foi abandonando a escola, mas nunca seu interesse por livros e escritores. Passou a prestar pequenos favores em troca de boas quantias em dinheiro, os “bicos” iam desde levar informações, a subir compras e mercadorias para o topo do morro. Sua ascendência no tráfico de drogas foi rápido e complexo, pois era muito influenciado pelo lema do CV Paz, Justiça e Liberdade, mas no seu sentido literal. Acreditava que as coisas deveriam ser resolvidas de forma pacífica e o bem da comunidade deveria estar em primeiro lugar. Esse comportamento, aliado ao seu gosto literário considerado “refinado” pela malandragem, lhe rendeu o apelido de Poeta, principalmente porque mantinha um contato com a alta burguesia carioca, os intelectuais como o cineasta João Moreira Salles. Aos poucos esse comportamento foi condenado pelos próprios lideres do CV e Juliano VP ganhou muito inimigos que não acreditavam no seu potencial para assumir como dono do Morro, pois não matava, desprezava dinheiro, tinha ideologias políticas e pretensões muito distintas dos outros “frentes de morro”. &nbsp;
[[Category:Temática - Cultura]]
 
[[Category:Cultura]]
O livro surpreende pela simplicidade e história impressionante de vida de um dos homens mais procurados do Rio de Janeiro e ao mesmo tempo traça um paralelo sobre o desenvolvimento da favela Santa Marta na Zona Sul e a luta de seus moradores para enfrentar o preconceito, as drogas e a violência diante de condições tão subumanas. Outro ponto abordado pelo autor foi o polêmico episódio com o popstar Michael Jackson e o diretor Spike Lee , que em 1996 vieram ao Brasil gravar um clipe na favela Dona Marta. Juliano VP fez questão de cuidar pessoalmente da segurança do rei e de sua equipe de produção, disponibilizando casas, homens e proteção. Essa atitude evidenciou ainda mais a fragilidade da polícia e a notoriedade do traficante.&nbsp;&nbsp;
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Edição atual tal como às 14h55min de 23 de agosto de 2023

Autoria: Caco Barcelos.
Capa do Livro de Caco Barcelos

Abusado - O dono do Morro Dona Marta é um livro, terceira obra do escritor gaúcho Caco Barcellos, lançado em 2003. É um livro reportagem investigativo que conta a história de “Juliano VP”, nome fictício de Márcio Amaro de Oliveira, traficante criado na favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, e sua relação precoce com o tráfico de drogas. O livro aborda questões sociais vistos pela ótica do “Poeta” como era conhecido, e de seus amigos e familiares.[1]

Sobre[editar | editar código-fonte]

Considerada uma das obras mais polêmicas do jornalista, o Abusado mostra um lado até então desconhecido pela sociedade, o lado humano de bandidos e traficantes. Por meio de relatos e depoimentos o emocional é revelado, mostrando infâncias conturbadas, a proximidade com o tráfico de drogas, a relação conturbada com a polícia ou órgãos ligados ao governo e principalmente, a história e influência das organizações criminosas como o Comando Vermelho e as facções inimigas, Amigos dos Amigos e Terceiro Comando na vida da comunidade. O livro levanta discussões éticas, morais e políticas, nunca antes observadas por esse ângulo, através de pessoas marginalizadas e excluídas socialmente que dificilmente são vistas ou ouvidas por jornais ou revistas. Caco Barcellos mergulha profundamente nas histórias e no cotidiano da comunidade, usando técnicas muito utilizadas pelo jornalismo como entrevistas e pesquisas históricas. O livro é um romance sem maniqueísmo, não há mocinhos ou vilões, todos são retratados como seres humanos expostos a todo tipo de influências externas, principalmente as leis de sobrevivência. A obra não conta apenas a história de um personagem qualquer, mas uma reconstrução de momentos vividos pelo Rio de Janeiro, entre tiroteios, fugas alucinantes e assassinatos.

História[editar | editar código-fonte]

A história de Juliano VP está relacionada diretamente com a existência do Comando Vermelho e sua ocupação na favela em Botafogo, bairro de classe média carioca. Desde pequeno conviveu com os mais diversos tipos de preconceito, nascido em uma família nordestina e muito pobre chegou ao Santa Marta ainda pequeno em busca de uma condição melhor de vida. O pai muito duro e machista sustentava a família com uma pequena birosca de doces e refrigerantes, Juliano estudava de manhã e na parte da tarde ajudava o pai no negócio da família. Sem ganhar um tostão e sofrendo humilhações e violência do pai, passou a se interessar mais pela vida agitada e luxuosa de traficantes e bandidos da região. Pouco a pouco foi abandonando a escola, mas nunca seu interesse por livros e escritores. Passou a prestar pequenos favores em troca de boas quantias em dinheiro, os “bicos” iam desde levar informações, a subir compras e mercadorias para o topo do morro. Sua ascendência no tráfico de drogas foi rápido e complexo, pois era muito influenciado pelo lema do CV Paz, Justiça e Liberdade, mas no seu sentido literal. Acreditava que as coisas deveriam ser resolvidas de forma pacífica e o bem da comunidade deveria estar em primeiro lugar. Esse comportamento, aliado ao seu gosto literário considerado “refinado” pela malandragem, lhe rendeu o apelido de Poeta, principalmente porque mantinha um contato com a alta burguesia carioca, os intelectuais como o cineasta João Moreira Salles. Aos poucos esse comportamento foi condenado pelos próprios lideres do CV e Juliano VP ganhou muito inimigos que não acreditavam no seu potencial para assumir como dono do Morro, pois não matava, desprezava dinheiro, tinha ideologias políticas e pretensões muito distintas dos outros “frentes de morro”.  

O livro surpreende pela simplicidade e história impressionante de vida de um dos homens mais procurados do Rio de Janeiro e ao mesmo tempo traça um paralelo sobre o desenvolvimento da favela Santa Marta na Zona Sul e a luta de seus moradores para enfrentar o preconceito, as drogas e a violência diante de condições tão subumanas. Outro ponto abordado pelo autor foi o polêmico episódio com o popstar Michael Jackson e o diretor Spike Lee , que em 1996 vieram ao Brasil gravar um clipe na favela Dona Marta. Juliano VP fez questão de cuidar pessoalmente da segurança do rei e de sua equipe de produção, disponibilizando casas, homens e proteção. Essa atitude evidenciou ainda mais a fragilidade da polícia e a notoriedade do traficante.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Mais livros[editar código-fonte]

  1. ABUSADO - O DONO DO MORRO DONA MARTA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2022. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Abusado_-_O_Dono_do_Morro_Dona_Marta&oldid=62804854>. Acesso em: 12 jan. 2022.