Favelados e faveladas no parlamento

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco


Foto da Favela da Rocinha

Favelados e faveladas no parlamento reúne nomes de lideranças oriundas de espaços de favelas e periferias brasileiras que foram eleitas para cargos do poder legislativo, tornando-se parlamentares em suas respectivas regiões de atuação. O levantamento abrange legislaturas variadas e foi feito a partir de pesquisa em fontes de dados oficiais[1], disponibilizando informações sobre a vida, a obra e os feitos destes e destas parlamentares.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Apresentação[editar | editar código-fonte]

Este trabalho possui como objetivo exibir um balanço da vida, obra e dos feitos relacionados às pessoas de origem de favela que foram eleitas nos últimos anos. Afinal, são essas pessoas que devem representar os interesses dos favelados. Também é de responsabilidade dessas figuras, desenvolver defesas para os cidadãos oriundos desses espaços.

O espaço da favela é como um palco no qual os atores sentem, diretamente em sua pele, os impactos das decisões políticas que atingem não só a sua qualidade de vida, mas sua noção de cidadania, sua honra, dignidade e principalmente a sua incansável luta por sobrevivência.

Diante desses infortúnios queremos, com esta exposição, revelar o que está sendo feito em contraposição a uma (necro)política que vem ditando quem deve viver e quem deve morrer nestes territórios.

O destaque deste verbete está voltado para um despertar, em curso, de uma consciência de raça e classe que chega por meio das lutas de indivíduos favelados que decidiram representar o seu povo e assim defender os seus verdadeiros interesses. É de interesse público conhecer quais são os discursos desses parlamentares, quais foram os projetos e as leis que desenvolveram com a finalidade de defender os seus.

Ninguém supera a pobreza sozinho!

Principais lideranças[editar | editar código-fonte]

Benedita da Silva (PT/RJ) - Praia do Pinto / Chapéu Mangueira - RJ[editar | editar código-fonte]

Primeira senadora negra do Brasil, Benedita da Silva, mulher preta e evangélica, de pai pedreiro e mãe lavadeira. Aos 80 anos e prestes a completar 40 anos na política ela foi reeleita, em 2022, deputada federal. Fará parte da bancada da Câmara pelos próximos quatro anos que vai de fevereiro de 2023 a dezembro de 2026. A Parlamentar obteve 113.831 votos pelo Rio de Janeiro e exercerá seu quinto mandato na Câmara Federal.

Marielle Franco (PSOL/RJ) - Maré - RJ[editar | editar código-fonte]

Marielle Francisco da Silva, Marielle Franco, vereadora da cidade do Rio de Janeiro, mundialmente conhecida após ter sido assassinada, junto com seu motorista Anderson Gomes, em 14 de Março de 2018. Mais de um ano após esse crime brutal, a sociedade, sua família e suas eleitoras e eleitores ainda continuam sem saber quem mandou matá-la e porquê.  Entre as poucas certezas, sabemos que foi um crime político.  Eleita com 46.502 votos em 2016, aos 37 anos, foi a quinta parlamentar mais votada da cidade e a segunda mulher com mais votos, mas não pode concluir o seu mandato de quatro anos. A incidência política de Marielle não começou na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, nem se encerrou após sua morte.

Mari, como era conhecida entre suas amigas, amigos e colegas de trabalho, apresentava-se recorrentemente como mulher, negra, mãe, socióloga e cria da Maré! Agora, Marielle Franco passa a ser também símbolo das lutas de todas as mulheres que desejam um mundo livre de opressões. Não à toa, a frase “Marielle é semente” tomou conta do mundo.

Renata Souza (PSOL/RJ) - Maré - RJ[editar | editar código-fonte]

Renata Souza é cria da favela da Maré. Feminista preta, é formada em jornalismo pela PUC-Rio. Mestre e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Pós-doutora pela UFF.

Renata defende os direitos humanos há mais de 20 anos. Integrou a equipe de Marcelo Freixo e foi chefe de gabinete de Marielle Franco. Em 2018, foi a deputada estadual mais votada da esquerda no Rio de Janeiro, eleita por 63.937 pessoas.

Dani Monteiro (PSOL/RJ) - São Carlos - RJ[editar | editar código-fonte]

Nascida no Morro de São Carlos, Dani Monteiro é a primeira da família a ingressar na universidade. Foi estudante cotista do curso de Ciências Sociais na UERJ. É feminista, além de militante por direitos humanos, direitos LGBT, direito à cidade. Também faz parte do movimento estudantil, do Movimento Negro Unificado (MNU) e, do coletivo RUA Juventude Anticapitalista. Em 2022, foi eleita com 50.140 votos a Deputada Estadual pelo Estado do Rio de Janeiro.

Mônica Francisco (PSOL/RJ) - Borel - RJ[editar | editar código-fonte]

Eleita com 40.631 votos, Mônica Francisco é uma mulher preta, periférica, evangélica progressista que sabe seu lugar de fala e o usará para fazer ecoar as vozes periféricas, feministas, LGBTQIs, faveladas e de todas e todos que vivem no Rio de Janeiro. Nascida no morro do Borel, na Zona Norte do Rio, Mônica Francisco, 48 anos, é também pastora evangélica, formada em Ciências Sociais, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Militante dos direitos humanos, Mônica Francisco foi assessora da vereadora Marielle Franco.

Leci Brandão (PCdoB/SP) - Mangueira - RJ[editar | editar código-fonte]

Deputada estadual no terceiro mandato, Leci Brandão da Silva, nasceu no Rio de Janeiro-RJ, em 1944. Cantora, compositora e percussionista. Importante referência do samba, tem a carreira marcada pelo sucesso de público e de crítica e pelo engajamento na luta por liberdade e direitos.

Simone Nascimento (PSOL/SP) - Pirituba - SP[editar | editar código-fonte]

30 anos, jornalista, Simone Nascimento é uma mulher negra, de quebrada, feminista e moradora de Pirituba. Em 2020 concorreu ao cargo de vereadora nas eleições municipais de São Paulo e se tornou suplente do PSOL. Em 2022 foi eleita CoDeputada Estadual com a Bancada Feminista do PSOL, em uma votação histórica: 259.711 votos.

Benny Briolly (PSOL/RJ) - Niteroi / Fonseca - RJ[editar | editar código-fonte]

Benny Briolly, de 29 anos, é a primeira vereadora transexual a assumir um mandato na Câmara Municipal de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Com 4.458 votos, a candidata foi a quinta mais bem votada para ocupar uma vaga na Casa Legislativa. Benny é um dos mais importantes símbolos de luta do povo trabalhador, da liberdade religiosa, das mulheres, do povo negro e de toda população oprimida e periférica.

Monica Benício (PSOL/RJ) - Maré - RJ[editar | editar código-fonte]

Monica Benicio, é militante de direitos humanos e ativista LGBTI+. Arquiteta urbanista formada pela PUC-Rio, onde também se tornou mestra em Arquitetura, na área de "Violência e Direito à Cidade". Nascida e criada na favela da Maré, no Rio de Janeiro. Eleita vereadora com 22.919 votos, tem pautado sua atuação na promoção e defesa dos direitos das mulheres e no debate urbanístico com foco na inclusão social.

Verônica Costa (PL/RJ) - Morro do Juramento - RJ[editar | editar código-fonte]

Verônica Chaves de Carvalho Costa (Rio de Janeiro, 21 de abril de 1974) é uma empresária, radialista, cantora, apresentadora de televisão e política brasileira filiada ao Partido Liberal (PL), sendo considerada uma das principais responsáveis pela popularização do funk no Brasil e no mundo. Conhecida como a Mãe Loira do Funk., criou a equipe de som "Furacão 2000", juntamente com seu então marido Rômulo Costa. Após a separação, montou sua própria equipe "A Glamourosa".

Lélia Gonzalez (PT/PDT - RJ) - Favela da Praia do Pinto/RJ[editar | editar código-fonte]

Lélia Gonzalez nasceu “de Almeida”, em Belo Horizonte-MG, em 1º de fevereiro de 1935. Tinha 59 anos quando faleceu, em 10 de julho de 1994, no bairro de Santa Teresa, na cidade do Rio de Janeiro.

Quando Lélia era criança, sua família instalou-se no Rio, na favela do Pinto, bairro do Leblon, ao lado do Clube de Regatas do Flamengo. Logo depois, a família mudou-se para o subúrbio, para uma casa em Ricardo de Albuquerque.

A preocupação com os excluídos vai nortear suas campanhas para cargos públicos, em 1982 (PT, 1ª suplente como Deputada Federal) e em 1986 (PDT, suplente de Deputada Estadual), tendo como principais referências as liberdades individuais e as transformações sociais.

Monica Cunha (PSOL - RJ)/ Riachuelo/RJ[editar | editar código-fonte]

Vereadora Suplente da cidade do Rio de Janeiro, pelo PSOL, com 7253 votos. É fundadora do Movimento Moleque, tem 56 anos e foi eleita para atuar a partir do ano de 2023.

Andréia de Jesus (PT / MG) - Ribeirão das Neves - BH[editar | editar código-fonte]

Moradora de Ribeirão da Neves, Advogada Popular, Abolicionista Penal e Antirracista. Deputada Estadual reeleita PT/MG, com 51.120 votos, é Presidenta da Comissão de Direitos Humanos ALMG e vice Presidenta da comissão dos direitos de defesa da mulher, educadora infantil, feminista e mãe do Tiago.

Leninha – (PT/MG) – Montes Claros - MG[editar | editar código-fonte]

Leninha é norte-mineira, natural de Montes Claros, graduada em Biologia e Mestre em Desenvolvimento Social pela Universidade Estadual de Montes Claros. Negra, professora, feminista e lutadora. Nasceu em 17 de agosto de 1964 e tem 58 anos de idade. Foi reeleita Deputada Estadual com 65.864 votos.

Jurema Batista – (PT/RJ) – Andaraí - RJ[editar | editar código-fonte]

Jurema Batista é uma política brasileira, feminista negra e ativista pelos direitos humanos, foi eleita vereadora em 1992, 1996, 2000 e deputada estadual em 2002, do Rio de Janeiro, pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Nascida e criada na favela do Andaraí/Rio de Janeiro (em 9 de agosto de 1957), foi indicada ao Prêmio Nobel da paz em 2005.

Dandara Tonantzin - (PT/MG) - Justinópolis - BH[editar | editar código-fonte]

Dandara Tonantzin Silva Castro (Gurinhatã, 23 de janeiro de 1994) é uma pedagoga, ativista e política brasileira, filiada ao Partido dos Trabalhadores. É Deputada Federal eleita por Minas Gerais com mandato a assumir em 1.º de fevereiro de 2023. Nas eleições de 2020, candidatou-se ao cargo de vereadora em Uberlândia, vencendo com 5.237 votos, se tornando a mais votada naquela eleição. Em 2022 se candidatou a Deputada Federal, sendo reeleita com 86.034 votos.

Mandata Coletiva Pretas por Salvador - (PSOL/BA) - Salvador - BA[editar | editar código-fonte]

Integram o grupo Laina Crisóstomo, Cleide Coutinho e Gleide Davis, que chegam ao Legislativo soteropolitano com pautas que classificam como fundamentais e que se baseiam em quatro eixos principais: “mulheres, negras e negros, LGBTs e direito à cidade”. Eleitas com 3.635 votos, as três co-vereadoras vão dividir o gabinete e decidir juntas as deliberações, projetos, votos e discursos.

Mandata Coletiva Nossa Cara (PSOL/CE) - Fortaleza - CE[editar | editar código-fonte]

Adriana Gerônimo, Louise Anne de Santana e Lila M. Salu formam trio eleito em 2020, com 9.824 votos, para ocupar uma das 43 cadeiras da Câmara Municipal em Fortaleza.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Este relatório sobre favelados e faveladas utilizou como fontes um conjunto de páginas na internet que abrangem páginas oficiais dos partidos políticos, páginas das parlamentares, a Wikipedia e outros sites. A lista completa das fontes está inserida no final dos verbetes de cada parlamentar citado.

Ver também[editar | editar código-fonte]